20. ele é um bom companheiro...

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é como uma brisa fresca num dia quente de verão. o assopro para aliviar a ardência de um arranhão. uma melodia agradável e convidativa após o som assustador de um trovão. é como um afago carinhoso depois de um tapão. é mais ou menos assim que é estar com choi yeonjun depois de brigar com choi soobin.

é leve. natural.

beomgyu tem a impressão de que se estivesse sozinho, estaria chorando, desolado, perdido, sem saber muito bem como lidar com tudo aquilo que é novo para si. ele estaria se culpando, estaria se martirizando, se sentindo horrível por ser incapaz de agir com maturidade e, por isso, estar perdendo o namorado para os amigos maduros dele. qualquer outra situação que não fosse estar na companhia de yeonjun, certamente, o traria sentimentos ruins, melancolia. e é estranho se dar conta de que não dói tanto assim — ao menos não tanto quanto sabe que deveria — pelo simples fato de estar sentado no sofá da pequena sala que o apartamento dispõem, sustentando o olhar do mais velho, o vendo sorrir para si sem qualquer motivo aparente.

yeonjun, nesse momento, se parece com um mascote fiel que percebe que o dono precisa de amparo e se mantém ao lado, oferecendo o seu melhor para consolá-lo. só que, diferentemente de um mascote fofo, yeonjun tem um brilho a mais no olhar que ultrapassava as barreiras do fofo para mais além. muito além. tem complacência nos olhos e conforto no sorriso. além, é claro, do charme natural espalhado pelo corpo que jaz largado confortavelmente sobre o estofado.

eles ficam imersos no silêncio por um tempo, até que beomgyu, por fim, diz: "e então, você concordou em me ajudar a esquecer, não é?", num tom perceptivelmente zombeteiro. ele só quer parar de pensar demais no que tudo isso é. porque é estranho. e não apenas isso.

yeonjun se remexe sobre o sofá, como um alguém preguiçoso e indisposto, e murmura: "não me pressione. fazer as coisas por impulso agora pode acabar nos complicando", e beomgyu não faz ideia do que ele quer dizer.

"você não tem jogos? nem mesmo os de tabuleiro? ou, sei lá, vamos ver um filme", inocentemente sugere e vê yeonjun rir.

"você não prefere sair? sei lá, ir para alguma sorveteria ou...?", e embora faça sugestões que incitam algum tipo de animação, não se move, e permanece preguiçosamente encarando beomgyu.

"se for algo que você queira fazer, então, ok. podemos fazer isso", concorda, mesmo que prefira não.

"tudo bem. eu vou pegar os jogos".

yeonjun se levanta lentamente, caminha para um pequeno corredor e desaparece em uma das portas. beomgyu tenta não se atentar demais a como o mais velho parece hesitante, como se quisesse dizer algo que não sabe como ou algo assim. pensar nisso o faz cair em si de que talvez esteja atrapalhando os planos do universitário. e se ele estivesse esperando alguém? então, além de imaturo, bebê chorão também é empata foda? é, talvez yeonjun não tenha encontrado um modo gentil de o dispensar e por isso estão nessa situação agora.

beomgyu se sente péssimo, pela segunda vez num curto período de tempo.

quando faz menção de se levantar, com o único propósito de ir embora, yeonjun retorna trazendo consigo alguns jogos de tabuleiro.

o mais velho diz, distraidamente, enquanto coloca os jogos sobre o tapete disposto no meio da sala: "encontrei esses, mas são bem antigos. na verdade eu nem sei de quem são".

beomgyu fica tenso e desconfortável enquanto observa o universitário e pensa que talvez seja melhor ir.

yeonjun parece notar o seu conflito e pergunta: "qual é o problema?".

beomgyu refreia o ímpeto de responder imediatamente "eu". ao invés disso, desvia o olhar do mais velho e olha pela a janela disposta na parede ao lado. as janelas são bem grandes, tanto que um olhar casual pode causar certo desconforto no vizinho, já que o interior do apartamento fica mais exposto do que deveria. inclusive, nesse momento, beomgyu observa o senhor do apartamento do bloco ao lado caminhar, calmamente, com uma xícara em mãos. talvez com café ou quem sabe chá...

"beomgyu", yeonjun o chama, delicadamente, atraindo o olhar e a atenção do mais novo novamente. "o que foi?".

foi toda a determinação — e sabe-se mais lá o quê — por água abaixo. de repente perdeu o sentido estar ali, importunando o universitário com as suas coisas de casal. e beomgyu quer levar isso numa boa para se sair o melhor possível dessa situação ligeiramente estranha, mas sente que nada que faça poderá ajudar.

com uma risadinha irônica posterior a um estalar de língua audível, que o dá um ar de desleixado prepotente, ele diz: "você sabe que pode me dispensar, né? e que não precisa fazer isso se não quiser".

"fazer isso o quê exatamente?", yeonjun se mostra verdadeiramente confuso.

"me receber aqui num sábado a noite e se desfazer dos seus planos", responde como se fosse óbvio, porque — pelo menos — deveria ser.

yeonjun se arrasta para sobre o sofá, deixando os jogos totalmente de lado e focando única e exclusivamente no garotinho acuado sentado no sofá. beomgyu sente a aproximação e fica tenso instantaneamente. e como não ficar? é a pergunta. ele quer muito que tudo entre eles aconteça naturalmente, mas depois daquele maldito episódio no banheiro, mesmo que mantivessem distância, mesmo que tenham passado mais tempo conversando por mensagens depois do ocorrido, alguma coisa ainda permanecia presente, tão forte que quase se torna sólido, físico e tocável. e talvez seja também devido ao clima que paira entre eles no momento, a penumbra na qual se encontram e o olhar atipicamente afiado de yeonjun... tudo isso fortifica essa... coisa que existe entre eles.

"eu realmente não me desfiz de nada para estar aqui agora. e sendo bem sincero, eu não teria problema nenhum em fazer, se fosse o caso. eu viria de onde quer que eu estivesse pra... te apoiar", a última palavra é pronunciada de um jeito intenso que causa arrepios em beomgyu.

e isso — a intensidade — é tão inegável que se torna difícil de sustentar e beomgyu precisa desviar o olhar do yeonjun — de novo e mais uma vez —, porque se sente... um pouco sufocado.

"você é um bom amigo, hyung", murmura desconcertado, principalmente ao perceber que yeonjun está tão perto que seus joelhos quase se tocam.

yeonjun ri baixinho e diz: "sim, com certeza eu sou".

[ pausado ]

este foi o último capítulo antes de uma pausa forçada e necessária. mas não se preocupe, não é definitivo ou por tempo indeterminado. é só que os capítulos terão um espaço maior entre as postagens, porque assim como um fumante precisa dos cigarros num momento de estresse, eu preciso escrever pra liberar a tensão, então, mesmo que as coisas estejam corridas, eu vou usar de um tempo que eu definitivamente não tenho pra escrever.

vou aproveitar esse momento (de notas no final do capítulo, já que não costumo fazer porque nunca tenho nada a dizer) pra agradecer aos votos e comentários, então, obrigada.

sintam-se a vontade para dizerem como se sentem sobre a fic e por favor, esperem por heyahe ❤️

해야해 (heyahe)حيث تعيش القصص. اكتشف الآن