✧ 09

693 81 7
                                    

VIELAS, PERIFERIA.

C A I T L Y N

Armada e preparada para atirar. Dedo no gatilho, alvo na mira, o ponto vermelho bem no topo de sua cabeça. Nenhuma movimentação no piso. Eu podia estourar-lhe os miolos se quisesse.

Para a minha surpresa, ela se deitou no chão e abraçou os joelhos. Repetiu algo como "não vai, por favor", e meu peito doeu. O que antes era um silêncio, agora haviam passos sorrateiros pelo piso de cima. Estávamos em três, Ekko e Violet não fariam tanto barulho.

Os cabelos azuis esvoaçavam no vento. Estávamos quase no topo das Vielas. Lembrei de Jayce, que sabia onde estávamos, e o amaldiçoei quinze vezes mentalmente. Ou ele não confiava em mim, ou tinha medo de que fosse uma emboscada. De qualquer forma, me encontrei em um dilema: deixar que ela fosse pega, pegá-la ou ajudá-la.

Não que Jinx parecesse precisar de ajuda nas outras vezes em que ouvi falar dela. O problema é que, se aquela fosse minha irmã e nós estivéssemos naquela situação, eu queria ter a oportunidade de entender onde fomos parar sozinha; queria proporcionar isso para Vi, mas era uma alternativa que também colocava outros civis em risco, porque ela não era controlável.

Percebi que ela ouviu o piso de cima, pois se virou assustada. Só aí ela me viu. Antes que ela tivesse chance de me atacar por se sentir ameaçada, decidi agir como teria feito com uma criança:
abaixei a arma, a guarda e fiz sinal com a cabeça para a porta aberta à minha esquerda. Ela pareceu entender. Pensei por alguns segundos se esse foi o erro dos civis com os quais ela tinha esvaido a vida: achar que estavam no controle.

O semblante dela não parecia amigável, mas ela parecia lúcida. Mais lúcida do que eu. Talvez fosse o susto e o medo de ser pega, por ter sido emboscada em uma situação onde estava vulnerável.

— Vou distraí-los. Pegue esse corredor para o piso debaixo, sentido norte. Sua irmã está lá, ela vai proteger você.

— Por que está me ajudando? — ela perguntou, me encarando com desconfiança nos olhos.

— Porque você é importante pra alguém importante pra mim. Agora vai, antes que eu desista. Minhas algemas estão aqui. — Respondi ranzinza, tentando fazer com que ela fosse. — Jinx.

Ela olhou com expectativa, encontrando com meus olhos azuis.

— Aconteça o que acontecer, ouça o que ouvir, em hipótese nenhuma volte para trás. Entendeu?

A pequena figura balançou a cabeça e sumiu diante dos meus olhos. Permaneci de guarda, esperando que os demais chegassem. Jayce apareceu no piso com um olhar irritante sobre mim e o nariz em pé, de quem sabia que havia feito algo.

— Onde ela está? Ouvi você conversando com alguém.

— Lamento, conselheiro Talis. — Comecei, colocando a arma na defensiva por estar entre conhecidos. — Falo sozinha quando estou nervosa. Sinto em confundi-lo, mas trouxe seus homens até este piso para um desserviço. Entretanto... — Me aproximei da borda, olhando para baixo e depois para cima; parecia um buraco gigante. — Ouvi algo lá em cima, e esse não poderia ser minhas conversas comigo mesma.

Podia sentir a raiva dele ficando palpável. Sabia que eu estava mentindo e escondendo algo, mas também sabia que não iria arrancar nada de mim. Deixei-os atrás da minha pista falsa e esperei que se distraíssem, para voltar onde Violet e Ekko estavam anteriormente, procurando qualquer sinal de vida deles e Jinx. Meu corpo gelou quando me deparei com um desenho de óculos na parede feito com um líquido vermelho.

Procurada: VIIOnde histórias criam vida. Descubra agora