Capítulo 01- Gritos na Escuridão pt1

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Cluj-Napoca - Romênia



Gritos arrebatadores tomaram conta da úmida rua mais escura de toda cidade de Cluj-Napoca.


Um homem parado em uma praça, que dava de frente para aquela rua, estava com os olhos fixos na escuridão que surgira de repente, sempre naquele horário. Seu corpo todo se arrepiou em um misto de desespero e fúria, ele sabia que o dono dos gritos jamais seria encontrado, seja lá o que surgia na escuridão, dentro de minutos não restaria mais nada.


Se encolhendo, ele tentou permanecer oculto atrás de um poste, e com os olhos ainda na escuridão da rua, ele tentou avistar qualquer coisa.


Os gritos prosseguiram por vários minutos, juntos de suplicas por piedade e sons de ossos se quebrando, nenhuma pessoa estava dormindo nas redondezas, todos sabiam o que estava acontecendo naquela rua, e permaneciam em casa, desesperados, completamente impotentes.


A policia já havia sido avisada, mas nem mesmo ela, era capaz de decifrar a criatura sanguinária que não deixava nada alem de um rastro de sangue no chão.


Por um instante tudo ficou no mais completo silencio, e os moradores da cidade prenderam a respiração, as suplicas não haviam resultado em nada, as pessoas começaram a encostar os ouvidos nas paredes de suas casas, a procura de qualquer mínimo ruído que provasse que o homem ainda estava vivo.


Nenhum som de esperança foi emitido. O silencio se tornou incomodo.


Um senhor de idade avançada, avaliava minuciosamente tudo por uma ruptura em sua janela, que ele mesmo havia feito cuidadosamente para enxergar aquela tão misteriosa rua.


Mas nem ele, nem nenhum outro morador da cidade pode realmente enxergar nada.


O silencio permaneceu por insuportáveis cinco minutos, minutos em que ninguém respirou, ou se moveu. Então um suave som de bater de botas de couro para a parte leste da cidade soou, a luz do poste se acendeu iluminando a rua, e apesar dos olhos atentos, ninguém avistou nada alem da rua deserta e manchada de sangue.


Como em todas as outras vezes, o assassino permanecera entre as sombras.



Ao raiar do sol, uma mulher bem jovem de longos cabelos ruivos um tanto desbotados e mal tratados, corria pelas ruas dizendo a todos que seu marido havia saído na noite anterior e ate então não havia retornado para casa. Muito desesperada, ela perguntava se alguém saberia do paradeiro de seu marido, mas a resposta era sempre negativa, e apesar de não verbalizarem, eles já imaginavam que havia sido ele o homem dos gritos na noite anterior.


A mulher continuou percorrendo a cidade, ate que parou abruptamente diante de uma mulher cujo rosto não lhe era nada familiar, nem a ela nem a ninguém daquela pequena cidadezinha.


Todos voltaram os olhos sobre aquela misteriosa recém chegada, alguns disfarçavam se fingindo de desinteressados, outros não se importavam que a mulher percebesse que eles a encaravam.


Ela possuía longos cabelos negros, tão lisos e brilhosos quanto á cauda de um cavalo bem tratado, olhos grandes e muito bem desenhados, negros como a noite mais escura, porem sem expressão alguma. Havia um misto de maldade, sofrimento e rancor em sua face. Seus lábios eram rosados e carnudos, e seu nariz parecia ter sido esculpido pelo melhor artista.


Sua postura demonstrava frieza e desprezo, a cada passo que ela dava era como se estivesse a caminho de uma batalha, ela passou por todos sem cordialidade alguma. Suas roupas também eram muito diferentes das usadas pelas moças da cidade, ela trajava um espartilho que realçava ainda mais cada curva perfeita de seu corpo. Sua calça era de couro, preta e muito justa, nos pés havia um par de botas de salto fino e cano longo. Não havia nenhuma outra cor em suas vestes que não fosse o negro, o que só a deixava mais intrigante.

O Enigma da Mamba NegraOnde histórias criam vida. Descubra agora