Dois - Alice

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Parado ali com o braço estendido e um sorriso estonteante no rosto, era quase possível esquecer da expressão de medo que cruzou os olhos daquela empregada quando ela falou sobre Quentin

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Parado ali com o braço estendido e um sorriso estonteante no rosto, era quase possível esquecer da expressão de medo que cruzou os olhos daquela empregada quando ela falou sobre Quentin. No alto daquela escada ele parecia realmente um cavalheiro. Meu futuro cavalheiro. Infelizmente.

Quentin vestia uma calça escura com uma listra dourada que descia pela lateral das pernas, e a parte de cima de suas vestes era roxa, com uma faixa dourada que ia do ombro esquerdo até o quadril direito, e um cinto da mesma cor. O brasão da família estava bordado em sua manga, várias medalhas pendiam do lado esquerdo de seu peito, e ele usava a coroa de príncipe, que era encrustada de ametistas.

Apesar de achar o vestido que eu usava um tanto desconfortável, fiquei feliz por ele fazer jus a Quentin naquele momento. Eu tinha de me apresentar como uma princesa importante no fim das contas, e era o que as empregadas tinham conseguido me fazer, miraculosamente, parecer.

– Você está linda – ele disse com os olhos azuis dançando na minha direção, esperando que eu pegasse seu braço. – Princesa Alice Augustini.

A sensação do novo sobrenome fez meu estômago protestar, mas sorri mesmo assim e peguei sua mão. Era fria, mas firme, e ao mesmo tempo delicada. Uma combinação... interessante. Ele tinha mãos de quem não estava acostumado a fazer nenhum tipo de trabalho manual.

Quentin me conduziu pelas escadas lentamente, enquanto eu tentava não cair daqueles saltos enormes que tinham me obrigado a calçar. Eu sei, é de se esperar que uma princesa esteja acostumada com esse tipo vestimenta, mas eu não estava. Sempre que podia, andava descalça pelo castelo dos meus pais, corria sem parar, até que uma empregada me alcançasse e me obrigasse a calçar alguma coisa.

– Está menos nervosa? – ele perguntou com um sorriso cheio de dentes brancos perfeitamente alinhados. – Pedi às serviçais que preparassem um banho especial, espero que tenham seguido minhas ordens.

– Seguiram sim – me apressei a responder, lembrando-me da expressão nos olhos daquela garota. – Foram muito atenciosas. Mas você não precisava ter feito isso.

Seu olhar endureceu por um milésimo de segundo e depois relaxou, como se ele tivesse se lembrado de que devia ser um bom menino na minha frente.

– Mas é claro que precisava. – ele levantou minha mão até a altura de seus lábios e pousou um beijo ali. – Só o melhor para minha futura princesa.

Tentei sorrir naturalmente de volta e torci para que estivesse fazendo um bom trabalho. Apesar do tal pó relaxante, eu não estava muito relaxada. Se não tivesse tomado banho com aquilo, provavelmente não teria nem saído do quarto.

Ao chegar no final das escadas, fomos recebidos por meia dúzia de empregados vestidos formalmente, que fizeram uma reverência respeitosa enquanto passávamos e nos conduziram até a sala de jantar.

Juro pelos deuses, achei que fôssemos ter um banquete para umas vinte pessoas ao invés de seis. A mesa, gigantesca, estava repleta de todos os tipos de comidas que se pode imaginar: Carnes assadas, massas, grãos, saladas, frutas e bebidas das mais diversas cores e tamanhos. Aquilo poderia alimentar o castelo todo, com todos os empregados. Em pé na cabeceira da mesa, estava o rei Charles.

Coração de vidro [FINALIZADA]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora