Capítulo 6

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O tempo estava fechado quando eu cheguei na escola mais tarde. Eu não havia levado sombrinha, mas também não me importava. Desde pequena, tomar banho na chuva era incrivelmente agradável para mim, e eu me lembrava de várias ocasiões em que havia feito isso com meu pai.

Andei pelo corredor da escola até minha sala sem pressa, com os pensamentos vagando entre Nicolas e Diogo. Qual seria a ligação entre eles?

Me sentei isolada como de costume e mal prestei atenção nas aulas. No recreio, continuei sentada e lancei olhares para a porta várias vezes, porém ninguém entrou por ela. Diogo com toda a certeza não queria mais falar comigo.

O recreio acabou e mais duas aulas se sucederam depois dele. Eu não conseguia afastar a imagem de Nicolas e Diogo da minha mente por mais que eu tentasse, e era óbvio que eu não conseguia prestar atenção nas aulas.

Quando enfim o sinal bateu anunciando o fim daquela tortura, eu guardei meus materiais na mochila, a dependurei no ombro e saí.

A noite havia chegado rápido e a chuva caia ensopando a roupa dos alunos que, assim como eu, não haviam levado sombrinha.

Alguns tentavam se esconder debaixo da mochila ou fichário, mas não tinham muito sucesso e acabavam xingando qualquer coisa enquanto corriam para lugares protegidos.

Eu sorri e estava prestes a sair pelo portão da escola quando o vi.
Diogo estava correndo na garagem em direção a um dos carros.

Meu coração acelerou de repente e minha respiração ficou irregular. Eu precisava falar com ele por vários motivos. Eu queria saber qual era sua ligação com Nicolas, queria ouvir sua voz, e acima de tudo, queria simplesmente estar perto dele.

Antes que eu pudesse pensar em qualquer coisa, meus pés começaram a se mover na direção dele e eu estava correndo na chuva para alcançá-lo. Tentei me convencer de que isso não era nada demais. Eu só o perguntaria se ele e Nicolas eram parentes próximos. Queria acabar com aquela curiosidade, e então...

Bem, e então ele seguiria a vida dele e eu seguiria a minha.

Nossa conversa não poderia durar mais de dois minutos. Não havia nada de errado com isso.

- Diogo! - Eu o alcancei exatamente no momento em que ele abriu a porta do carro.

Ele se virou para mim e eu pensei em ter visto um relampejo de surpresa em seus olhos, mas não tinha certeza. A noite e a chuva dificultavam a minha visão.

- Sim? - Ele disse depois de fechar a porta do carro novamente e se virar completamente para mim.

A chuva fazia com que sua camisa colasse no corpo e molhava seu cabelo, escorrendo pelo seu rosto. Tanto eu quanto ele estávamos completamente molhados.

- Eu... - Eu comecei a dizer mas as palavras fugiam de mim. Era difícil me concentrar sob a intensidade do olhar dele. Era difícil me concentrar quando eu estava perto dele, ponto.

- Você...? - Ele inclinou a cabeça para o lado.

- Eu queria saber se o convite que você me fez quarta feira ainda está de pé. - Eu disse antes de pensar como se estivesse sob o efeito de alguma droga.

"O que? De onde saiu isso? Não era isso que eu precisava falar... merda!"

Abri a boca para consertar meu erro, mas Diogo foi mais rápido que eu.

Seu sorriso fez com que rodos os músculos abaixo da minha barriga se contorcessem.

- Eu estava esperando por isso. - Disse. - Será um prazer, baby.

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