Propriedade (de ninguém) do reino

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Daze Bechen, curador da moeda de Leste-Ilaria corrupto, assassinado por Nikolai.

Deveriam ser parentes –será que esse seria o motivo de Hayes estar conversando com a resistência?

Ao endireitar-se, interagia como se nunca tivesse nos visto, interpretando a mentira.

–Sou senhorita Cordélia Sage. –Voltando a mim depois de ouvir a apresentação de Cordélia, indicou a cabeça em minha direção, indicando que eu fizesse o mesmo.

–E a senhorita é...?

–Amélia. Não precisamos ser tão formais, chamar-me apenas como Amélia é suficiente. –Menina idiota! Por que, de todos os nomes possíveis, de todos os nomes que você mesma já usou, teve que falar logo o que dera à resistência para referir-se a você?

Acalme-se, Sombra, não é como se você tivesse assinado qualquer porcaria com o nome Amélia. É apenas uma bravata, ninguém pode usá-lo contra você –e ninguém usará, já que ele, silenciosamente, selava nosso acordo de discrição. Assim espero, pelo menos.

Não consegui pensar em um sobrenome bom suficiente, então preferi inventar uma desculpa qualquer para dizer apenas o primeiro nome.

–É um prazer conhecê-las, senhoritas. Se me dão licença, irei me estabelecer no castelo e tentar descansar depois de tão longa viagem. –Como se você já não estivesse na cidade, guardei para mim.

Acho engraçado o conceito de confiança e fidelidade que existe dentro da corte.

Eu costumava me considerar falsa. Acontece que o restante não era tão diferente de mim –ao menos eu reconheço o que sou.

__________

–Estão prontos! –Eira entrara animadamente em meu quarto com uma pilha grande de tecidos em seus braços seguida por Wren carregando algo parecido.

Eu ainda estava com minha bandeja de café-da-manhã disposta sobre a cama, a camisola sobre meu corpo e meu cabelo revolto depois de uma boa noite dormida.

–O que está pronto? –Perguntei com meia torrada em minha boca, intercalando meus olhares entre elas.

–Os vestidos para sua viagem! –Cordélia dissera juntando as mãos, empolgada, abrindo um sorriso de orelha a orelha enquanto as outras duas mulheres colocavam os vestidos cuidadosamente sobre minha cama, suficientemente atrás de mim para que migalha nenhuma caísse sobre seu trabalho minucioso. –Mas vocês já conseguiram fazer todos arremates? Pensava que levaria até amanhã sem a minha ajuda.

–Suas mãos são bem habilidosas, Cordélia, mas não insubstituíveis. Wren e eu somos bem capazes. –Eira argumentava já desdobrando as vestimentas e esticando-as sobre o lençol, sendo ajudada pelas outras duas. –Além disso, aproveite seu cargo como dama, você mereceu.

Cordélia, envergonhada e modesta, comprimiu um sorriso tímido abaixando a cabeça, reação essa que durara menos que um segundo e no próximo já estava colocando minha bandeja sobre a penteadeira e me puxando pelo braço a fim de deixar-me de pé, de frente à cama e ao que queria mostrar-me.

Meu fôlego fora roubado de mim ao absorver o que haviam feito para mim.

Eram diversos vestidos, em sua maioria vermelhos, alguns com detalhes pratas e outros pratas com detalhes vermelhos.

O nome da sombra - Crônicas de sombra e luzWhere stories live. Discover now