Aquele dia era importante para Violet. Havíamos conseguido fazer acontecer a primeira sessão da irmã dela com o dr. Heimer. Eu não sabia se ele era de fato habilitado pra lidar com esse tipo de questão, mas... Não queria que ninguém saísse sofrendo da história.
Não era coerente comigo ou com meus ideais, mas estava tentando aprender a lidar com pessoas que fogem do habitual. Pessoas que têm outras coisas por trás, onde nem tudo é sobre ser bom ou sobre ser ruim. Às vezes, é sobre perder. E ali, elas haviam perdido muita coisa.
Vários meses se passaram desde todo o ocorrido. Violet e as irmãs moravam juntas agora, ainda em Zaun. Minha família havia me proibido de vê-la se eu quisesse me consagrar na polícia e continuar o legado familiar... Isso era tudo pra mim há tanto tempo que, pra início, as coisas funcionaram. Quando tentei correr atrás, foi ela quem me recusou. Bateu a porta na minha cara, gritou pra que eu fosse embora... Pensei muitas vezes que eu só havia sido útil para ajudar Powder a se reabilitar na sociedade, mas eu sabia, no fundo do meu âmago, que nada tinha a ver com isso.
Sentia falta dela. E, até aquele momento, parecia não haver nada que eu pudesse fazer sobre isso.
Soube de alguns crimes que sondavam a região menos afortunada de Piltover e fui averiguar pra tentar distrair a cabeça, sob a suspeita de invasão de zaunitas para roubo. Analisei algumas pistas no local e, quando pensei que podia ir embora, um rastro de pés me levou silenciosamente até uma pilha de palha, da qual me aproximei, tentando não fazer barulho para surpreender.
— Parado aí, quem quer que seja. Estou armada. Xerife Kiramman, de Piltover — me identifiquei com a arma apontada na direção de onde havia ouvido os sons. Um passo, qualquer passo ou movimento e meu dedo estava no gatilho. Pronta e preparada para atirar.
O outro lado pareceu hesitar. Por um lado, agradeci aos céus; por outro, isso me deixava cada vez mais nervosa. Precisava continuar centrada, mas um som de tiro e grito ao lado de fora me manteve em alerta. Me distraí ao olhar para trás, e foi o suficiente para que me visse encurralada e com a arma tomada das minhas mãos. Estava distraída e de guarda baixa. Ia me odiar o resto da vida por isso.
A minha sorte, se é que podia ser chamada assim, era que conhecia muito bem as mãos calejadas e o cheiro característico. Sabia que não podia ser outra pessoa. Ela sussurrou um "não grite" e eu assenti. Sabia que ela não iria me machucar, ou pelo menos esperava que não. Talvez eu estivesse depositando nela uma fé cega.
— O que está pensa que está fazendo aqui? — perguntou no mesmo tom de sussurro. O que diabos ela pensava que eu estava fazendo ali?
— Curtindo o fim de semana. Você? — respondi com o mesmo cinismo da pergunta. Ela me irritava demais e, consequentemente, eu agia feito uma criança emburrada.
— Vai embora, agora — era a coisa certa a dizer e a fazer, de fato. O problema morava mais embaixo. O problema era o tom de voz estridente que, agora, surpreendentemente era rouco no meu ouvido. O problema era a brisa gélida que passava no local, como se houvessem portas abertas por perto, que contrastava com a pele quente dela nas poucas partes em que nos tocávamos. Senti vontade de me virar e matar a saudade doentia que eu sentia dela e, sabia que ela não se sentia tão diferente, já que seus braços aparentavam estar trêmulos, como se estivesse incerta do que fazer.
— Não posso ir — tornei a responder, mais pra mim mesma do que pra ela. Mais sobre ir embora da vida dela, do que sobre sair daquela maldita enrascada, onde eu com certeza me daria mal.
— Caitlyn, estou falando sério. Você precisa ir embora.
A voz dela parecia firme. Abri os olhos que eu tinha fechado e me virei para encará-la. Tinha alguma coisa errada.
Então, ouvi o som do engate de uma pistola.

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Procurada: VII
FanfictionNOTA: LEIA A TEMPORADA PROCURADA: VI PRIMEIRO. Em sua primeira tarefa como nova Xerife da cidade, a piltovense Caitlyn Kiramman precisa localizar e deter a criminosa das ruas violentas de Zaun, conhecida como "JINX", apelido este dado por sua irmã...