Nunca havia visto um helicóptero tão grande. Ele era prata e verde, com a sigla C.U.F.A em destaque. Sem dúvida alguma era o resgate. Quando a aeronave chegou mais perto consegui ver, Marcos André parecia não estar lá.

Pousando um pouco a frente em uma área apropriada, dois homens desceram do helicóptero. Todos corremos até lá, Bruno e Michele ajudando Torres a se locomover pela precariedade de sua saúde. O homem era alto e forte, negro com uma feição de autoridade, devidamente uniformizado com uma vestimenta prata e verde. Em seu crachá o nome "Mauro" era o destaque. Já o rapaz do seu lado era jovem, vestia a mesma roupa que o maior, seus cabelos raspados e seu nome levado no peito, Raphael.

— Somos da Base Ita.600, viemos a pedido do Soldado Marcos André.

— Ele está bem? — Perguntei assim que me deparei com eles.

— Rapaz, ele está em confronto, as forças Zoens aumentaram e ainda não conseguimos achar uma forma de destruir a barreira que eles emitem em seu exterior. — Bruno então deu a voz, mostrando uma carteira de identificação para os dois homens.

— Meu nome é Bruno Village, sou o médico cientista da base Ama.590, acredito que sabem quem sou.

— Doutor Bruno, achamos que estava morto, é uma notícia ótima. — Falou Raphael, ajudando a pegar Torres com os braços.

— Só me digam uma coisa, a Doutora Júlia está em Itapecerica?

— Sim. — Falou o homem mais alto, — a situação do nosso Planeta é extrema, infelizmente a destruição da metrópole não foi suficiente, o Brasil foi afetado pelos Zoens durante esses dias e outros Países estão sendo atacados, há cada segundo mais mortes são confirmadas.

— Não pode ser. — Vociferei, — e o que é este frio intenso? — O mais jovem e menor indagou levando Torres para o helicóptero, enquanto o PM gemia de dor.

— Mudanças ocorreram na Atmosfera da Terra por eles estarem lá em cima, de alguma forma as nuvens que não somem mudaram o rumo meteorológico. Rios estão secando, árvores e plantas estão morrendo e o frio é apenas o começo. O Planeta Terra está entrando em um apocalipse mortal, o motivo de não caírem mais esferas mesmo com a abdução, é que o combate lá em cima deve estar feroz.

— Desculpem jogar assim na cara de vocês a nossa situação, sei que passaram por tempos terríveis aqui fora, mas está na hora de todos embarcarem. — Michele, Bruno, Torres e Clarice entraram.

— Eu não vou!

— E eu também vou ficar. — Léo confirmou, enquanto Caroline se despedia de Léo.

— Como não vão? — Diz o homem.

— Tenho que procurar uma pessoa.

— Como queiram, mas seu primo não gostará nada disso Nicolas. — Mauro jogou uma mochila para mim e deu uma piscadela, agarrei e retribui com um ar de parceria. Balancei a cabeça enquanto me despedia da minha irmã que chorou em desespero ao me ver não entrar naquele helicóptero.

— Calma Clarice, vou voltar. Juro que eu e Léo vamos voltar.

— Mas o que vou falar para a nossa Mãe.

— Diga que a amamos muito e que estamos ajudando pessoas, ela vai gostar de saber que Léo é um homem agora.

— Eu Te amo meus irmãos, não quero perder vocês.

— Não vai minha irmã, não vai... — Torres palidecido e febril esticou a única mão que tinha e direcionou em meu rosto.

— Obrigado rapaz, e venha logo atrás de nós, desculpe não puder ficar. — Uma lágrima caiu de meus olhos, larguei Torres sem dizer nenhuma palavra. Caroline subiu e nos afastamos do helicóptero para ele dar voo. A felicidade invadiu meu corpo e não sentia absolutamente nada. Apenas vontade de encontrar Luiza e ir para o abrigo de alguma maneira. Escutei uma voz fraca de cima gritar, - Voltaremos para buscar vocês. - Sabia que tínhamos uma chance de encontrar essas pessoas novamente, minha família. Isso é o que importa agora, que tenho uma nova família que cuida de mim, que quer me ver bem, vou vencer por eles, vou conseguir. Eles sumiram em meio ao horizonte, e minha preocupação voltou aos escombros do lugar destruído.

Livro I - Nuvens de SangueWhere stories live. Discover now