Morph

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Dahyun terminava de avaliar algumas atividades que havia passado mais cedo para as crianças quando ouviu seu estômago roncar alto, clamando por comida. Já eram quase dez e meia da manhã quando a professora parou para comer alguma coisa, e por ainda se tratar do intervalo das crianças, a coreana aproveitou para comer o sanduíche natural que estava acostumada a comprar, antes de voltar para a sala de aula.

A sala dos professores estava mais cheia e animada do que o comum naquela manhã, devido a entrada dos novos lecionadores para os clubes de atividades extracurriculares.

A ideia das crianças participarem de clubes foi votada a favor pela maioria dos professores ali presente, mas Dahyun ainda sentia uma pequena pulga atrás da orelha a incomodar quanto a competitividade que aquilo poderia gerar entre os mais novos.

Sim, ela sabia que era normal e um processo natural na infância, mas a partir do momento que deixava de ser algo para se motivar e ganhar confiança, e se tornava algo para se sentir superior ou não aprender a perder, isso acabava ultrapassando os limites entre a competitividade saudável e a competitividade tóxica.

Dahyun apenas queria que os baixinhos entendessem que a empatia, cooperação e respeito deveriam ser postos em primeiro lugar. E bom, eram crianças... e nem todas sabiam lidar da mesma maneira com certas emoções.

Nos últimos dias a professora vinha incentivando cada vez mais campanhas anti bullying na escola e principalmente entre seus alunos. Estava claro o quão aquele problema vinha crescendo e impactando cada vez mais a vida dos pequenos e por isso, ela fazia o que estava ao seu alcance para educar as crianças quanto aquilo.

Infelizmente os que mais davam trabalho quanto a esse problema eram os mesmos que possuíam pais que não se importavam o suficiente para visualizar uma melhora. Muitas das vezes sequer iam às reuniões que eram marcadas para falarem sobre o assunto e uma possível mudança de comportamento, o que acabava dificultando bastante as coisas.

Antes mesmo de Seoyeon citar o nome de quem havia trancado Daiki naquela minúscula dispensa, Dahyun já tinha uma certa ideia de que provavelmente se tratava de Min Jiwon. Apesar da pouquíssima idade, o jovem garoto carregava em seu histórico advertências que envolvia desde racismo e xenofobia até agressão física a alguns colegas.

Há alguns dias ela vinha entrando em contato com o pai do garoto -que aparentemente era o único familiar cadastrado na ficha do mesmo-, mas o homem do outro lado da linha sempre dava alguma desculpa para não comparecer ou faltar nos dias em que marcava reuniões para falarem a respeito.

Min Do-yun era um político considerado importante na região, e se Dahyun se lembrava bem, ele também estava cadastrado como um dos pais autorizados a participar do conselho do lugar, devido a suas generosas doações para a escola.

Tudo isso e mais algumas informações que havia reunido sobre o homem apenas dificultavam o processo de aprendizado e melhoria do outro aluno, onde a Kim enxergava sim esperança para uma mudança no comportamento do Min mais novo. Afinal, era melhor tomar medidas agora enquanto criança do que deixá-lo virar um possível adulto problemático, certo?

Mas aparentemente não era isso que o pai do mesmo pensava.

Enquanto Dahyun divagava sobre o assunto que parecia longe de se encerrar, o celular que até então pensava estar no silencioso fez um barulho alto ao notificar uma nova mensagem. A Kim pôde sentir o próprio coração disparar ao imaginar quem poderia ter lhe chamado, e em menos de meio segundo ela já desbloqueava o aparelho.

No início daquela manhã, a coreana havia criado coragem para chamar Kim Sana para sair para um passeio no dia seguinte, mas a demora na resposta da japonesa a deixava cada vez mais tensa e ansiosa. Estaria ela se precipitando novamente? Dahyun deixou que o pensamento negativo de repente a invadisse.

A professora do meu filho - SaiDahMo (samo,dahmo,saida)Onde histórias criam vida. Descubra agora