01

53.4K 2.1K 833
                                    

Babi on

Não concordo com o tratamento dado aos detentos  no Complexo Penitenciário do Rio de Janeiro. Por isso quando a vaga para assumir o cargo de superintendente foi aberta, eu aceitei sem pensar duas vezes.

Óbvio que não é fácil, a maioria dos prisioneiros não me levam a sério, mas isso não vai atrapalhar o meu trabalho aqui.

São criminosos que estão aqui para pagar pelos seus crimes, e eu concordo com isso, errou tem que pagar. Mas não aceito nenhum tipo de violência desnecessária contra os detentos, eles já possuem a punição deles, ficar sobre a custódia do estado.

Babi: vai lá, - cruzo os braços - qual problemas tempo para resolver hoje ?

Tainá: briga no refeitório, Ramirez furou o olho do Gonzales.

Babi: eu já falei que tem que ter segurança dobrada quando estão todos juntos. Por que os carcereiros mão impediram isso ?

Tainá : eles preferem não se envolver em briga de facção.

Babi: bom, deviam ter escolhido outro trabalho então. Porque aqui vão se envolver sim.

Onde já se viu, sei que vários grupinho aqui dentro. Tudo bem cada um cuidar do seu. Mas eles não são a lei, os carcereiros devem fazer o trabalho para qual foram contratados.

Tainá: se isso te irritou espera para ver isso - ela joga um arquivo em cima da minha mesa .

Ponho meus óculos e abro o arquivo. Uma transferência, Victor Augusto...ok.

Babi: peraí- encaro a morena - ele é um detento nível 4. Não pode ficar, é da segurança máxima.

Porra, a ficha dele parece uma lista de compra, um crime embaixo do outro. Tráfico de drogas, tráfico de arma, porte de arma, assassinato, tentativa de homicídio, roubo, lavagem de dinheiro, suborno ....

Meu Deus, 50 anos de prisão. E se tivesse a opção de perpétua tenho certeza que  ele pegaria. Mas como não tem perpétua no país, vai a pena máxima.

Tainá: bom, o conselho acha que ele deve ficar aqui.

Babi: o conselho quer me foder- massageio a têmpora- vão mandar ele para cara como um tipo de castigo, querem provar que eu não sou capaz.

Esses filhos da puta. Mandar alguém do nível quatro para me desestabilizar, alguém que pode botar toda a minha proposta abaixo.

Babi: não vou permitir que esse novo detento  toque o terror nessa instituição, independente de tudo ele vai ter que andar na linha.

Tainá: certo, ele chega em dois dias.

Babi: ok. Organiza para ele não dividir a cela com ninguém que possa nos causar problemas.

Tainá: ok. Outra coisa, Yago sofreu uma overdose.

Porra, é só segunda de manhã

Babi: um dos seus colegas sofreu uma overdose.

Eu preciso dar um jeito de parar com o contrabando, sei que alguém aqui tá subordinando um dos meus funcionários. Não tem outro jeito da droga entrar.

Sinistro: fatalidades da vida.

Babi: chegou nos meus ouvidos que você  é o fornecedor.- ele abre um sorriso sínico.

Sinistro: seu trabalho é ouvir fofocas?

Babi: eu consegui mais tempo no pátio, uma academia, sessão de filme uma fez por semana, tô impedindo que vocês tomem porrada até vomitar sangue, impedindo que viver apodreçam na solitária, impedindo que os carcereiros deixem vocês passarem fome. Essa é a porra do meu trabalho.

Me levanto e me aproximo dele.

Babi: eu tô colaborando, mas se você começar a brincar com a minha cara eu vou brincar com a sua.  Você sabe que do mesmo jeito que te dei regalias eu posso tirá-las.

Sinistro: não sei de drogas nenhuma.

Babi: ok. Você vai querer do jeito difícil ? - viro para o capitão do bloco A.- Lopes, quero uma revista  na cela desse prisioneiro, traga o cão farejador.

Quero trabalhar em conjunto com eles, mas não vou deixar eles me fazerem de palhaça.

Babi: se tiver drogas para distribuição, coloca ele na solitária. Se for só para consumo, corte todas as regalias.

Lopes: sim senhora.

Bruno: tá atrasada - ele toma um gole de vinho enquanto eu me sento.

Babi: o senhor promotor nunca se atrasou ?

Bruno : não mais de duas horas em um jantar com a minha namorada.

Babi: desculpa. Foi um dia longo.

Bruno: esse trabalho tá consumindo você. Não existe mas a Bárbara, só existe a superintendente do CPRJ.

Babi: amor, eu tô tentando me restabelecer ainda. Logo vou me acostumar com tudo e vou ter mais tempo para você. Prometo.

Bruno: será ? Vamos viver de promessas agora ?- ele toma outro gole do vinho - ótimo.

Babi: admito meu erro de hoje. Mas eu sou a primeira diretora mulher daquele presídio, os presos estão me testando, o conselho tá me testando. Eu preciso que você tenha paciência comigo. Não vamos viver de promessas e sim de parceria. Eu te apoio, você me apoia.

Bruno: quer que eu apoie essa maluquice? Meu bem, não é seguro. Você ficar passeando no meio daqueles bandidos, ainda levou a Maria Tainá com você.

Babi: Bruno ...

Bruno: eu coloquei alguns deles lá. E se descobrirem que você é minha mulher? O que acha que vai acontecer? Eu prendi eles e você passa a mão na cabeça?

Babi: eu não passo a mão na cabeça de ninguém. Eles já estão sobre custódia do estado, essa é a punição dele. O CPRJ tava em estado crítico, o antigo superintendente deixava eles passarem até fome. Me desculpa por não querer ser uma vaca desumana com eles.

Bruno : só vamos jantar Bárbara. Essa discussão não vai nos levar a lugar nenhum.

Babi: tudo bem - pego o cardápio.

Bruno: espero que não se atrase para o jantar com os meus apoiadores. Seria inadmissível- suspiro exausta.

Babi: falta semanas para esse jantar.

Bruno vai concorrer ao cargo de procurador geral.

Bruno: acho que só assim para você conseguir se programar.  Ou se não você me troca por um detendo qualquer.

Lance Criminoso Onde as histórias ganham vida. Descobre agora