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Sou Feito De Ácido.

"Parece que está no meu sangue
quando respinga, machuca
líquido filho da puta
destrói tudo ao meu redor.
Tenho que fingir ser feito de açúcar
porque eu por mim mesmo não basto.
A cada colherada eu me desgasto,
salguei esse café, acho que confundi os copos com os pratos.
E num prato,
Meu coração, faminto de amor
pulsa veneno nas veias
tem pressa de devorar a carne
não entende como se gosta
cada entranha grita pra correr e fechar a porta.
A proximidade é peçonhenta
meu próprio corpo rejeita o carinho
me auto-saboto, me auto-derroto
esmurro ao chão o amor que me oferecem.
Com uma gota do mesmo sangue que me mantém vivo
enveneno cada alma que ousa se aproximar.
É questão de tempo até eu rachar,
até eu quebrar,
até eu cair.
Sem querer deixo sair
sem querer deixo vazar a essência
um pouco de mim escorre
um pouco de mim morre
um pouco de mim queima
porque outra vez bastou uma centelha
pra tirar tudo que construí.
E a culpa? A culpa é minha, que deixei.
Permiti que um pedaço meu caísse
quem me dera eu me visse,
eu mesmo cuspo nessa terra
cada dia me enterra,
nada consigo ter
nada consigo manter.
Meu corpo vomita essa agonia
em lapis papel e poesia
o grito que esvazia
me pune por ser quem sou arrancando de mim o que uma vez amei.
Eu sou minha própria maldição."

Alex.

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