"Você me olha
com orbes famintas
como um predador
ávido por carne fresca.
Você se aproxima e
se inclina e
quase me empurra da cadeira.
Me olha no fundo dos olhos e
começa a me devorar com
lábios e línguas.
Se satisfaz com minha carne.
Dilacera minha pele com os dentes.
Me consome com lascívia.
Então me deixa, em migalhas.
Abandona as sobras que ficaram
depois de você me mastigar e cuspir de volta
fazendo desfeita no restaurante mais caro.
Você não sabe, querido
que eu não sou de tira-gosto.
Eu sou a porra
do prato principal.
Uma qualidade que vai até o osso,
tão saborosa que nem precisa de sal.
Mas peso na língua como a certeza amarga
que você é só mais um esfomeado
que não conseguiu passar da entrada e
acabou perdendo a sobremesa.
E se você não engolir cada pedaço meu
levanta da merda da mesa
e sai da sala de jantar.
Comigo você come e raspa o prato,
se não, nem precisa se sentar.
Mas se sim, fica à vontade
nem precisa usar garfo
depois é só lamber os dedos
se lambuza do melaço.
Quando terminar, deixa que eu mando os cumprimentos ao chef.
Depois dessa refeição completa,
tenho certeza que você não esquece.
Alex
