A noite estava escura, o silêncio havia caido pesadamente pelo acampamento. Alguns guardas dormiam outros faziam a vigilia. Encarei o fogo salpicando lançando faíscas que dançavam no ar e se apagavam pouco depois, me lembrando dos cabelos ruivos de Helena.
Minha memória me levou para a noite do baile, seus cabelos caindo sobre meu rosto, sua boca a poucos centímetros da minha e seu olhar sedutor a me encarar dentro dos olhos antes de suas gracinhas.
Archie que estava quieto e olhando severamente com feições furas para a fogueira arqueou a sobrancelha como se tivesse se lembrando de algo. Ele olhou ao redor, procurando com um olhar atento por algo.
— Onde aquele moleque se meteu?
— Deve estar dormindo na tenda. _ Sussurrei para não despertar os que descansavam.
Archie não convencido se levantou do tronco e pegou sua espada a ajustando no coldre, a prendendo ao quadril e caminhou para dentro da floresta.
— NICOLAS!
Se eu susssurrava para não acordar alguém, Archie não se importava nem um pouco em gritar. Peguei minha lança ao notarmos que não obtivemos resposta e segui Archie.
Afastei a entrada da tenda feita de tecido e a vi vazia.
— Não está aqui...
— Pirralho, onde você se meteu?_ Archie rosnou entre os dentes seguindo para mais a dentro da floresta escura.
Paramos de repente ao ver o lanpejo de algo não muito distante. Preparei a lança e Archie sacou sua espada atento. Algo correu amassando as folhas e novamente algo da cor do fogo dançou no ar.
— Nicolas, deixe de brincadeiras! _ Archie rosnou irritadiço guardando a espada.
Abaixei a lança a cravando no chão, mas mantendo minha mão sobre ela. Os passos cessaram e eu tinha a sensação de estar sendo observando de algum lugar.
— Archie..._ A breve claridade da fogueira do acampamento chegava sutilmente até nós. E novamente o brilho alaranjado dançou no ar rapidamente e desapareceu.
Me virei atento dando as costas a Archie.
— Venha aqui, Nicolas! _ Archie estava perdendo a paciência.
Meu coração começou a bater forte com ansiedade de saber o que era aquilo. Passos nas folhas secas ecoaram de um jeito estranho e Archie levou a mão a espada.
Helena
Fiquei encarando a lareira, vendo o fogo dançar enquanto Evelyn entre as almofadas, amamentando um de seus bebês.
Eu cantarolava uma canção antiga que tio Willy costumava o fazer quando eu era apenas uma garotinha. Olhei por cima do ombro para observa-lo parado na porta vigiando a entrada, mas mantinha os olhos fechados parecendo estar aproveitando aquela velha canção.
Sorriu sutilmente e também o fiz voltando a encarar o fogo da lareira. O castelo estava calmo, e me perguntei mentalmente como os homens estariam. Teriam dormido em uma taberna? Bebido de bastante cerveja e comido uma leitoa assada com manteiga?
Arqueio a sobrancelha imaginando que provavelmente o duque também estaria aproveitando seus últimos momentos antes de ser um homem comprometido. Não que um noivado fosse impedi-lo...
Evelyn colocou o bebê próximo ao seu colo e cobriu o seio. Como meu tio estava na porta ninguém viu nada. Ela se acomodou nas almofadas e suspirou pesadamente olhando para o fogo.
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Escolhida Pelo Duque
Historical FictionAs vezes a escolha é algo simples, tomada em meio ao "olho do furacão", que apesar de tudo aparentar para a ruína, algo floresce da calamidade de uma situação. Helena, uma garota sem títulos ou educação para ser a lady perfeita, sem recato ou pureza...
