Ops

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O silêncio durou por mais alguns momentos e eu esperei, sei que está notícia não é fácil para ninguém por isso dei logo de cara. Para a minha surpresa Cecilia foi quem quebrou o silêncio.

- O que você quis dizer com "estou morrendo"?

- Eu quis dizer que tenho uma doença extremamente grave e que pode me matar a qualquer momento.

- Como assim? Perguntou ela ainda sem entender direito.

- Eu tenho Isquemia Cardíaca Crônica. Resumindo uma doença que dificulta a passagem do sangue pelas minhas artérias.

As duas olhando para mim já estavam me deixando nervosa.

- E você diz isso assim pra gente? A queima roupa? Sem dar um aviso? Perguntou Gaby extremamente irritada.

- Desculpe você queria que eu deixasse um bilhete? Ou fizesse uma tatuagem na minha testa escrito "Estou morrendo!".

- Foi mal Ana é que eu não consigo acreditar você me parece tão saudável.

- Bem eu tomo remédios para isso, mas o risco é grande de eu ter um infarto ou coisa parecida. Mas olha eu quero dizer uma coisa eu avisei isso para vocês logo agora porque vocês iam me ver tomando um coquetel de remédios e iam suspeitar, mas eu não quero ninguém aqui me tratando cheia de dedos. Senão eu juro que vou para outro apartamento com meninas que não gostam de ler e infestados de baratas e vocês vão se arrepender amargamente.

- Para de ser tão dramática Ana, a gente vai tentar te tratar o mais normal possível mas é que o choque foi muito grande. Respondeu Gaby.

- Exatamente, nos dê um tempo para absorver a situação.

- Tudo bem vocês têm todo o tempo do mundo, eu é que não posso ter.

Eu recebi olhares furiosos em minha direção.

- Não tem graça! Disseram as duas praticamente ao mesmo tempo.

- Desculpa não consegui evitar, é que as pessoas que me conhecem a tempo já estão bem acostumadas com esse meu jeito brincalhão meio mórbido.

- Tudo bem a gente te perdoa, com uma condição. Disse Gaby me deixando extremamente curiosa.

- Qual?

- Que você me deixe todos os seus livros.

- Eu também quero.

- Vamos fazer o seguinte eu vou repartir minha coleção, está bom assim?

As duas se entreolharam e inesperadamente vieram me abraçar juntas, foi um momento muito intenso para mim.

- Bem agora chega de chororô porque nós temos muita coisa para arrumar, é mala para desfazer, roupas para guardar e eu estou cheia de fome.

- Somos duas.

- Somos três.

- Bem como a aluna de gastronomia aqui é você eu acho justo você fazer o jantar!

- Tudo bem dona Gaby eu até faço o jantar se a senhorita desfizer a minha mala.

- Isso é só porque eu sou preta, a escravidão já acabou tem muito tempo.

- Meninas vamos fazer assim que tal uma pizza para a janta? Propôs Cecilia com um sorrisinho no rosto.

- Eu concordo é tanta coisa para desempacotar.

- Por mim está ótimo contando que eu não tenha que arrumar a mala de mais ninguém.

Quando a Pizza chegou eu não tinha desfeito nem metade da minha mala, eu não sei por qual uma pessoa sai com tanta coisa de casa, Jesus! Se der mole tem até o meu telefone residencial aqui dentro dessa mala!

Depois de comer eu resolvi andar um pouco pelo campus, sempre gostei de andar sozinha, ouvindo um pouco de música no meu celular, esse tempo é muito bom para pensar e conversar comigo.

- Anabella você tem que tomar um rumo nessa sua vida, um dia você ainda vai matar alguém do coração com essa sua maneira de falar as coisas.

- Olha só eu falo do jeito que quiser você sabe que não adianta nada dar a notícia devagar as pessoas vão se chocar da mesma forma.

- E aí o que você achou delas?

- Eu gostei, acho que seremos grandes amigas.

- Vem você com essa mania de exagerar e ver um desconhecido como best friend forever.

- Eu acho que eu deveria para de falar sozinha isso é muito estranho as pessoas ficam olhando.

- Ué elas tão olhando é para esse teu cabelo rosa, adora chamar atenção e ainda põe a culpa em mim.

- Anabella cala a boca!

Eu estava tão entretida falando comigo mesma que não vi aquele ser bem na minha frente. Quando eu vi estava caída em cima dele e o pobre do violão do coitado estava do outro lado do campo.

- Sua louca você por acaso é cega?

- Desculpa mas por acaso eu sou a pessoa que está no meio do campus sentada na escuridão tocando violão?

E foi bem ali que aconteceu. Meu coração parou. Não literalmente, por favor não posso morrer agora, não depois que eu encontrei ele, o homem dos meus sonhos. O cara perfeito para mim. A parte que estava faltando, a tampa da minha panela, meu pudinzinho, meu brigadeiro, minha trufa recheada. Enfim era ele!

- Bem no mínimo você deveria me pedir desculpas por me atropelar assim.

- Desculpa, prazer meu nome é Anabella e eu sou quem você estava procurando.

- Você bateu com a cabeça? Eu não estava procurando ninguém.

- Não você não entendeu, eu sou a mulher da sua vida, sua cara metade ou como você preferir chamar.

- Agora eu tenho certeza que você bateu forte com a cabeça.

- Não você não está vendo? Sou eu!

- Olha obviamente você está confusa com o tombo e tudo mais, você precisa de ajuda para chegar ao seu apartamento?

- Não na verdade, mas eu adoraria se você me levasse para te conhecer melhor.

- Olha Bella né?!

- Ana na verdade, mas você pode chamar do jeito que quiser.

- Ana, isso é um tremendo engano, eu não estou esperando ninguém no momento e nem quero um relacionamento agora muito menos com uma garota doida que anda por aí com a cabeça nas nuvens e tem o cabelo cor de rosa.

- Ok! Você pode não querer nenhum relacionamento, mas não precisa ser tão desagradável, desse jeito ninguém vai querer mesmo ficar com você. E outra só pra você saber o meu cabelo cor de rosa ARRASA!

Eu sai dali pisando tão fundo que acho que quase perfurei o chão como eu pude me enganar tanto? Eu tinha certeza que ele era o cara. Ele era tão perfeito. Alto, com o físico magro, cabelos castanhos, os olhos de um marrom tão profundo escondidos atrás de uns óculos de armação preta, um sorriso que me daria um ataque do coração - talvez isso não seja uma boa coisa - e para completar ele toca violão, um artista. Perfeito!

- Eu falei para você que precisa tomar cuidado com o jeito que fala com as pessoas, você poderia ter sido mais sutil, mas não tinha que chegar matando.

- Cala a boca Anabella sinceramente se você falar mais uma palavra eu arranco a sua língua, puxa eu só quis ser sincera e eliminar o trabalho dele de ficar com várias garotas por ai, sendo que a perfeita era eu.

- Você realmente deveria se tratar.

- E viu como ele me chamou de Bella? Eu poderia ouvir isso a minha vida toda.

- Pois é mas agora ele te acha uma louca.

- Azar o dele e ponto final.

Eu não poderia acreditar que estava tão errada assim, vai ver que minha mente tem razão e eu tenho que ser um pouco mais sutil. Deixa pra lá.

A Rainha do Drama (Degustação)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora