sete infernos diários

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Vejam só onde eu cheguei
Mais uma vez à beira
Não me admiro que mais uma vez deixei
Minha insegurança me derrubar de primeira

Em primeiro lugar, se a inveja realmente matar
Sinto que o meu âmago já está atingindo
Posso ouvir o meu cerne gritar
Posso sentir esse sentimento me invadindo

Mesmo que eu tente, e sim eu tento
Meus passos são praticamente inexistentes
Não importa o quanto dura o momento
Minhas reações ainda soam indiferentes

Em segundo lugar, continuando
Por que será que o mundo continua girando?
O desespero tomando conta de tudo meu
Mais uma vez, posso dizer que meu auto-controle se perdeu

Talvez eu deva parar de me cobrar
Pensar nisso me atinge como uma facada
Sinto que me fechei em um lugar escuro
Sinto que ainda mais minha sanidade foi roubada

E mais uma vez, lá vamos nós de novo
Terceira vez e dessa vez com reprise
Rendendo-me para um estorvo
Minha timidez sendo o palco para mais uma crise

Não consigo olhar nos olhos de ninguém
Eles me parecem tão intimidadores
Talvez isso eu deva a um certo alguém
Alguém que me fez perder o gosto pelas cores

Quatro, cansei de me sujeitar a essa condição
Queria ser como as outras pessoas ao meu redor
Talvez elas achem que eu as odeie, porém não
Não odeio ninguém, apenas estou tentando não me sentir pior

No meio da noite, meus pensamentos me invadem
Em quinto lugar, continuo tentando fazer com que parem
Minha imaginação ainda enche meu estômago de borboletas (então é aí que elas estão)
Enquanto minha mente se enche de memórias estreitas

Não posso dizer que estou acostumado
Gostaria de deixar isso tudo de lado
Mas por que eu ainda me importo tanto?
Por que essas ocasiões ainda me causam espanto?

Prosseguindo para o sexto, sinto-me perdido em mim mesmo
Perdi a minha essência, minha força de vontade
Aonde posso ter deixado a minha resiliência?
Preciso encontrá-la antes que seja tarde

E, claro, em sétimo e último lugar
Estou batalhando cada vez mais para me encaixar
Temo que minhas tentativas sejam em vão
Mas é impossível descer mais quando já está no chão

E esses são meus sete infernos diários.

aonde foram as borboletas • volume 1Onde as histórias ganham vida. Descobre agora