Capítulo 2

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Hadrian acordou com a escada em cima do armário,onde ele era obrigado a morar balançando e poeiras caindo em cima de si,ele logo reconheceu que era seu primo gordo,Duda,no mesmo momento Hadrian conteve seu temperamento,sabendo que caso ele fizesse uma de suas "aberrações" levaria uma surra e ele não sabia se aguentaria,a dor das queimaduras do café que ele tinha sem querer esquentado demais,ainda ardia em seus braços,tapado por uma blusa de manga comprida muito maior do que o tamanho que ele deveria usar.

"Venha logo aberração,estamos com fome!"Petúnia gritou da cozinha e Hadrian revirou os olhos,se segurando mais uma vez para não gritar novamente que sua voz era irritante e piorava ainda mais quando ela estava sendo escandalosa,ele se lembrava muito bem da surra que tinha levado naquele dia que não conseguiu deixar a boca fechada,Válter lhe garantiu que seria ainda pior se ele fizesse isso novamente.

"Se você demorar mais um segundo eu vou te tirar daí pelos seus cabelos aberração!"Válter gritou,tirando Hadrian de seus pensamentos,ele levantou logo,estendendo o braço para o chão.

"Venha Anúbis,minha querida."Hadrian diz enquanto chamava sua familiar,a mesma se enrolando em volta da sua cintura,embaixo de sua blusa,escondida dos olhares,uma cobra,uma das mais perigosas e assustadoras,uma Basilisco,ele há viu murmurando um dia quando estava cuidando do jardim,o que ele não faria caso não fosse obrigado,ele odeia se sujar,não que ele pudesse evitar na situação que ele vivia.

Anúbis,o nome que ele tirou de um dos livros que era guardado no armário,ele tinha acabado de fazer cinco anos e já sabia ler,então ele usou essa capacidade para passar o tempo,em uma de suas aventuras pelos livros,ele descobriu um livro sobre mitologia e quando sua nova companheira disse que não tinha nome,ele logo lembrou de Anúbis,o deus dos mortos conforme a mitologia egípcia diz e o significado de seu nome era "abridor dos caminhos".

Foi exatamente isso que Anúbis foi para ele,quando o explicou o que era um ofidioglota e sobre todo o resto do mundo mágico,foi uma surpresa quando ela disse que ouviu bruxos citarem seu nome,ela lhe contara tudo o que sabia e agora ele estava ciente que o que seus tios idiotas disseram para ele sobre seus pais,era mentira,eles morreram lutando pela sua vida e não bêbados em um acidente bobo de carro.

Ele também sabia que foi culpa de um velho barbudo chamado Alvo Dumbledore que ele estava passando por todos esses abusos,isso o enchia de raiva,mais ele não podia fazer nada,de acordo com Anúbis ele precisava esperar até seu aniversário de onze anos,mais ele não sabia quanto tempo mais aguentaria nesse maldito inferno.

Quando todos já tinham enchido a barriga,claro,menos Hadrian,Válter começou a falar,chamando a atenção para si.

"Escuta aqui aberração,infelizmente a Sra Figg não estará disponível para cuidar de você hoje e eu prometi para meu querido filho que lhe levaria ao zoológico,você vai conosco,não confio em você para ficar sozinho na minha casa,mais guarde minhas palavras,uma gracinha,só uma e eu mato você!Entendeu?"Válter perguntou e Hadrian assentiu,segurando sua raiva por ser chamado de aberração,agora que ele sabe que é um bruxo,era mais difícil suportar os insultos,trouxas idiotas,eles pagariam um dia,mais enquanto isso,ele seria obediente,ele era sensato afinal e agir de forma ao contrário agora só lhe resultaria em mais machucados e ele já estava cansado de ganhar novas marcas pelo corpo,não que alguém se importasse com isso além dele e de Anúbis,a prova disso era seus professores,todos eles já tinham vistos as marcas,sem perguntas,sem denúncias,ele só tinha cinco anos,mais sabia que as coisas não deveriam ser assim,Duda não vivia assim e nem seus amigos,por que ele sim?

(...)

Hadrian se segurou para não revirar os olhos para aquelas criaturas patéticas a sua frente,Válter estava tentando chamar a atenção da cobra para um Duda emburrado por ser ignorado pela mesma,eles logo desistiram,se voltando para outro animal e só então Hadrian se aproximou do vidro,olhando para a linda cobra.

"Olá lindo."Hadrian disse,enquanto a cabeça de Anúbis saia de onde estava escondida para olhar.
Curiosa,Hadrian sorriu com o pensamento,logo depois começando uma pequena carícia em sua querida companheira.

"Oh!Um falante!?Nunca conheci nenhum antes!Cheguei a achar que não existiam."A cobra disse,parecendo muito curioso,Hadrian sorriu carinhoso,ele não tinha ninguém para amar e não se importava,mais ele tinha um amor enorme pelos animais, especialmente as cobras.

"Existimos sim querido,só somos muito raro e eu peço desculpas pelos humanos idiotas de antes,não deve ser fácil para você ser incomodado desse jeito o dia inteiro,todos os dias não é?"Hadrian perguntou,com pena.

"Há sim!É Horrível,eu nasci já preso,nunca conheci nada além de vidros e posso perguntar quem seria essa?"A cobra disse olhando para Anúbis.

Antes mesmo de Hadrian poder responder,uma Anúbis orgulhosa o interrompeu.

"Me chamo Anúbis,nome escolhido pelo meu pequeno mestre e você,como se chama?"Anúbis disse animada,Hadrian olhou para aquilo,por um momento esquecendo do inferno que era sua vida.

Antes mesmo da cobra poder responder,Hadrian é brutalmente empurrando,ele cai no chão e olha indignado para Duda que estava batendo novamente no vidro,Anúbis sibila irritada e Hadrian estava mais ainda,ele se sentiu tanta raiva,que de repente o vidro não existia mais,Duda tinha caído no santuário da cobra enquanto a mesma saía,parando ao lado de Hadrian.

"Muito obrigada pequeno mestre, finalmente estou livre,eu sinto que devo a você,me deixe ficar ao seu lado,assim posso lhe proteger."A cobra diz com convicção e Hadrian não podia dizer não,antes que seus tios idiotas prestassem atenção nele,ele soltou Anúbis e a mandou guiar a outra cobra para o lugar que ele negava chamar de casa.

Quando ele olhou para cima e encontrou o olhar furioso de Válter,ele sabia que estava completamente ferrado,mais ele tinha certeza que nunca se arrependeria,agora ele tinha mais um amigo.

A idéia de se arrepender chegou forte quando eles passaram pela porta da casa e Válter o jogou com força contra a parede,suas costelas estalaram de dor e ele reprimiu um grito,elas já não estavam muito bem depois do um chute que ele ganhou de Válter.

Depois que Válter mandou Petúnia levar Duda para cima,Válter se voltou para ele com força total,um soco atingiu seu rosto,seu nariz ardeu demais e algo com gosto metálico escorria para a sua boca,ele tinha certeza que era sangue.

"EU TE DISSE MOLEQUE!"Válter gritou tão alto que os ouvidos de Hadrian doeram e ele teve que se controlar mais uma vez e parar de imaginar como seria arrancar a língua do tio,ou melhor,a garganta,assim ele nunca mais gritaria.

"Eu te disse para não fazer nenhuma gracinha!Olha o que você fez para meu querido filho!!Você vai pagar aberração e vai aprender a obedecer,eu já estou cansado de você retrucar,hoje eu vou te colocar no seu devido lugar!"Válter disse alto e mesmo que seu corpo tremeu de medo por um segundo,quando ele achou que tinha visto os olhos do sobrinho ficarem vermelhos,ele não parou.

Quando Hadrian foi jogado no armário,dessa vez ele não conseguiu reprimir o grito que saiu da sua garganta,ele fechou os olhos com força e não conseguiu segurar as lágrimas que caíram,mais elas não eram de tristeza,era de pura raiva.

Além de seu nariz estar latejando,seu braço estava torcido,provalvemente quebrado e deve ter piorado quando ele caiu em cima do mesmo,sua perna estava em uma forma muito estranha,quebrada também,ele podia jurar que via algo branco sair dela,ele pensou horrorizado que talvez seja seu próprio osso.

Todo seu corpo ardia por conta dos arranhões que as unhas de Válter fizeram quando ele tentou se arrastar pra longe de suas garras,sua cabeça doía e dessa vez ele achou mesmo que era seu fim,seus pensamentos estavam ficando mais confusos e sua visão cada vez mais turva,ele nem reparou nas duas cobras tentando falar consigo.

Ele só pensou que estava cansado,com raiva,com dor e só queria ser livre,ele nunca tinha desejado tanto a liberdade,um lugar seguro,uma vida diferente.

De repente sua visão escureceu e a dor piorou,ele nem conseguiu reparar que não estava mais no armário,em vez disso,estava em uma linda cobertura,provalvemente de um prédio,ela era luxuosa e esbanjava riqueza,no meio tinha um piano e ao canto um bar com partileiras cheias de bebidas.

Ele ouviu suas cobras sibilando assustadas antes de não ouvir mais nada.





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