Capítulo 2

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Primeiro "dia de aula"...

Foi como Marília passou a chamar os encontros que teria com Maraísa. A morena pareceu estar muito nervosa, mas não rolou nada além de conversa e passeios. Ela afirmou que aquilo era o mesmo que reconhecimento de terreno, elas precisavam se conhecer intimamente.

- Tenho fama, Maraísa, e minha fama por muitas vezes se tornou implacável com as mulheres que eu saía, portanto para sua preservação, seria melhor se assumíssemos algum tipo de relacionamento, mesmo que de fachada. Creio que não vá gostar de ficar conhecida como "mais uma da Mendonça". - Ela riu pelo nariz.

- Prefiro ficar conhecida como sua amante do que como "A chifruda da Marília" - A loira gargalhou.

- Não leve tão a sério o que as pessoas falam sobre mim, Mara, não sou a piranha que me pintam, você sabe.

- Então por que se preocupa assim com minha reputação?

- Apenas por que palavras tem peso. Fora isso, neste dois meses que estivermos juntas serei apenas sua, portanto, não correrá este tipo de risco. - Maraísa sorriu.

- Hora de experimentar o primeiro passo das aulas Srta. Pereira.

- E qual seria? - Perguntou curiosa. - O beijo.

Marília disse segundos antes de tomá-la e beijá-la intensamente. Maraísa ficou em choque com o primeiro beijo que recebeu. A loira era intensa, possessiva, e conseguiu lhe tirar o ar em segundos. Foi impossível não comparar ao beijo de Luísa, que era sempre tão igual, cadenciado e repetitivo.

Perdendo a capacidade de pensar, ela a enlaçou pelo pescoço e devolveu o beijo com avidez.

- Lição número um: A entrega é o prenúncio do prazer. - ela disse com a voz rouca e sensual. - Esse beijo foi magnifico, imagino como será no auge da entrega. - A loira disse ainda a centímetros do rosto da outra.

Ela corou.

- Terá de tentar não ficar envergonhada comigo, Pereira, deixe as coisas fluirem. Sei que não me ama, mas sente algo por mim? - Ela a questionou.

- Bom...eu...Claro que sim, eu não... Não pensaria em você se não... - Se não me desejasse? - Mendonça completou e morena afirmou. - Me deseja há muito tempo? - Ela corou mais ainda.

- Sim, há algum tempo. Você sabe que é uma mulher desejável.

- Me desejava quando estava com sua ex? - Perguntou direta. Maraísa abriu e fechou a boca algumas vezes procurando palavras. - Uma mulher tem direito a fantasias, o que está tentando fazer? Me deixar mais envergonhada?

- Não, apenas desejava inflar meu ego já enorme. - Marília riu. - Ora vamos, Mara, não fique assim. Sei que jamais trairia sua namorada. - riu novamente de forma divertida.

- Está tudo bem. Quando pretende...Quando vamos iniciar... - Perguntou apreensiva.

- Está assim tão ansiosa? - Ela brincou mas mudou logo a conversa após ver a expressão de Maraísa - Desculpa, é brincadeira. Não estipularemos uma data para isso, ocorrerá naturalmente.

- Mas só temos dois meses e se não der tempo de...

- É tempo suficiente - ela disse e a voz se tornou mais sensual - Relaxa, pequena.

A morena só conseguiu sorrir..

[...]

A semana se passou e cada dia Maraísa ficava mais intrigada. Marília apenas a beijava em seus encontros. Certo que os beijos estavam cada vez mais intensos, e ela sempre a levava as alturas com os lábios, mas não passavam daquilo.

Ela não a tocava ou tentava tocar, não insinuava nada, não a convidava para a casa dela, nada que indicasse que teriam sexo. A morena ficava cada vez mais tensa sobre quando iniciariam de fato as aulas sobre as quais falaram.

[...]

Era domingo, estavam voltando de um show. Maraísa estava meio alta pelos chopps e cervejas que havia tomado. Marília era uma companhia adorável, sabia fazer rir como também sabia ouvir nos momentos certos.

- A regra numero dois diz: Confie em mim. - disse olhando para a mulher bêbada no banco do carona. - Não disse que não confiava em você, apenas quero saber para onde estamos indo.

-Vai para o céu, simples assim...

Foi tudo o que ela disse. Maraísa não a questionou mais, apenas recostou o rosto ao vidro do carro e observou a paisagem.

O carro esporte de Marília  diminuiu a velocidade e entrou no estacionamento de um prédio de frente pro mar em Angra dos Reis.

- Onde estamos? - Ela indagou.

- É hora da minha mulher conhecer minha casa, não acha? - A essa altura, todos os fãs já especulavam o possível casal e ficavam investigando cada passo ou troca de olhares que ambas davam durante os shows. Mas ninguém sabia de nada ao certo ainda.

- Eu conheço a sua casa, e não é essa. - A morena disse desconfiada. - Esta é minha outra casa. - A loira respondeu calmamente.

- Seria esta a casa onde você leva as suas  "namoradas" para encontros nada inocentes? Ela perguntou alfinetando-a.

- Não! - Ela foi firme - Não costumo namorar, Srta. Pereira. Minhas conquistas eu prefiro levar a motéis, este lugar é muito intimo e eu gosto de tratá-lo  como meu santuário. - Disse ríspida. - Esta casa apenas eu conheço, nem a minha família sabe dela, só o Gustavo na verdade. Venho aqui quando quero paz.

Maraísa ficou vermelha com a resposta dela. Não estava esperando algo tão profundo. Elas passaram pela enorme porta e chegaram a sala principal.

- E o que estou fazendo aqui? - Perguntou curiosa novamente.

- Está me conhecendo. Conhecendo todas as partes que me compõem. Quero que você seja capaz de me traduzir, Mara. Entre nós deve prevalecer o máximo da intimidade, só assim isso funcionará.

- Marília, eu gostaria de saber o que você preten... - A frase foi suspensa e esquecida quando ela encostou o dedo indicador em seus lábios.

- Agora chega, Pereira, é hora de se calar. Estamos aqui por um bom motivo. Teremos nosso primeiro contato intimo. Queria que as coisas fluíssem, mas você é difícil de lidar.

- Você quer dizer que vamos...

- Vamos! - Ela disse. - Mas não há necessidade de nomearmos isso, ainda não sabemos qual será o desfecho. Preciso que entenda que há muitas maneiras de se fazer sexo. - Dsse isso e se dirigiu ao bar da sala servindo-se com uma taça de gin.

- Aceita?

A morena afirmou, já estava bastante nervosa.

- Existem linguagens de baixo e alto calão para denominar o ato sexual, o fato é que todas elas o definem bem, dependendo da situação. - Mendonça entregou a bebida a ela - Podemos fazer amor, se o ato for calmo e gentil, podemos transar se ele for sensual e intenso, algo mais carnal. Sexo romantico, sexo selvagem, não importa. Apenas o denominamos no fim, quando finalmente entendermos o que fizemos. Entende?

Maraísa apenas assentiu com a respiração cada vez mais desregrada com as palavras que a outra proferia.

- A primeira coisa que vou fazer é mostrar a você o que eu costumo chamar de ritual de reconhecimento. Irei reconhecer seu corpo, assim como você reconhecerá o meu. Vou explorar você, com minhas mãos, boca e pele. - A loira dizia cada palavra olhando penetrantemente nos olhos da morena - E você tentará se libertar de seus pudores e recatos e fará o mesmo em mim.

Maraísa continuou parada. A loira se aproximava cada vez mais, já podia sentir o doce aroma do seu hálito, mas Marília recuou. A morena não compreendeu, mas logo a viu baixar a luz do quarto.

- Vamos começar....

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