9. Reunião de equipe

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Danika estava dividida... Entre fumegar de raiva pela ousadia do rato de praia, ou temer a pauta da tal reunião de equipe. Será que ele pretendia fazer algum corte de pessoal?

Não saber o que seria discutido a estava enlouquecendo.

Aline apareceu na saleta dos funcionários, à hora marcada, com uma travessa cheia de biscoitos especiais, feitos na hora pela própria Dona Eulália. Todos se empolgaram, já que os biscoitos de Dona Eulália eram famosos.

Para Danika, os biscoitos simbolizavam uma única coisa: que a dona do supermercado apoiava toda e qualquer iniciativa do novo gerente.

Meio apavorada, segurou com força o bloquinho e a caneta contra o peito. Trouxe-os porque talvez tivesse que anotar alguma tarefa ou ordem. A bem da verdade, detestava aquele tipo de reunião, embora nunca tivesse participado de uma, como funcionária. No entanto, já "assistiu" várias, de longe, como estagiária...

Quando esteve na capital, estudando para se formar em Pedagogia, precisou trabalhar de dia e estudar à noite. Caso contrário, não teria condições de bancar a faculdade. E nos trabalhos temporários em que atuou, viu os funcionários de carreira participarem de diferentes tipos de reuniões.

Uma coisa ela aprendeu, com a experiência: que os chefes nunca ficam satisfeitos com o desempenho de seus funcionários. Sempre querem mais... Sugam tudo e depois cospem o bagaço fora, quando os empregados se tornam exaustos e, portanto, inúteis. E também não apreciam quando eles estão contentes. O importante não é tanto o desempenho, mas o empregado demonstrar que sofre pelo trabalho.  Quanto mais difícil os chefes tornam a vida do funcionário, melhor.

Os empregados mais prudentes são aqueles que não demonstram o quanto tudo é fácil, ou bom. Porque se demonstrarem, o chefe vai descarregar uma tonelada de novas incumbências e novas dificuldades, de maneira não muito justa. Ah, o intrincado jogo de influências no mercado de trabalho brasileiro.

Viver no Brasil não era para os fracos.

Nenhuma das reuniões as quais testemunhou lhe causou boa impressão. Havia pessoas que desejavam abordar um tema, sem dar ouvidos aos outros. Só queriam aparecer. E havia resoluções e ordens que, geralmente, recaiam somente sobre os empregados. Em suma, os chefes mandavam e os empregados obedeciam. Fosse a tarefa descabida, ou não. Tinha chefe que só  arrumava sarna para o empregado se coçar... Apenas para demonstrar que ele, o chefe, estava trabalhando.

Havia lugares que iam muito bem sem a presença de patrões. Aliás,  eles muitas vezes só atrapalham.

Vamos combinar que o Supermercado Alvorada Voraz... Ops! Só Alvorada... Não  precisa de reuniões de equipe. Funciona muito bem sem aquela flagrante tentativa do gerente "rato de praia", em parecer que está trabalhando.

Humpf!

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Alguém fez café e quando Danika deu por si, estavam numa reunião bastante informal e agradável.

Yago chegou alegremente cumprimentando os presentes e logo foi apresentando o supermercado que todos conheciam, de forma rápida. Depois falou dos problemas, alguns que ninguém sonhava que existissem; apresentou os planos para resolvê-los; e as metas que decidiu estabelecer. Foi aí que ele perguntou se todos concordavam e acolheu as opiniões e as sugestões.

Durante o encontro, Danika foi ficando pasma com a habilidade do rato de praia em conduzir as questões para a solução de problemas e a facilitação do trabalho dos funcionários. Ele mencionou, inclusive, a questão ergonômica, em relação às cadeiras nas quais Danika e Aline se sentavam para atender o caixa.

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