Capítulo 01 '' Traição"

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                                                            Deixada para trás
                                                               & Obsessão


         Esse livro é uma junção de " Deixada para trás" & " Obsessão"
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       "Animal não é comida, são criaturas criadas por DEUS, assim como nós". Vegetariana
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                                          Capítulo 1 – Traição

      Ano 2014, Maiorca, Espanha. Somente para você, contarei os meus segredos.
Amsterdam, ano 2007. Lá estava eu, sentada no chão imundo, em um quarto minúsculo e fedido. Bebendo vinho em uma taça suja, manchada com digitais de alguém que esteve naquele lugar decadente antes de mim. Assistindo, através de uma janela de vidro empoeirada, o ir e vir apressado das pessoas. Jamais me senti tão sem rumo: sem família, amigos, trabalho ou dinheiro, uma indigente ainda viva. Mas às coisas não foram sempre assim.
Digamos que vivi o luxo, e agora sou uma amiga íntima da sarjeta. Você deve estar se perguntando o porquê e como isso aconteceu? Meu marido e minha melhor amiga, me traíram e me roubaram. Minha vida aparentemente perfeita não passava de uma triste ilusão. A falsidade é um recurso excelente para o uso de venenos discretos e mortais. Você pode chamar como quiser " reencarnação , carma, olho gordo, Vudo ou Vodu , seja lá o que for, a explicação mais lógica é terra de cemitério.
      Aos vinte e seis anos de idade eu havia perdido tudo aquilo que um dia imaginei ter sido meu. Amsterdam, dezembro de 2007, dois graus abaixo de zero. Em uma tarde fria e silenciosa do rigoroso inverno europeu, lá estava eu, de pé, do lado de fora. Procurando na bolsa apressadamente a chave de casa na tentativa inútil de fugir do frio que castigava minhas mãos. Soprei um pouco de hálito quente na tentativa de aquecer um pouco as mãos. Depois de três longos minutos, encontrei-a debaixo de alguns papéis amassados. Girei o trinco da porta lentamente, tentando evitar que os seis centímetros de neve acima do nível do assoalho entrassem comigo. Logo percebi ruídos estranhos, vindos do andar de cima. Estremeci, imaginando ser um assalto residencial.
      Retirei dos meus pés o par de botas marrons cano longo, caminhei silenciosamente até chegar a cozinha, peguei uma colher de pau, depois subi os degraus da escada, em silêncio. Antes de chegar ao final da escada, descobri que os ruídos não eram de um ladrão descuidado, e sim, sussurros de prazer. Pela porta entreaberta, vi a intimidade entre John e Emilly, para ser mais objetiva, os dois estavam transando. Emilhy gemia igual à uma ...bom, não quero ofender os cachorros. Senti meu coração disparar, minha alma quase fugir, deixar meu corpo de vez. Deus... eu estava tão sombria! Felizmente, não cometi nenhuma bobagem, a colher de pau foi uma boa escolha. Num impulso, movida pela emoção, empurrei a porta e gritei: patifes miseráveis, o que significa isso? As lágrimas corriam pelo meu rosto, sem consentimento.
– John, como você pôde? Na nossa cama, e com a minha melhor amiga? - mesmo vendo a cena diante de mim, custei acreditar.
– Anita – disse-me ele, frio, sem qualquer emoção aparente –, Está não é mais a sua cama, nem mesmo é a sua casa- sorriu completamente indiferente.
– Não estou entendendo, aonde você pretende chegar com tudo isso?
– Anita – respondeu-me Emilly, então – Eu realmente desejei que as coisas fossem diferentes. Desculpe.
– "Desculpe" é tudo o que você tem a dizer? – Fomos amigas desde à infância, Emilly. O que fez você descer a um nível tão baixo? - questionei.
– Jamais fomos amigas, querida! Essa sua carência sufocante, a tendência por implorar atenção constante! Suportei demais! Agora é diferente, eu e John estamos apaixonados. Acostume-se- disse ela acendendo um cigarro e se recostando na cama.
– Maldita! – gritei – Malditos patifes! Saiam da minha casa agora, ou irei chamar a polícia para jogar os dois na rua. Não quero ver vocês nunca mais!
– Anita – repetiu John – Você não me escutou? Está não é mais a sua casa.
Acreditem, ele não estava mentindo. Além de traída, eu havia sido roubada. Assinei, enganada, alguns documentos dando direitos legais a John sobre todos os meus bens. John era uma ratazana, atuante no direito judiciário como advogado, especialista em finanças. Na verdade, foram eles que chamaram a polícia. Obviamente não aceite deixar à casa . No dia seguinte lá estava eu, estrelando a primeira página de um jornal. Descalça, descabelada, algemada e acusada de ter desacatado a autoridade policial. Dane-se, quem no meu lugar não usaria adjetivos vulgares ? À luxuosa casa comprada com o meu dinheiro, decorada com tanto amor, e repleta de recordações, passou a pertencer a Emilly .
         Depois do escândalo, meus supostos amigos desapareceram, fui banida do convívio . Eles fugiram de mim, da mesma maneira que fugiriam do vírus Ebola. Como dizem os marinheiros, os ratos são sempre os primeiros à abandonar o navio. Vez ou outra, lá estava à minha foto estampada nas folhas de um jornal sensacionalista ao lado do anúncio da funerária. Sempre com frases clichês do tipo: uma vida em decadência, sobrevivendo depois da traição , e assim por diante. 

Deixada para trásOnde as histórias ganham vida. Descobre agora