chasing highs | beomjun

atento tal qual uma coruja.

capítulo não revisado//

era cedo demais para tanta barulheira na residência choi. bom, pelo menos era o que um beomgyu que havia dormido apenas duras 3 horas pensava. o relógio marcava 7 da manhã quando o garoto acordou já ouvindo os gritos raivosos do pai, e, por mais que estivesse sonolento demais para raciocinar, já sabia o motivo de tanto estresse a aquela hora da manhã.

ainda meio grogue, foi se levantando aos pouquinhos e saiu de seu quarto acompanhado do irmão mais novo, que também havia acordado com os gritos do progenitor. ao descer as escadas já podiam ver o pastor andando de um lado para o outro, com a esposa ao seu alcance com um copo de água em mãos. beomgyu se segurou ao máximo para não rir enquanto sentava-se no sofá da sala. tanto beomgyu quanto o irmão já estavam acostumados com os gritos do pai — que, sejamos sinceros, se estressava até com o vento que batia em seu rosto — então ambos não expressavam nada ao ver o homem tão alterado, mas beomgyu precisou fingir costume ao ouvir o nome de yeonjun. tratou de não mostrar uma expressão sequer, principalmente por ter os olhos atentos do irmão por perto.

choi jungwon era observador demais, alerta demais. sabia o segredo de todos, incluindo os de seu irmão, apenas por observar cada detalhezinho, e beomgyu sabia bem disso. o que beomgyu não sabia era que jungwon estava acordado quando chegou em casa. o olhar atento do mais novo viu quando o irmão entrou no quarto as 4 da manhã, viu quando yeonjun escalou a janela do quarto para dar um beijo de despedida em beomgyu, e também viu as garrafas de vinho vazias escaparem da mochila quando o mais velho a jogou perto da cama. e agora os olhos castanhos encaravam beomgyu como se soubessem todos os seus segredos mais profundos, e... sim. ele sabia. 

por sorte ninguém nunca acreditava em jungwon por conta de um, digamos, passado de mentiras. não era novidade que o choi mais novo nunca gostou do irmão, sabia que ele era o filho favorito já que os pais sequer faziam questão de esconder e isso definitivamente o enchia de inveja e pura raiva. por anos jungwon criou mentiras e pretextos contra beomgyu para tentar fazer os pais perderem a confiança que tinham no filho mais velho, mas ambos sempre descobriam a verdade e quem sempre pagava era jungwon. isso apenas fez com que a raiva do irmão crescesse ainda mais, e ver beomgyu ser tão mimado pelos pais todos os dias não ajudava em nada.

"foi você, não é?" o choi mais novo foi direto ao ponto assim que entrou no quarto, seguindo beomgyu. a risada breve saiu quase que automaticamente ao ver o irmão parar no meio do caminho, como se não estivesse esperando tal questionamento, e ele sabia que não. beomgyu estava bêbado demais naquela madrugada para se atentar se jungwon estava ou não dormindo.

"do que diabos você tá falando, pirralho?"

jungwon riu novamente. viu o irmão mais velho se virar em sua direção e dar poucos passos para frente, se aproximando de si antes de cruzar os braços. aquela pose e olhar superior que sempre fazia quando queria intimidar jungwon, mas, felizmente ou infelizmente, aquilo já não funcionava há alguns anos.

"eu vi, beomgyu. eu vi você entrando pela janela, vi você beijando seu namoradinho e também vi o quão bêbado você estava." e naquele momento beomgyu ficou completamente sem expressão. tentava se lembrar do que acontecera durante a madrugada mas sua mente estava um completo borrão, e, convenhamos, estava escuro demais para perceber qualquer coisa. "você teve sorte, sabia? papai e mamãe estavam alterados demais para perceber esse cheiro de álcool e sua cara de ressaca."

beomgyu sequer respondeu. passou alguns segundos parado, apenas olhando a expressão debochada do irmão mais novo enquanto tentava repassar o que havia acontecido naquela noite. a resposta veio quase um minuto depois, em um questionamento irritado e quase que irônico. "o que... o que caralhos você tava fazendo acordado? virou uma coruja agora?"

o choi mais velho suspirou pesado, puxando seu celular antes de rumar para fora do quarto, fazendo questão de esbarrar no irmão mais novo e ignorar as falas debochadas do garoto. pensava em ter um pouco de paz ao menos pelo tempo de banho, mas sequer havia chegado no banheiro e sua paz já havia se esvaído completamente. ouvia o pai no andar de baixo dizer com todas as letras que mandaria prender — de novo — yeonjun. apressou o passo e assim que entrou no banheiro, trancou a porta e discou o número do namorado no celular.

"alô? gyu?" a voz rouca soou do outro lado da linha. provavelmente tinha acabado de acordar.

"amor... o meu pai já sabe de tudo. e ele vai chamar a polícia."

um silêncio se instalou por alguns segundos, mas beomgyu ainda conseguia ouvir a respiração do outro choi.

"merda."