80 - Sombras do Passado part 2

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- Uau! - Emma exclamou com o cenho franzido e uma sobrancelha arqueada de olhos arregalados. - Você é o que...advogada?  - debochou.

Belle ergueu o queixo e se aproximou estendendo a mão.

- Essa é a Dra. Isabelle French, advogada da Vara da Infância e Juventude. - Zelena diz com orgulho  e no mesmo momento Emma se choca e cora por sua ignorância, apertando a mão da mais baixa, meio sem jeito. Todas gargalham do seu desconcerto.

- É...bem, d-desculpe. - sorriu sem graça ainda constrangida. - Então você pode nos ajudar? - perguntou eufórica. Belle notou um brilho no olhar que ela conhecia muito bem. Era um brilho materno que transparecia amor.

- Não tenha dúvidas disso! - a confiança emitida na voz da advogada fez com que Emma se sentisse segura.

Ficou decidido que o casal iria ao Sírio Libanês, mas que ainda não pudesse ter contato com Regina, pois Cora ainda iria prepará-la para a novidade.
No caminho para o hospital as três mulheres foram se conhecendo um pouco mais e Belle se interessou pela história de Luna. Ao chegarem, Zelena e sua companheira se preparavam para ir em direção a ala obstétrica do hospital, quando Emma as chamou.

- O que acham de almoçar lá em casa amanhã? - sugeriu animada. - Assim poderemos nos conhecer melhor. - esperava a resposta das mulheres que se olharam sorridentes e assentiram

- Seria perfeito! Estaremos lá! - Zelena garantiu.

               ☆☆♤☆☆

David acompanhava os cuidados com Regina que se encontrava debruçada sobre um balde, as náuseas causadas pelas medicações a afetaram  fortemente. A morena orava a Deus para que pudesse ser curada, pois não suportava mais passar por essas sessões sofridas de quimioterapia.
A enfermeira a deitou cuidadosamente na cama e a limpou. David sentia seu coração partir por ver sua nora assim.

- Calma, querida. Só mais um pouco, prometo que quando você estiver curada nunca mais precisará passar por isso outra vez! - garantiu.

- Não aguento mais isso, David...não aguento! - seu rosto estava banhado em lágrimas e a voz falha pela fraqueza de seu corpo. O médico queria poder abraçá-la, mas não podia. Ministrou um calmante e entregou a enfermeira que aplicou no braço da morena, logo ela dormiria para descansar depois daquele exaustivo dia.
Minutos depois Regina ressonava tranquilamente quando Emma chegou em seu quarto. David se preparava para sair e ao abrir a porta encontrou a loira.

- Filha! - disse com a voz cansada, mas feliz em vê-la.

- Oi! - o cumprimenta com um beijo no rosto. - E então, como ela está? - falava baixo por ter visto que Regina dormia.

- Estável...há alguns minutos terminamos de ministrar mais um coquetel. Ela está descansando, fraca, mas está bem. - sorriu 

- Que bom saber que ela está bem. Bom, já que ela dorme, vou dá uma olhada em Luna, saudade da minha menina. - o sorriso no rosto da loira era sempre largo e terno quando falava da garota. David via o quão cada dia mais Emma se apegava a ela.

-  Certo, qualquer coisa mandem me chamar. - Emma assentiu deixando um beijo na testa de Regina e saiu para o corredor que leva ao quarto de Luna. Ela pára ao ver Killian. O homem estava parado um pouco a frente do quarto, falava ao telefone e parecia irritado. Como estava de costas não notou a aproximação da loira, que fechava cada vez mais seu semblante pelo conteúdo da conversa.

- Já decidi, Milah! - disse inquisitivo. - Iremos devolvê-la! Essa garota só nos causou prejuízo...Sim, posso e vou fazer isso! Amanhã mesmo entrarei em contato com a instituição. Não quero uma doente na nossa casa e nem nas nossas vidas…

Emma não aguentava mais ouvir aquelas palavras ditas com desprezo vindas daquele homem, o que a impulsionou a se aproximar com rapidez, o virando pelo ombro e prensando-o contra a parede, levando seu braço ao pescoço dele. Killian deixou o celular cair com o susto e se apavorou ao ver a raiva nos olhos da loira não entendendo nada do que estava acontecendo.

-   Ficou maluca? - falou com a voz meio esganiçada pela pressão do braço da loira.

- Você é desprezível! - Emma rosnava. - Como consegue se olhar no espelho e não se assustar com essa alma podre que você tem? ELA É SÓ UMA CRIANÇA! - gritou, perdendo o controle.

No quarto Luna acordou com a movimentação e o baque que ouviu na parede, mas o que a despertou completamente foi o grito descontrolado da voz que ela reconhecia bem.

- Ah é isso… - respondeu e soltou um riso debochado. - Nunca te ensinaram que é feio ouvir conversa alheia?

- Fui muito bem educada e uma coisa que garanto que tenho é caráter. Coisa que você nem deve saber o real significado! - soltou-o bruscamente. Sua respiração era pesada, descompassada. - Você tem noção do dano que irá causar se devolvê-la? Consegue imaginar o quanto ela vai sofrer por, além de achar que é um peso por estar doente, saber que você quebrou a confiança dela?

- Sinto muito, queridinha, mas acho que isso não lhe diz respeito. Você não sabe nada, essa garota em breve irá bater as botas e quem vai arcar com os gastos, você? Ela é um peso morto e você não deveria se intrometer no que não te interessa, ou então…

- Ou então o que?

Ele se cala e olha em direção a porta do quarto. Luna ouvira tudo o que foi dito, cada palavra. Cada frase jogada ao ar e era sobre ela. Emma gelou ao seguir o olhar do homem e ouvir a voz da menina.

- Eu sabia que você nunca me amou! Que só a Milah se importou comigo...Se não me amava, por que me adotou? - disse com raiva por ter que ouvir tudo aquilo. - Isso não é o verdadeiro amor de um pai. - as lágrimas escorriam com muita força de seus olhos já vermelhos, seu corpo inteiro estremeceu ao ver os olhos do homem a frente e estava bastante entristecida por Emma estar presenciando um momento tão delicado e doloroso para si. - Você podia ter me deixado lá, já que não me queria. Pelo menos eu poderia ter encontrado pessoas que realmente me amariam e cuidariam de mim até eu bater as botas! - repetiu a frase do homem, sem conseguir parar de chorar. Se pudesse apagar as palavras de sua mente, seriam unicamente aquelas que tão apertavam o seu coração e fazia um bolo pesar na garganta, dando vontade de vomitar.

- Eu dei muito de mim para você, Luna! Todo o seu tratamento me custou caro, então não seja ingrata! - Emma virou-se para ele sem acreditar no que ouvira. Não sabia se arrebentava Killian de vez ou se dedicava a atenção a menina.

- E eu sou muito grata por vocês me ajudarem, mas não é só isso! É amor, entende? Nenhum dinheiro comprará a única coisa que eu mais preciso nesse momento, que estou tentando ser forte! A única coisa que eu desejei de vocês. Nunca me importou os bens, mas o amor e carinho que eu achei que receberia finalmente depois de muito tempo desejando um lar! - disse alto até demais, deixando Killian sem saber o que dizer. - Ser pai não é só dar o que o filho precisa, é estar junto, desde um ralar de joelhos até uma doença como a minha. Mas sabe, me devolva então. Eu não preciso de mais negatividade em cima de mim. Já estou passando por muita coisa…- olhou rapidamente para Emma e mordeu os lábios com bastante força.

Seu coração que só precisava de amor e força, muito mais naquele momento, estava destruído e jogado em pedacinhos ao chão. Killian havia pisado nele com muita brutalidade. Sentia seu corpo tremer e a força nas pernas parecia ter esvaído. Queria chorar fortemente e sozinha por sentir-se abandonada. Não entendia como alguém poderia ser tão cruelmente frio como Killian estava sendo, depois de tudo o que passara até chegar onde estava. Luna não conseguia se ver sozinha, precisava de ajuda e querendo ou não, Milah e Killian eram até então os únicos, mas não estavam dispostos a estar consigo até o fim, como prometeram. Aliás, quem desejaria uma criança doente em sua idade? Pensou e sentiu-se tola por achar que eles realmente ficariam ao seu lado como assistia Emma ao lado de Regina. Elas sim seriam boas mães.

Sentiu tudo a volta girar, a visão escureceu e forçou-se a segurar firme em algo próximo, mas estava muito emotiva. Não conseguia controlar as emoções e o seu coração batia tão rápido que parecia escapar pela boca. Então, sem forças, seu corpo amoleceu. E antes que pudesse ir ao chão, juntar-se aos pedaços do seu coração, sentiu alguém socorrendo-a.

Além do TempoWhere stories live. Discover now