𝟎𝟏

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Dia 11 de outubro, o dia em que eu, Maeve Kimkayd nasci.


É meu aniversário, passei a madrugada pensando em como tudo poderia ser diferente se minha mãe estivesse viva, eu mataria para ouvir ela me parabenizando, ouvir ela cantarolar a famosa canção de feliz aniversário, sentir ela me dar 17 puxões de orelha.

Como qualquer adolescente de 17 anos, eu estou no segundo ano do ensino médio. Limpei as lágrimas que insistiam em escorrer pelo meu rosto me dando a sensação de algo gélido.

- Bom... Parabéns Maeve.- sussurrei para mim mesma e me sentei na cama, observei a rachadura em minha porta e percebi que se George desse mais 2 chutes na porta ela desabaria.

Me levantei e fui na direção do banheiro, parei e olhei no espelho analisando meus hematomas, passei o dedo suavemente por eles, barriga, braços, rosto, pernas, qualquer lugar em que eu pudesse ser atingida. Os arroxeados pelo meu corpo, tentei ignora-los, me virei e entrei no banho sentindo a água fria sobre meu corpo, fiquei lá por um bom tempo tentando me recompor.

Saí do banho, passando a tolha delicadamente pelo meu corpo. Coloquei uma calça jeans larga de lavagem clara com alguns rasgos, eu estava implorando para que nada fizesse peso em minhas pernas hoje, vesti um camisetão branco com o desenho de um dragão nas costas, com base cobri todos os hematomas que ainda apareciam mesmo depois de quase vestir uma burca.

Abri a porta do quarto e respirei fundo assim que ouvi os sons de coisas mexendo na sala, coloquei a mochila nas costas enquanto descia as escadas correndo, passei a mão pela chave que estava jogada na mesa, fiz tudo o mais rápido que pude para que ele não me parasse, quando coloquei a mão na maçaneta ouvi a voz dele.

- Maeve??- Sua voz de escárnio, carregada de graça e senti todos os pelos do braço se arrepiarem, um frio na barriga repentino.- Conseguiu levantar filhota?? Da próxima vez eu terei mais atenção, nos encontraremos hoje Maeve.

Fechei os olhos com força e apertei o molho de chaves, levantei a cabeça e não respondi nada, abri a porta, andei uns quarteirões e entrei no terreno abandonado em que uso e denomino meu, está abandonado faz anos e ninguém nunca quis, então eu tomei posse, montei uma cabana nele e guardo minha moto neste mesmo lugar.

Comprei em homenagem a mamãe, ela escreveu em seus diários que gostava de adrenalina quando era nova e que seu sonho era poder ter sua moto e se aventurar sozinha por aí, mas ela não pode.

Coloquei o capacete, acelerei a moto o máximo que eu podia e arranquei daquele lugar. Chegando na escola, estacionei em uma das poucas vagas abertas, retirei o capacete e o pendurei em meu braço.

Fico feliz que aqui ninguém sabe o dia em que faço aniversário, então não tenho que lidar com pessoas a todo momento dizendo como é bom que estou viva há 17 anos.

De longe vi Alyssa e Kyller, o gêmeos siameses, codinome que hoje é usado por toda escola, assim como eles sou conhecida por Athena, todos que são considerados delinquentes por aqui, recebem codinomes.

- Eve!!- Kyller me viu de longe e abriu um grande sorriso, apressei o passo e ele abriu os braços, no mesmo momento eu o abracei, amo os abraços dele, me fazem por alguns segundos esquecer de tudo, ele me abraça forte todas as vezes, então sempre tenho que segurar meus gemidos de dor.

𝐍𝐨𝐬𝐬𝐚 𝐦𝐞𝐥𝐨𝐝𝐢𝐚 - por BellaOù les histoires vivent. Découvrez maintenant