Capitulo 33

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O cheiro de álcool que cobre o ar me deixa um pouco enjoada. Quer dizer, mais enjoada ainda. Mas não é isso que faz minha cabeça rodar e meu coração querer saltar pela boca. São os olhos do Brian fixos em mim que me faz ter vontade de chorar, de gritar e fugir.

A forma como ele me observa, sem demonstrar nada me dá medo e faz meu estomago dá saltos, e eu sinto frio. Como se ele me congelasse pelo olhar. E eu me sinto indefesa, como se tivesse em uma grande arena cara a cara com um grande animal.

- Me desculpa. – Eu respiro fundo e sinto meu nariz e olhos arderem. Eu vou chorar. Eu não posso chorar. Não mais. Não aqui. Chega um ponto em que estamos tão cansados de tudo, que parece que qualquer coisa é motivo o bastante para cairmos no choro. E é nessa situação em que eu me encontro. Frágil. Cansada. Cansada de brigar. De fugir. De sentir.

Bato a cabeça na parede e tudo vibra, sinto uma onde de dor percorrer todo meu corpo e retorço meu rosto em uma careta. Olho pelo canto dos olhos para o Brian e ele está com um... Espera. Isso é um sorriso?

- Tá tudo bem? – Ele se arrasta para meu lado e põe a mão atrás da minha cabeça. Sua voz e sua pergunta me fazem ter vontade de chorar, chorar aqui, em seu ombro. Mas eu apenas fecho os olhos e respiro fundo, sentindo ainda as vibrações da batida na parede. – Bom, acho que foi uma pergunta estupida.

- Eu não sei por que eu fiz isso, sabe? – Respiro fundo e continuo com os olhos fechados. Tento fingir que estou sozinha e falar tudo que meu coração guarda. Mas isso é impossível quando a respiração do Brian bate no meu pescoço, fazendo meu corpo inteiro arrepiar e causando diversas sensações que eu nem sabia que podia sentir. – Eu não sou assim. E eu não brigo com ninguém. Eu não bebo. Eu nem ao menos vou a festas. E quando venho eu faço tudo que eu jamais faria em toda minha vida. E eu acabo estragando a noite de todo mundo. E...

Sinto algo quente escorrer pelo meu rosto e antes que eu possa passar a mão, eu sinto uma mão percorrer meu rosto, a mão é grande, os dedos, firmes, faz o percurso das lagrimas, secando-as. Tenho vontade de chorar ainda mais. Abro meus olhos e vejo que ele mudou de lugar, está ainda mais perto, perto o bastante para não me fazer pensar direito, fazer meu coração palpitar e minha respiração falhar completamente.

Antes que eu possa pensar em qualquer outra coisa, ele segura meu rosto com a mão que sacava minhas lagrimas e se aproxima conforme meus olhos, inconscientemente, se fecham. Quando seus lábios tocam os meus eu sinto um arrepio percorrer todo meu corpo, como uma vibração que toca cada celular pequena e me desperta.

Seu beijo começa suave e de repente ele parece desesperado. E é como se nossa vida inteira dependesse dessa intensidade. Eu sinto cada vez mais meu coração acelerar. Nunca imaginei em toda minha vida que um coração pudesse bater tão rápido assim e por apenas uma pessoa.

E então, eu penso.

Finalmente algo coerente passa pela minha cabeça e eu consigo raciocinar. Afasto-me do Brian e ele parece confuso. Mas eu é quem estou confusa. Porque ele não pode fazer isso comigo. Ele não pode me beijar dessa forma, desesperada e apaixonadamente, quando na parede ao lado tem uma menina linda e completamente apaixonada por ele, que, inclusive, é sua namorada.

- Porque você faz isso? – Me levanto rápido, antes que ele tenha a oportunidade de me puxar pelo braço e eu me render novamente aos seus olhos claros hipnotizantes.

- Isso o que? – Ele também se levanta, mas continua próximo, o que faz com que eu me afaste novamente. Parece que estamos até dançando. Dois passos pra trás, dois pra frente.

A forma sonsa como ele me pergunta faz meu sangue ferver. Sinto minhas mãos suarem e meu coração se agitar mais. Mas dessa vez não é por um bom motivo. Sinto-me uma louca por mudar de personalidade a cada segundo. Em um momento triste, no outro, apaixonada, no outro com raiva.

Just a Year - (COMPLETA)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora