NUMBERS: My One and Only | YOONMIN

02. noventa e sete países

Encontrou um pequeno bistrô que parecia perfeito para iniciar sua aventura e se sentou na varanda, enquanto tomava sua clássica xícara de café acompanhado por alguns bolinhos gentilmente sugeridos pela atendente. Abriu seu caderno e rabiscou algumas palavras soltas. Ainda não se sentia inspirado o suficiente para escrever qualquer coisa, o que o fez bufar frustrado, mas chegou à conclusão de que ainda estava muito cedo para isso. Certo? Havia acabado de chegar e, apesar de Aurost ser um pedacinho do céu na terra, cenários não faziam histórias sozinhos.

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Olhou as horas em seu relógio de pulso e percebeu que precisava se apressar caso quisesse seguir a programação montada mais cedo de forma improvisada. Pagou a conta, juntou seus pertences e saiu apressado na direção que alguns moradores locais indicaram ser o ponto para pegar o bondinho que cruzava a cidade.

Estava quase chegando quando avistou o veículo começando a se afastar.

— Dá pra alcançar — murmurou consigo mesmo, começando a correr para subir no bondinho em movimento, sem prestar atenção em mais nada no caminho.

Aparentemente, não foi o único a se aventurar naquele momento porque segundos antes de alcançar uma das barras da entrada do bondinho, trombou com outra pessoa, o que resultou nos dois rolando pelo chão e perdendo a viagem.

Yoongi sentiu um líquido quente molhar sua mão e ergueu o rosto preocupado, olhando ao redor. Não podia ter causado um acidente fatal logo no primeiro dia de viagem, Namjoon teria um treco do outro lado do oceano. Respirou fundo quando não avistou nada além de um copo de café derramado no chão próximo a um rapaz de cabelos castanhos que estava deitado de barriga para cima, rindo baixo enquanto observava o céu.

— Nossa, me desculpa! Juro que não foi por querer! — se sentou ainda observando o rapaz cuja reação era, no mínimo, intrigante — Eu tava correndo pra tentar pegar o bondinho e não vi você vindo...

— Tá tudo bem, isso acontece. Eu também não vi você vindo, então acho que sou tão culpado quanto — o rapaz respondeu ainda entre algumas risadas, sem olhar para o Min.

— Você, hm, tá bem? — o loiro franziu as sobrancelhas, preocupado que a queda pudesse ter afetado o cérebro do rapaz risonho.

— Tô sim, e você?

— Tô, acho que só ralei um pouco o cotovelo.

— Que bom! Não que você tenha ralado o cotovelo, quero dizer, mas que não teve nenhum machucado mais sério — o rapaz finalmente encarou Yoongi, mas seu sorriso era tão grande que fazia seus olhos praticamente desaparecerem, transformando-os em duas meias luas.

Yoongi sorriu de volta, sem nem ao menos perceber. Não era uma pessoa antipática, mas não sorria com tanta frequência, principalmente para desconhecidos. Por causa da timidez, sempre foi alguém cheio de ressalvas quando se tratava de lidar com outros seres humanos e, apesar do avanço de sua carreira como escritor ter ajudado a vencer muitos hábitos antigos, alguns deles eram difíceis de abandonar. Principalmente quando se era alguém mundialmente famoso.

O Min se colocou de pé e vendo que o de fios castanhos continuava deitado no chão, lhe ofereceu a mão para ajudá-lo a se levantar.

— O céu tá muito bonito hoje, valeu a pena ter caído aqui — disse um tempo depois, aceitando a ajuda e se apoiando na mão do loiro para erguer o próprio corpo. Limpou as roupas em seguida, despreocupadamente — Talvez eu não tivesse reparado nessa beleza toda hoje se isso não tivesse acontecido.

— É a primeira vez que vejo alguém feliz por perder o transporte, cair no meio da rua e ficar ensopado de café — Yoongi riu.

— A gente precisa tentar ver o lado bom de tudo, né? Senão a vida fica muito difícil de suportar.