Occulta Tenebris

Capítulo 10: Amor Fraterno.

Dentro de seu quarto, Sophie foleava seus livros em busca de alguma novidade, mesmo sabendo que não teria uma palavra sequer que ela não conhecesse daqueles livros velhos que carregava consigo desde a época do orfanato. Entediada, deitou-se de bruços na cama, apenas imaginando o que os outros estariam fazendo. Estava um pouco preocupada por não saber onde Carter e Isabella estavam, ou se Owen não causaria problemas a Alice, mas principalmente com Noah, do qual ela não ouviu um ruido sequer na casa. Decerto, imaginou que estaria dormindo, afinal, já passava de meia noite e o rapaz era como um bebê, tendo seu próprio horário para dormir. Sophie bem sabia disso, pois era como a babá de todos eles.

Como a segunda mais velha dentre os detetives, Isabella assumiu o papel de "mãe do grupo", sempre cuidando da alimentação, se preocupando com os agasalhos e zelando pelo sono dos demais. Dava muitas broncas, principalmente em Noah e Carter, que travavam uma disputa para ver quem se colocava mais em risco nos casos. Isabella e Owen sempre aliviam o stress dela, tomando conta de si mesmos, mas mesmo assim, ela quem da puxões de orelha sobre se agasalhar bem para Isabella, que vive ficando gripada e brigando para Owen se alimentar e dormir direito.

Com todo esse peso em seus ombros, Sophie achou nos entorpecentes, um alívio momentâneo. Sempre que achava uma brecha em suas tarefas, se afasta dos outros jovens para fumar na Van - um cigarro diferenciado, se é que me entende - e tentava limpar o máximo possível do veículo para não ficar evidente o cheiro. Owen sempre soube, graças ao seu ofato apurado, também porque sua amiga vivia atacando a geladeira depois de sair da van.

Nesse momento, ela não tinha acesso ao seu estoque de maconha que estava escondido na Van. Sua cabeça começou a doer, já não sabia se era abstinência ou stress, só queria um trago em seu cigarro para aliviar tudo aquilo. Como se não bastasse, seu estômago começou a roncar. Mesmo que fosse magra, sophie sempre estava com fome, atacando qualquer petisco que visse pela frente. Muito disso se deve a sua natureza Híbrid.

Sophie foi um caso raro onde uma Vampira de sangue puro engravidou de um humano.

Diz a lenda que o criador os fez como guardiões da humanidade no início dos tempos, com um poder imenso, capaz de dizimar raças inteiras. Mas, tão grande quanto seu poder, era seu ego, por isso, não demorou para se rebelarem junto dos demônios e anjos caídos. O Senhor então os amaldiçoou; foram condenados a permanecer nas trevas, temendo a mínima luz do dja, também passaram a beber sangue dos homens para saciar sua fome eterna. Para que não houvesse mais como eles de sangue puro, o senhor lhes tirou a fertilidade.

Mas o milagre se deu quando uma vampira se apaixonou por um humano sem nada de tão especial, filho de camponeses.

De acordo com as histórias que ouvia no orfanato sobre seus pais, ambos se amaram tanto, que esse amor precisou ser passado adiante. Como um milagre divino, nasceu Sophie, a híbrida perfeita das duas raças. Nunca na história houve relato semelhante, o que a tornou um alvo assim que veio ao mundo. Uma criança com poder divino dos guardiões das trevas, que podia caminhar livremente na luz do dia. Foi vista por muitos como uma grande arma.

Na tentativa de protegê-la, seu pai lutou bravamente, mas veio a falecer devido a força daqueles que a procuravam. Temendo pela vida de sua pequena e a guerra que poderia causar a existência de tal criança, sua mãe a deixou no orfanato nos seus primeiros meses de vida e desapareceu no mundo, talvez para despistar qualquer um que a procurasse. Desde então, Sophie foi educada por freiras, mulheres bondosas que cuidavam do orfanato e nunca soube do paradeiro de sua mãe ou se ainda estava viva.

Foi ensinada desde pequena a controlar sua sede por sangue, podendo se alimentar tanto de sangue quanto de comida humana. Foram poucas as vezes que sentiu o sabor do sangue humano, mas foi mais que suficiente para nunca esquecer. Ela sabia que quanto mais consumisse, mais louca por poder ficaria, contudo, ainda possuía a maldição do sangue e deveria consumir sangue humano se quisesse manter a sanidade. A solução para isso, foram doações de sangue que recebia da Ordem. Nunca quis saber quem eram os doadores para não sentir culpa.