Capítulo 1

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Oii. No capítulo de hoje vamos conhecer um pouco mais sobre a família de Arli e Sabina, seu anjo da guarda. Boa leitura.





- Mamãe, assim eu vou perder o voo! - reclamou Arli exasperada com a morosidade da mãe em ajudá-la a fazer a mala.

- Está vendo como tenho razão! - redarguiu dona Helga com convicção.

- O que é agora?- perguntou Arli com enfado já sabendo aonde aquela discussão iria parar.

- Você sempre reclama quando eu digo que você está exagerando no trabalho, mas não me escuta. - e continuou sem tomar fôlego:

- Se não estivesse tão envolvida nesta ONG, teria chegado mais cedo, arrumado sua mala com calma, dado um pouco mais de atenção a sua pobre mãe que há semanas só a vê pela manhã ou quando permaneço cochilando no sofá para vê-la chegar tarde da noite exausta. Sem contar que fico o dia todo sozinha nesta casa imensa... - e deixou as palavras no ar com um longo suspiro depois do extenso desabafo, indo em direção ao closet.

Arli olhou pra mãe de esguelha. Já conhecia muito bem o potencial melodramático da sua genitora e que ela o usava sempre que achava conveniente pra chamar a atenção de quem quer que fosse. Há tempos Arli não caía mais nesta armadilha, embora a mãe estivesse certa em alguns pontos.

Nos últimos meses sua rotina estava bastante puxada. Mal parava em casa dividida entre as atividades no hospital e na Ong Hope. Desde que entrara há uns nove meses pra este trabalho voluntário, seus horários já bem preenchidos, ficaram mais comprometidos, e estava mesmo em falta com a família. Nem se lembrava da última vez em que se reunira com todos como era tão comum há alguns anos atrás.

Não imaginara que se envolveria tanto na Hope. Fora por insistência de Sabina que começou a participar de algumas programações desenvolvidas no hospital onde trabalhavam. Sabina fazia de tudo para tirar Arli da reclusão em que ela se confinou. Aloira entrou pra ONG assim que uma unidade foi montada em Porto Alegre. Depois de alguns meses de muita insistência, conseguira convencer Arli a ir com ela conhecer a unidade de trabalho instalada na capital.

As atividades da Hope se destinavam, principalmente, a prestação de serviços médicos gratuitos a populações necessitadas em regiões do País onde o atendimento médico era inexistente ou muito precário. Uma nova frente de atuação estava pra ser implantada na região amazônica para dar assistência médica-odontológica para famílias ribeirinhas que residem em regiões de difícil acesso no perímetro amazônico.

Em pouco tempo a jovem médica se destacou dentro da equipe assumindo um dos postos de liderança local da Hope. Há um mês se organizavam pra esta viagem e ela seria a responsável pela escolha do lugar de implantação de mais esse braço de atuação da organização. Junto com sua equipe, montariam um ponto de atendimento provisório para procurar suprir um pouco das muitas necessidades daquele povo em vários aspectos esquecidos.

- Mamãe, já disse inúmeras vezes que assim que instalarmos o novo posto e ele estiver funcionando bem, vou tirar uma folga. Prometo passar, pelo menos, uma parte do dia com a senhora lá na estufa. Pensa que não sei que é esse o principal motivo de toda esta reclamação? - declarou Arli com um meio sorriso percebendo que acertara no alvo.

- Espero que isso seja o mais breve possível. - respondeu voltando para o quarto com vários calçados nas mãos e depositando-os em cima de um baú de madeira que ficava em frente à cama.

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