Capítulo 52

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Uma semana havia se passado desde que ela concordara com o plano de Rafael. Ela vinha fingindo cooperar com o que quer que Diego pretendesse, aproveitando esse tempo para aprender mais sobre si mesma. Sobre suas habilidades.

A rotina era sempre a mesma, com exceção do primeiro dia, quando precisara realizar diversos exames com Rodrigo. Sua semana consistiu em acordar cedo, seguir alguma guarda que estive em sua porta naquela manhã até o refeitório, tomar café com Rafael e então seguir para as aulas. Ao terminar, encontrava novamente com o garoto para almoçarem e realizarem qualquer lição extra no refeitório. Então seguiam para o grande ginásio de treinamento. Essa era a melhor parte do dia.

Mirabela nunca imaginara que fazer exercícios seria tão bom. Todos os dias tinha uma hora de autodefesa e então deveria se juntar aos outros jovens para treinar suas habilidades.

Ela descobrira que haviam várias pessoas com o mesmo tipo de dom, que separavam-se em grupos para treinar. Segundo Rafael levava entorno de uns três dias para saber qual grupo era o seu, baseado nos resultados dos exames e no que você sabia de si mesmo.

Ela não teve tanta sorte. Uma semana se passara e Mirabela não sabia exatamente a qual grupo pertencia. Os exames também não ajudavam muito. Rodrigo dissera, de maneira empolgada e radiante, que ela era um caso único: Sua habilidade poderia ser comparada com metamorfose, ou seja, poderia ser o que ela quisesse. O que melhor servisse a ela no momento.

Algo incrível e assustador. O principal problema era que não havia ninguém como ela para ensinar-lhe. Uma semana havia se passado e Mirabela não tinha quase nenhum controle sobre sua metamorfose. E ela chegava à conclusão de que precisaria adiar a fuga.

Ela não se importava mais com o descaso da família quanto a seu sumiço, desistira de esperar por eles. Seria sua própria heroína. Fizera as pazes com Gustavo, que nos últimos dias passara a treinar autodefesa junto com ela e Rafael. Na verdade, ela não pretendia mais fugir sozinha.

Mirabela pensava se, caso permanecesse por mais tempo e fizesse mais amigos, não seria capaz de conseguir mais aliados também, ajudar a mais pessoas. Mas Rafael manteve seus pés no chão, lembrando-a que, quanto mais gente soubesse do plano, mais fácil de cair em mãos erradas e dar errado.

O plano ainda não estava exatamente articulado, pois o único momento em que os três poderiam se reunir sem interrupções ou medo de serem ouvidos era durante o jantar, que cada jovem poderia fazer no horário que quisesse, permitindo que eles se encontrassem quando o refeitório estivesse vazio, o que era raro e urava pouco. 

Sendo assim, o trio concordara em adiar para a próxima semana, quando ela provavelmente teria melhor domínio sobre suas habilidades e eles pudessem ter uma ideia mais clara sobre o que fazer no momento da fuga.

Talvez eles tivessem conseguido caso Robert não decidisse agir antes. 

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