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Acordei num carro em movimento, devia ser uma van, já que eles eram ladrões ou mafiosos ou sei lá eu o quê.

Eu não conseguia ver nada, minha visão estava completamente bloqueada por algo. Com base nos filmes que eu vi deve ser algum pano ou saco. Mas aposto mais para o saco.

— Quando será que ele vai acordar? Daqui a nada estamos chegando e o chefe não vai gostar de o ver assim.

— Para a próxima não bate nele com tanta força. O chefe já avisou você sobre isso.

É. Pra próxima não me bate com tanta força, ainda por cima duas vezes. Pera- Tem próxima?!

— Liga pra ele e diz que já temos o alvo.

— Tá bom, mas não chama ele de alvo, chama ele de vítima. Pobrezinho quando nós deixarmos ele na rua outra vez, se ele ainda estiver vivo, ele nem vai saber de onde veio.

Os dois se riram como se o que ele - que eu não sei quem é - tinha acabado de falar fosse uma piada.

Alô? O que você quer?

— Chefe a gente já o tem. O que fazemos agora?

Tragam ele para cá. Eu logo vejo o que fazer com ele, mas isso lhe vai custar caro — Ouvi uma voz grossa dizer do outro lado da linha.

Ouvi a voz do garoto das piadas secas, - vou começar a lhes dar apelidos, já que não sei o nome de nenhum - falando com alguém no celular, - estava em alta voz, daí eu ter percebido ne - e me manti o mais quieto possível como se continuasse a dormir.

— Ele já devia ter acordado — Falou a outra voz que estava bem mais próxima de mim.

Bin, você deu uma pancada nele com muita força?

— Talvez...

Aish, o que eu falo sempre?!

Mesmo com um saco enfiado na cabeça eu percebi que o clima havia ficado tenso só por causa do homem do outro lado da linha se ter enervado.

Eu já tinha te avisado que preciso das vítimas bem acordadas antes da tortura, você sabe porquê?

— Porque você se diverte mais se eles estiverem sofrendo e gritando mais.

Isso mesmo, e não sou só eu, todo o mundo se diverte mais quando o outro sofre mais — Aquelas palavras entusiasmaram todos os presentes na van, menos eu, claro — Agora, tragam ele pra cá, não aguento mais esperar.

— Ta bom, ta bom. Já estamos chegando.

A ligação foi terminada e ouvi passos vindo na minha direção.

— Aish.. Como vamos acordar ele?

— Tira o saco da cabeça dele e depois vemos. Podemos lhe mandar água pra cima, sei lá.

Senti alguém mexer em algo no meu pescoço e de seguida me tiraram o saco da cabeça. Eu não consegui não semicerrar os olhos por conta da imensa claridade que havia dentro da van.

– Parece que já não vamos precisar da água, Bin. Aqui o nosso amigo já acordou.

Tentei olhar para o lado, para ver quem se encontrava sentado, basicamente, encostado a mim mas não consegui.

— Se tentar olhar pra mim enfio uma bala na sua cabeça — Me tocou na nuca com um dedo e riu.

Que gente louca, vish.

Voltaram a me colocar o saco na cabeça e a van travou, fazendo com que eu caísse de cara no chão. Só aí me apercebi do quanto minha cabeça ainda estava latejando.

Senti duas pessoas me agarrarem, uma de cada lado, e me encaminharem para eu não faço ideia porque tenho um saco enfiado na cabeça.

Fiquei caminhando aproximadamente uns 5 minutos, com aqueles loucos me segurando, e quando finalmente parei, ouvi alguém batendo na porta.

— Pode entrar.

— Tá aqui o seu... coiso.

— Ah, estava vendo que nunca mais. Você me ligou há uns 15 minutos falando que estavam chegando. Espero que ele já esteja acordado.

Ele fez uma pausa dramática de 7 segundos. Sim contei os segundos, vai fazer o quê?

— Prendam ele naquela cadeira ali, enquanto eu vou buscar a minha mala dos brinquedos.

Voltei a andar e fui sentado numa cadeira, nada confortável, ataram minhas mãos com uma corda bem grossa, que por acaso estava me machucando e saíram da sala.

Minutos depois ouvi alguém voltar a entrar na sala e trancar a porta. Os passos foram ficando cada vez mais perto de mim. Ele me tirou o saco da cabeça e eu voltei a semicerrar os olhos por conta da claridade da sala, que era menos do que a da van mas mesmo assim me fazia impressão.

— Então quer dizer que sempre foi no ponto de encontro. Posso ser honesto? Pensava que ia fugir, como vez da última vez.

Mas que diabos, o que eu fiz da última vez?

— Olha pra mim enquanto eu falo pra você — Ele se aproximou de mim tanto que eu conseguia sentir sua respiração batendo na minha cara. O encarei nos olhos por segundos e desviei o olhar logo de seguida.

— Eu não fiz nada de errado. Eu só estava voltando para casa, palhaço.

Ele riu alto, o que me fez estremecer. Sério, se eu pensava que aqueles dois eram loucos, esse daqui era muito pior.

— Você acha que me trair não é fazer nada? Você decidiu nos trair fazendo de espião duplo para outro gangue. Você passou informações privadas sobre nós para eles e agora fala que não fez nada?

Eu tinha meu olhar preso no chão, evitando contacto visual com o chefe - sei que provavelmente não o devia chamar de chefe mas não sei o nome dele então fica chefe mesmo. Ele se afastou de mim e foi direto à mesa onde estava um pano preto esticado com várias coisas em cima. Eu do lugar onde estava não conseguia ver o que eram aquelas coisas mas tenho uma ideia do que seja.

— Sabe Dongsu, eu vou ter minha vingança — Ele se aproximou de mim com uma faca na mão e um sorriso.

— Pera aí. Quem é esse de Dongsu?

— Não se faça de tolo, isso só fica pior pro seu lado.

O clima tenso foi interrompido pelo meu celular tocando "Hey Tayo" de Enhypen. Alguém estava me ligando.

Soltei uma gargalhada porque, primeiro, minha saúde mental não é estável e não dá pra isso. Segundo, não há segundo, só não tenho saúde mental mesmo.

Agora que olho para o chefe, percebi que não devia ter rido. Minha situação não está muito famosa, aliás ele está segurando uma faca.

— Posso atender?

Ele respirou fundo.

— Desde que não fale onde está e ponha em alta voz. Se me passar pela cabeça que você está tentando fazer algo, eu te mato.

Atendi a ligação e coloquei em alta voz.

— Jisung, meu filho, onde você está? Está tudo bem? Teve uma crise daquelas outra vez? A mamãe pode te ir pegar aí na praia, só falar onde você está-

— Omma, está tudo bem. Eu estava voltando para casa e me perdi. É o que dá voltar à noite para casa sem saber o caminho — Soltei um riso pequeno.

Ai, esse garoto — Ela riu também — Precisa que eu mande seu pai o ir buscar?

— Não, eu liguei para o Bang e ele está saindo de casa agora.

Ah, ta bom. Então vá, se cuida.

— Adeus - Fiz uma curta pausa — Mamãe, te amo.

Também te amo, nenem.

Desliguei a ligação com as lágrimas nos olhos e encarei o garoto que me estava olhando fazia uns minutos.

— Você não é Dongsu, pois não?

Possessive || MinsungOnde histórias criam vida. Descubra agora