19 - 𝐏𝐫𝐢𝐦𝐞𝐢𝐫𝐨𝐬 𝐞𝐧𝐜𝐨𝐧𝐭𝐫𝐨𝐬

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Mesmo assim, eu me olhei mais uma vez no espelho do corredor. E espalhei um pouco mais o blush, o perfume também.

Depois bati a porta e corri pela entrada da garagem até o meio-fio onde Cam estava parando. Estava olhando a rua da janela do meu quarto, portanto vi o momento exato em que ele apareceu, para ele não ter que entrar e conhecer minha mãe.

Entrei no carro dele.

"Oi" disse.

"Oi. Eu teria tocado a campainha" disse ele.

"Confie em mim, assim é melhor" respondi, de repente me sentindo muito tímida. Como é possível falar com alguém ao telefone durante horas e horas, até nadar com essa pessoa, depois sentir como se não a conhecesse?

"Esse cara, Kinsey, ele é meio estranho, mas é legal" disse Thomas, ao dar marcha à ré e sair da entrada da garagem. Era um bom motorista, prestava muita atenção ao dirigir.

"Ele por acaso vende metanfetamina?" Perguntei bem naturalmente

"Hum, não que eu saiba" disse ele, sorrindo. Sua bochecha direita tinha uma covinha que eu não tinha notado na noite anterior. Era bonitinha. Fiquei mais tranquila. Agora que já tínhamos esclarecido o problema da metanfetamina, só precisava fazer mais uma coisa. Girando a pulseira que trazia no pulso sem parar.

"Sabe os caras que tinham me trazido naquele dia da fogueira? Jeremiah e Conrad?"

"Seus irmãos postiços?"

"É. Acho que eles vão passar na festa também. Eles conhecem... hã... Kinsey."

"Ah, é mesmo?" disse ele. "Valeu. Talvez eles se convençam de que eu não sou um maluco qualquer."

"Eles não acham que você é maluco" falei. "Quero dizer, acham, um pouco, mas acham que qualquer cara com quem eu fale é um maluco, portanto não é nada pessoal."

"Eles devem mesmo gostar muito de você, para serem protetores assim" disse Thomas.

Será que gostavam mesmo?

"Hum, nem tanto. Bem, Jeremiah gosta de mim, sim, mas Conrad só quer saber de cumprir seu dever. Ou pelo menos era assim antes. Ele deve ter sido um samurai em outra vida." Olhei para o Thomas de relance. "Desculpe. Estou te entediando?"

"Não, continua" disse Cam. "Como sabe o que são samurais?"

Dobrando as pernas e sentando-me sobre elas, comecei.

"A aula de estudos internacionais da Srta. Baskerville no primeiro ano do ensino médio. Passamos uma unidade inteira estudando o Japão e o código de honra dos samurais. Eu vivia obcecada com aquela coisa do haraquiri."

"Meu pai é parte japonês mas minha mãe é irlandesa" disse ele. "Minha avó mora no Japão, e por isso vamos lá visitá-la uma vez por ano.

"Puxa vida." Eu nunca tinha ido ao Japão, nem nenhum país da Ásia. As viagens da mamãe também não chegaram até lá, embora eu soubesse que ela queria ir. "Você fala japonês ou irlandês?"

"Um pouquinho"  disse ele, esfregando o alto da cabeça. "Eu me viro."

"Então fala Inglês e Irlandês, Japonês? Impressionante. Você é uma espécie de gênio, não é?" provoquei.

"É acho que sim" ele sorriu 

"Eu falo a língua do P" 

"Aé? Mostra aí" ele riu 

"Peu pacho pocê pum poce" eu falei entre os risos 

Quando paramos na casa do tal do Kinsey, não senti vontade de sair do carro. Adorava a sensação de estar conversando e ter uma pessoa realmente interessada no que eu tinha a dizer. Era como uma espécie de viagem, ou coisa assim. De um jeito estranho, me sentia poderosa.

𝐒𝐔𝐍𝐒𝐇𝐈𝐍𝐄 - 𝐂𝐎𝐍𝐑𝐀𝐃 𝐅./𝐉𝐄𝐑𝐄𝐌𝐈𝐀𝐇 𝐅Where stories live. Discover now