Capítulo 14:

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Com o coração disparado, corri até a minha pasta, pus o telefone clandestino no silencioso e o guardei em um compartimento fechado com zíper. Percorri a sala com os olhos, procurando por algo que fosse preciso esconder. Lembrei das flores no meu quarto, e do cartão. Corri para fechar a porta, depois fui até o quarto de Dom e fechei também. Quando a campainha tocou, eu estava ofegante. Tive que me esforçar para controlar a respiração e ir calmamente até a sala. Quando cheguei à porta da frente, respirei fundo antes de abrir.

— Olá, detetives. — Graves, uma mulher magra, com uma expressão severa e olhos azuis atentos, vinha à ente. Michna, seu parceiro, era mais reservado, um homem mais velho com cabelos grisalhos e uma barriga protuberante. Eles tinham seu próprio ritmo para fazer as coisas, Graves mantinha seu interlocutor sempre ocupado e desconfortável. Já a especialidade de Michna era ficar observando tudo em seu canto, sem deixar passar nada com seus olhos de policial experiente. A combinação dessas características devia produzir uma dupla com altíssimas porcentagens de resolução de casos.

— Podemos entrar, Sr. Daddario?  — O tom de voz de Graves não dava abertura para uma resposta negativa. Seus cabelos castanhos ondulados estavam amarrados, e ela vestia uma jaqueta que escondia sua arma. Em suas mãos, ela trazia uma bolsa de couro.

— Claro.  — Eu abri a porta. — Querem alguma coisa? Café? Água?

 — Seria ótimo  —  disse Michna. Eu os conduzi até a cozinha e peguei uma garrafa de água na geladeira. Os detetives ficaram à minha espera no balcão,  Graves com os olhos cravados em mim e Michna de olho no ambiente ao redor.  — Você acabou de chegar do trabalho? —  ele perguntou. Eles já deviam saber a resposta, mas disse do mesmo jeito:

— Faz uns minutinhos. Vocês preferem sentar no sofá?

 — Aqui está bom  —  Graves falou com sua maneira séria de sempre, deixando a bolsa de couro sobre o balcão.  — Gostaríamos de fazer umas perguntinhas, se você não se importa. E mostrar algumas fotografias.

 Fiquei paralisado. Eu seria capaz de suportar ver as fotos que Nick tirou de mim? Durante um momento de desespero, imaginei que poderiam ser imagens da cena do crime, ou então da autópsia. Mas eu sabia que isso era bastante improvável.

— Do que se trata?

 — Surgiram novas informações que podem estar relacionadas à morte de Nick Sagar — disse Michna. — Estamos indo atrás de toda e qualquer pista, e pensamos que você poderia nos ajudar.

 Soltei um suspiro profundo e trêmulo.

— Eu posso tentar, claro. Mas não vejo como.

— Você já ouviu falar de Andrei Yedemsky? —  perguntou Graves. Eu franzi a testa.

— Não. Quem é?

 Ela remexeu dentro da bolsa e tirou de lá uma pilha de fotos em tamanho grande e os dispôs diante de mim.

— Este homem. Você já o viu antes?

 Com os dedos trêmulos, eu apanhei a foto mais próxima de mim. Era de um homem de sobretudo, falando com outro que se preparava para embarcar no banco traseiro de um carro. Era bonito, com cabelos loiros bem clarinhos e a pele bronzeada.

— Não. E ele não é do tipo de quem eu me esqueceria.  — Eu a encarei.  — Existe algum motivo por que eu deveria saber de quem se trata?

— Ele tinha fotos suas em casa. Tiradas na rua, ou então saindo ou entrando em casa. As mesmas que encontramos com Sagar.

 — Não estou entendendo. Onde ele arrumou essas fotos?

 — Provavelmente com Sagar  —  respondeu Michna.

Para Sempre Seu - Shumdario - 3 temporadaTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang