A leoa de Esparta

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Logo após a grande batalha entre Leônidas e Xerxes no desfiladeiro de Termópilas, onde o espartano e seus 300 guerreiros lutaram bravamente para proteger seu povo da tirania e do exército monstruoso liderado pelo persa que se autoproclamava Deus-Rei, diversas histórias foram contadas e se espalharam por toda Grécia.

Algumas tomavam Leônidas como vilão, na tentativa de manchar a reputação e memória do grande líder espartano. Mas a verdade era forte demais pra ser ignorada ou distorcida daquela forma. A história sobre como Leônidas, o lobo de esparta, quase conseguiu alcançar a vitória com sua força bruta e estratégia de guerra, dizimando incontáveis exércitos persas, com apenas 300 homens se espalhou pelos quatro cantos da Grécia, inspirando novos povos e seus exércitos a se unirem contra a tirania de Xerxes.

Muitas foram as vidas gregas ceifadas pelo exército persa. E devido às grandes baixas nos exércitos gregos, que eram exclusivamente formados por homens, os povos não tiveram outra alternativa a não ser deixar que as mulheres fossem integradas aos treinamentos militares, se preparando para a grande guerra e somando reforços para unir as tropas. A liderança dessa revolução pelo direito das mulheres irem à guerra veio da grande rainha Gorgo, viúva de Leônidas. Que deixou bem claro perante o parlamento que as mulheres de Esparta não ficariam sentadas vendo seus maridos e filhos morrerem sem que elas pudessem lutar por seus amores. Primeiramente Esparta, e consequentemente suas famílias.

A notícia sobre mulheres guerreiras lutando bravamente, lado a lado com os homens, se espalhou pelas cidades como areia seca sendo levada pelo vento. Muitos tradicionalistas da época julgavam esse avanço como o início do fim dos tempos, onde os homens teriam sua virilidade e honra jogadas na lama ao lutar lado a lado com seres naturalmente inferiores e submissos como as mulheres.

Porém, esses mesmos tradicionalistas tiveram suas cabeças empilhadas sobre a lança dourada da rainha Gorgo, que sozinha, caçou e matou todos os covardes que se opuseram desastrosamente a permitir que as mulheres lutassem por suas vidas de forma digna.

E sendo ela a própria general das tropas militares de Esparta, Gorgo incentivou a formação de um grande número de mulheres guerreiras com sede de sangue, que cresceu rapidamente e se espalharam como uma praga pelas cidades e vilarejos vizinhos dominados pelos persas.

Pondo em prática seu treinamento de guerra, essas mulheres letais munidas de lanças, escudos, estratégia, força bruta e inteligência realizaram grandes feitos ao tomar de volta os territórios antes dominados. Inúmeros andarilhos que povoavam a Grécia durante esses anos se encarregaram de espalhar as histórias pelos quatro cantos do continente, contando em detalhes sobre como um exército de mulheres espartanas derrotou sem dificuldades centenas de inimigos persas. E como agora tinham o direito de carregar o respeito e a honra de batalha cravados em seus escudos e elmos, brilhantes de sangue.

Diante disso, a hegemonia de Esparta crescia mais a cada dia. Principalmente devido à perfeita união entre os homens e mulheres no campo de batalha, que agora tinham a missão de expandir o território de espartano por toda Grécia, levando seus costumes brutais de guerra a todas as cidades dominadas.

Em pouco tempo, por conta das mortes incessantes e das perdas numerosas nos exércitos vizinhos, que tinham cada vez menos homens para serem escalados, as cidades pequenas que corriam riscos maiores de dominação acabaram por não ter outra escolha a não ser seguir o exemplo de Esparta e permitir que as meninas saudáveis se tornassem jovens guerreiras. 

Atenas foi uma das únicas cidades a implementar o treinamento igualitário entre homens e mulheres sem a necessidade de ameaças vindas de outros povos. Como a cidade desenvolvida e diplomática que era, e tendo como ponto forte o gigantesco marco da democracia, Atenas se igualou em pouco tempo às tropas militares espartanas, se tornando também uma das maiores potências militares da Grécia.

A leoa de Esparta - CatradoraOnde histórias criam vida. Descubra agora