2 - Passado E Futuro

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— Sequer tenho um marido, Mel — comentou descontraída verificando uma das máquinas.

— O que? — Surpresa se estampou em sua face e a grávida a olhou de cima a baixo com espanto. — Eu duvido muito que uma moça tão bonita como você esteja solteira por falta de pretendentes — cruzou os braços.

Daiana riu nasalado, incomodada com o assunto.

— Acho que o amor simplesmente não é para mim, sabe? Filhos, família... — suspirou tentando não se demonstrar abalada tanto quanto estava. — Não vai acontecer.

— Você não pode prever o futuro, Daiana. Muitas coisas acontecem diferente do que planejamos, sabia?

— Ah, eu sei muito bem — se Melinda soubesse do quanto sabe... — E é justamente por isso que eu sei que essa realidade não é para mim, não importa o quanto eu queira — afastou-se para verificar outra máquina de exercícios.

— Mas não tem ninguém que tenha chamado a sua atenção? — Insistiu verificando outra máquina ao seu lado.

Daiana parou por alguns instantes, um rosto surgindo em sua mente.

Os olhos. Aqueles olhos...

Havia se passado um longo tempo desde que acordara nas margens da água gélida e calma. Ela, Steve e Sam procuraram por James Barnes, mas o homem simplesmente sumiu. Temiam que alguma parte da HYDRA tivesse prevalecido e o capturado, mas preferiam pensar que ele estava apenas assustado e perdido por aí em algum lugar, o que também não deixava de ser muito ruim.

Com a esperança um pouco menor que sua determinação, que prevalecia ainda que em um ritmo muito mais lento que o do início, Daiana sorriu pequeno para a amiga.

— Eu ainda estou procurando por ele — sua resposta tinha um significado que para ela, era diferente do que foi entendido por Melinda.

Balançou a cabeça e tentou afastar aquela conversa de seus pensamentos assim que parou em frente a porta de seu novo apartamento. Enfiou a mão dentro da bolsa e puxou as chaves.

Daiana poderia não ter uma mesa de jantar pronta na cozinha, onde ela poderia apenas largar a bolsa no sofá e ir sentar-se para comer sem se preocupar com mais nada dos trabalhos domésticos porque o marido lindo, dedicado e perfeito terminava de pôr os talheres. Poderia não ser recebida com uma miniatura sua e do homem que ama, que abandona o desenho favorito que assistia na televisão apenas para vir correndo em sua direção e prendê-la nos finos bracinhos, dizendo que sentiu a sua falta durante todo o dia.

Poderia não conhecer mais como era a sensação de ser amada ou importante para alguém, mas seus olhos marejaram de felicidade quando, ao abrir a porta, foi recebida pela mesma lealdade de um marido como o de Melina, e o amor de um filho.

— Miau — o fino miado preencheu o cômodo assim que a porta foi empurrada e uma bolinha de pelos se enroscou em suas pernas.

— Miau para você também, meu amor — trancou a porta outra vez e se abaixou para pegar Alpine no colo.

Acariciando seus pelos e deixando um beijo na felina, Daiana soube que tinha tudo o que precisava para recomeçar e ser feliz com uma vida quase normal bem alí. Tinha um emprego comum, estava melhorando suas habilidades de socialização, tinha uma amiga que a apresentou para a sua família e Pietro, filho de Melina, a adorava. E Daiana era mãe, sim. E como uma, ela viveria e morreria por Alpine.

Água e ração trocados, sentiu o cansaço daquele dia a atingir apenas quando terminou de preparar, comer e lavar a louça do jantar, trocar a caixinha de areia de Alpine, tomar um banho e finalmente se jogar no sofá de frente para a televisão. O clima tranquilo de antes é tomado por preocupação quando ao parar no noticiário, imagens de um recente ataque na Nigéria está rodando o mundo e culpando os Vingadores por tantas mortes de inocentes.

𝐃𝐞𝐬𝐞𝐧𝐜𝐨𝐧𝐭𝐫𝐨𝐬 | 𝙱𝚞𝚌𝚔𝚢 𝙱𝚊𝚛𝚗𝚎𝚜Where stories live. Discover now