Capítulo 24 - Ele vai embora

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Acabei quebrando a cara de novo. Eu sou patética. E idiota.

— O quê? Não! Claro que não, Cristine – Arthur responde, e vejo que ele está bastante nervoso. — Não foi minha intenção deixar você de fora, eu só… Droga! – resmunga. — Olha, eu juro que não fiz de propósito.

Fico completamente muda.

Arthur suspira.

— Vamos continuar essa conversa lá na mesa? – ele sugere, e eu apenas concordo com a cabeça. Estamos parecendo dois palhaços parados no meio do restaurante.

Começo a andar em direção à mesa sem esperar por ele.

Meu coração está prestes a sofrer um ataque, por motivos bem diferentes dos que eu achei que teria essa noite.

Me sento na mesa e logo Arthur faz o mesmo. Meu copo de suco ainda está no mesmo lugar, intocado, e eu o seguro só para ter algo para fazer durante essa conversa.

— Como eu disse antes – Arthur começa. —, eu não tive a intenção de esconder isso de você. O Afonso me fez a proposta na quinta-feira. Você já estava mal por não ter ganho o sorteio, eu só não queria te encher de mais coisas para pensar. E eu também nem tinha certeza se iria aceitar a proposta.

Me lembro dessa ligação que ele recebeu do primo, minutos antes de ter me dado uma carona até o shopping.

— E porquê não me contou depois, quando eu já tinha os ingressos do show? – questiono, encarando as minhas mãos que seguram o copo de suco. É muita coisa para digerir, e será ainda mais difícil se eu ficar encarando Arthur também. 

— Você estava feliz. Não queria encher sua cabeça com esse assunto antes do show.

— E então você decidiu aceitar essa proposta assim, do nada, sem nenhum planejamento?

— Eu fiquei meio relutante no início, mas depois pensei melhor e acho que vai ser bom para mim. Minha mãe também insistiu muito para que eu aceitasse. Vou estagiar e aprender mais da profissão que quero exercer no futuro.

Aos poucos, as coisas começam a se encaixar na minha cabeça. A razão para Arthur está estranho desde o começo da viagem, a conversa estranha que ele teve com a mãe por ligação pouco tempo antes do meu desmaio, a preocupação excessiva comigo e o modo como pareceu desesperado para que eu prometesse que cuidaria da minha saúde. 

Nada disso era um sinal de que ele estava apaixonado por mim, como eu tinha me auto iludido que fosse.

É porque ele vai embora. 

Tudo finalmente se encaixa na minha mente. E eu me sinto idiota pela enésima vez nessa noite. 

Eu prometi que não me machucaria por esse mesmo motivo de novo, mas estou fazendo exatamente isso. Só que dessa vez é ainda pior.

— Mas... e seus planos de fazer faculdade no próximo ano? – pergunto.

— Vou fazer lá. 

— Então você não v-vai mais voltar para cá? – gaguejo a pergunta, com medo da resposta.

— Claro que vou, né? Tenho que visitar meus pais, você, meus amigos. Não é como se eu fosse ir embora e simplesmente esquecer que também tenho uma vida aqui – ele ri, mas eu não conseguiria retribuir o gesto nem se quisesse.

Na minha cabeça, é exatamente isso que vai acontecer: Ele vai embora, e vai esquecer que eu existo.

Ok, talvez esteja sendo muito dramática e até egoísta, mas é tudo tão… Argh! 

Até Onde o Amor nos Levar | Amores Platônicos 03Where stories live. Discover now