Capítulo XXV

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P.O.V Namor

À medida que fui seguindo para o mar, meu coração estava se iluminando a mil por minuto. Aquele momento tão singelo, natural, como se fosse para acontecer, caramba, repetia-se em minha cabeça sem parar, até porque eu queria que este ocorresse inúmeras vezes mais, sem dúvida. Ao colocar o primeiro pé na água, percebi que a mesma estava quente, assim, sorri e fui para casa.

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Quando cheguei à Talokan, tudo parecia colorido, bonito. Se era meu coração aquecido por aquele mágico momento? Provável. Havia muito tempo que não me sentia tão bem. Talvez, esteja eu exagerando, mas, caro leitor, tente me compreender. Tantos anos monótonos e seguidos com somente um único propósito que, assim que algo- ou melhor, alguém- mudou meu rumo, eu passei a me sentir de uma maneira a qual nunca antes havia vivenciado. Era algo novo, inesperado, e eu ansiava para repeti-lo naquela noite.

Perdido em meus pensamentos, adentrei ao monumento central de Talokan, cumprimentando os guardas, pronto para conferir o que seriam as tarefas do dia, apesar de ter a certeza que não conseguiria fazê-las com a devida atenção. Obrigado, pequena. 

Porém, assim que estava seguindo pelos corredores, notei uma presença. Bufei com uma sincera preguiça, e virei sorrindo para minha querida prima- sim, bem ironicamente querida.

- Namora, o que me faz receber alguém tão graciosa como você?- disse com um sorriso amarelo.

- Chega, Namor. Acha que não sei do seu segredinho?- respondeu, rápida, com um tom firme na voz.

- Desculpe-me, não entendi.

- Aquela humana. Ela é perigosa, o que diabos está fazendo com ela?- gelei na hora, ela estava me seguindo, ou melhor, seguindo Camila.

Ela tem nome.- falei, imponente. Sabia que tentar desviar do assunto nada resolveria.

- Pronto, sabe até o nome dela.- passou a me olhar tentando decifrar o que eu estava escondendo- Não me diga que se afeiçoou a ela. Namor, isso é um absur...

- Não, Namora. Absurdo é você vigiar Camila. Isso sim. Ela não tem feito nada de errado contra nosso povo, logo, por que diabos arrumar briga onde não há?- comecei a erguer a voz, não sabia o porquê exatamente, mas ao falar de Camila daquele jeito, minha prima estava despertando um instinto protetor em mim antes só presenciado em relação ao meu povo.

- Namor, ela literalmente causou uma tempestade! Enquanto mal estava acordada! Quem sabe o que ela pode fazer se sequer ficar bra...

- Espera, você viu quando ela causou a tempestade?- a interrompi, uma irritabilidade crescendo no meu peito, sem pestanejar- Namora, ela passou dois dias no mar, poderia ter morrido! E você sabia- meus olhos se apertaram, encarando ferozmente os dela.

- Corrigindo, ela deveria ter morrido. E mesmo assim, acordou como se nada estivesse acontecido, não acha que isso é minimamente preocupante?- agora era a vez dela engrossar a voz.

- Como assim deveria ter morrido? Entendo nossa rixa com os humanos, mas Camila é inofensiva.

- Diga isso por si mesmo. Estou te avisando, ela pode causar coisas piores. Sei que percebeu o que aconteceu no dia da tempestade, e se fosse algo pior? Precisamos contê-la.

- Chega!- gritei sem pensar, minha voz repercutindo pelo corredor e a raiva resmungando e terrivelmente me consumindo- Não sei se entende, mas sou eu quem comanda aqui, Namora. Sei o que é bom e o que deixa de ser para Talokan. Eu estou a par sim da situação dela, e vou cuidar disso.

- Saiba que não vou tirar os olhos dela, se assim for necessário.- ela se aproximou.


Neste momento, estávamos nos encarando com uma fúria sem fim. Entendi perfeitamente sobre o que Namora estava preocupada. Contudo, meu caro leitor, eu sabia e sei que Camila não é perigosa, nunca foi e nunca será.

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O Mar de Talokan // MarvelTahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon