1 capítulo.

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02 de Fevereiro, 2015

Hoje meu dia foi muito bom, na verdade estou até meio cansada, primeiros dias de aula me deixam extremamente bem e cansada no mesmo nível. 

Sempre tive a mesma amiga, Mariana, ela estuda comigo desde a pré escola, e finalmente estávamos no ultimo ano. Passamos as férias meio afastada, afinal Mari havia começado a namorar e o seu namorado me odiava, e para minha infelicidade teria que aguentá-lo durante todo o ano letivo. Eu tinha acabado de terminar com minha namorada a distância, havia sido bem doloroso e Mariana nem ligou, isso me deixou chateada. Hoje principalmente pois havia ficado grudada no Lucas, patético. 

Durante a aula toda eu fiquei relembrando coisas sobre o ano passado. O segundo ano do colegial havia marcado minha vida, não sei dizer se de forma positiva ou negativa, mas eu sabia que coisas mudariam quando ele terminou. Desde a oitava série, Mariana Saad, Tata, Bruna e eu éramos melhores amigas, fizemos tudo juntas, passávamos a maior parte dos nossos finais de semana juntas. Infelizmente Tata e eu brigamos e acabamos nos separando, Tata e Bruna e eu e Mariana, mas para minha surpresa esse ano, Bruna estava sentada com uma garota nova e Tata estava sentada com outro grupo de colegas. 

Quando vi Tata sentada com a menina nova fui falar com ela, ela era linda e de certa forma me chamou atenção, exceto pela parte que seus pais eram pastores, ou seja, a menina era uma santa, era o que eu pensava. 

Quando cheguei em casa procurei a menina no twitter e comecei a segui-la, seu nome Mariana Gonzáles, a partir dai ela descobriu que eu era sapatão, naquele dia ficamos o dia inteiro nos respondendo por twitts, o que chegava a ser engraçado, eu não tinha seu número então foi como conversamos. 

No final do dia felizmente ela me deu seu whatsapp, e acabamos descobrindo que moravamos muito próximas, ela ia de ônibus embora do colégio e minha mãe me buscava, então ofereci que ela viesse embora conosco todos os dias. Foi assim que nossa amizade começou, e foi assim também que minha amizade com Mariana Saad acabou. E esse era só o primeiro dia. 

...

Alguns dias se passaram e eu estava loucamente apaixonada por Mariana, eu, Bruna e ela estávamos inseparáveis. Passávamos a maior parte do tempo juntas, nos revezávamos entre a casa de Bruna e a minha, sempre estávamos gravando vídeos, revisando as matérias e coisas assim. Mari era bem religiosa, e sempre ia para a igreja. 

Era aula de matemática, o professor estava ensinando formulas matemáticas e nos três caiamos na risada pelos nomes que ele falava, a manhã estava tranquila, eu e Mari sentávamos uma do lado da outra, ficávamos trocando bilhetinhos ou então jogando um jogo chamado 64% que era febre na época. Naquele dia almoçaríamos na casa da Boo e depois voltaríamos para o colégio. Almoçamos em meio a risadas, tudo era motivo de piada entre nós. Mari havia nos chamado para ir em um culto de jovens na sua igreja, e eu fiquei disposta a ir, afinal queria ver qual era a da Mari, eu achava que ela estava apaixonada por mim também, sempre correspondia as minhas investidas, e toda vez que estávamos juntas me sentia especial e achava o tratamento dela diferente comigo e com a Boo. 

Depois de comermos fomos para o quarto da Boo, ficamos gravando vídeos e depois tirando algumas fotos, tínhamos poucas fotos bonitas nossas, sempre eram fotos zoadas, dormindo ou coisa do tipo. Boo, viu que teria um show de stan up no final do mês, combinamos de ir as três, ela comprou os ingressos e depois dormiríamos na casa dela. Fomos para o colégio e eu estava bem empolgada, seria o momento perfeito pra beijar Mari se dormíssemos juntas.

...

Quando chegou no sábado, o pai de Mari passou me buscar em casa, ele era um homem sério, mas bem engraçado, tinha medo dele falar comigo, afinal ele era pastor e eu não sabia as palavras certas a se falar em momento algum. Tudo que eu falava ele dava risada, ou seja, ele gostava de mim, me achava engraçada, estava tudo bem falar qualquer coisa. Quando chegamos na igreja, Mari estava cuidando de algumas crianças que estavam no ministério de dança. Ela me chamou para ir a uma salinha com ela, fiquei bem nervosa naquele momento, achei que ela me beijaria ali, mas não, só ficamos sentadas conversando, esperando o resto de suas amigas. 

Quando a célula começou, sentamos em Roda, havia uma moça, chamada Carolina, ela era mãe de duas das meninas, Flay e Ivy, também tinha a Sabrina, Thais, Carla e a melhor amiga da Mari, elas pareciam bem próximas, o nome dela era Julia. Conversamos sobre a nossa semana e no final ela deu uma palavra, havia sido legal, não podia negar. Depois, fomos todas para a casa de Carolina, e foi bem divertido. 

...

Aquilo ficou frequente, eu estava indo todos os sábados a célula com a Mari, o que me deixava mais próxima a ela do que Boo, mas mesmo assim no colégio éramos inseparáveis. Viviamos na casa de Carolina, tudo ia perfeitamente bem. Até que um dia deixei meu celular na sala de aula e fui ao banheiro, naquele dia as meninas iriam almoçar na minha casa para voltarmos ao colégio mais tarde. Quando voltei, as meninas não estava falando comigo mais, tive uma crise de choro e para minha surpresa Tata me ajudou, não entendi o motivo de as meninas não falarem comigo. Quando finalmente me acalmei, disseram para eu prestar atenção nas coisas que dizia aos outros e mais, só disseram que não iriam mais para minha casa. 

Quando entrei no carro sem minhas amigas minha mãe ficou sem entender, havia comprado almoço, servido a mesa, sempre fazia tudo com muito carinho quando as meninas vinham em casa, então além de eu estar chateada, minha mãe também estava. Não aguentava mais chorar e também não sabia o motivo de tudo aquilo, tentei buscar no meu celular coisas que pudessem justificar tamanha injustiça comigo, mas nada era suficiente. Finalmente mandei mensagem para Mariana pedindo que a morena me encontrasse para conversarmos, ela não quis, então pedi o motivo e ela me disse para ler minhas conversas com a Tata. 

Quando li, finalmente entendi, Mariana estava brava comigo pois disse que eu havia confundido sua amizade e que ela nunca teve intenção de me beijar, mas eu juro, ela correspondeu a absolutamente todas as minhas investidas, mas resolvi ignorar. Não fui para a escola o resto da semana, aquilo havia me magoado profundamente e não queria precisar bater de frente com Mariana durante aqueles dias. 

Até que sábado ela me mandou uma mensagem dizendo que seu pai passaria me buscar, não entendi muito bem afinal eu só ia a igreja por conta dela, pois queria ficar perto dela. Quando o seu pai chegou, fui em silêncio até a igreja. Chegando lá Mari meio que cagou pra mim, mas Sabrina fez companhia para mim.  Hoje não seria célula, seria um culto de jovens, durante a pregação, a qual tive que prestar atenção, senti uma tristeza profunda, chorei horrores e para minha surpresa Mari veio me abraçar, lhe pedi desculpas e disse que a queria próxima de mim sempre. 

Quando saímos da igreja, fomos todas para a casa de Carolina comer pizza. Depois desse dia comecei a frequentar a igreja, Mari e eu estávamos mais próximas do que nunca, mas sempre como amigas. Infelizmente resumi aquele ano com muita rapidez, mas houveram muitas coisas as quais eu queria mencionar. 

Quando o final do ano chegou, eu e Mari já nos rotulávamos melhores amigas, ela faria vestibular para nutrição e eu para publicidade e propaganda, Boo tentaria biomedicina, na reta final passávamos dias e dias estudando a tarde. Esqueci de mencionar que desde Novembro estávamos vendendo bombons feitos por nos e pelas meninas do núcleo, que também eram muito amigas nossas, Sabrina queria muito fazer uma viagem e todos entramos de cabeça e começamos a vender os docinhos, o que deixava Boo meio irritada, pois quando não estavamos estudando estávamos vendendo os  docinhos e não tínhamos muito tempo para nada. 

Quando finalmente o final daquele ano chegou, havíamos feito nossas provas de vestibular, já tínhamos conseguido uns 10 mil reais nas vendas de doces. Tudo estava bem. Carol havia ficado bem próxima a mim durante aquele ano. Sua sogra por ironia do destino morava ao lado da minha casa, então aquele final de ano foi marcado para mim, pois passei com minha família e a de Carol. Ivy e Flay se tornaram grandes confidentes comigo, vivíamos juntas também. Eramos oito amigas inseparáveis não posso negar. Naquela época eu podia jurar que nada no mundo nos separaria. 

Com amor, RabiaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora