Ele está encostado contra a minha porta do quarto com seus braços cruzados no seu peito. Ele está me observando, e pelo visto não percebeu que eu estou te encarando. Eu me enrolo no cobertor, ainda não tendo terminado de dormir, eu coloco as cobertas sobre a minha cabeça.
— Feche a porta quando você for embora — eu digo, esperando com que ele saia, sem dizer uma palavra. Eu sei que precisamos conversar, mas certamente isso não vai acontecer agora, sei lá que horas são, mas eu preciso dormir.
— Por que estou aqui? — Ele pergunta confuso.
— Se você não sabe, imagina eu.
— Eu não me lembro de nada. — Tiro a coberta do meu rosto, e me levanto um pouco.
— Talvez seja porque você apareceu aqui Uma hora da madrugada, bêbado, e querendo discutir a nossa antiga relação não "terminada". — Ele da um sorriso de deboche. E eu juro que naquele momento a única coisa que conseguir imaginar é ele na minha cama. Odeio quando ele faz isso, quando debocha ou é irônico e usa esse sorriso sarcástico, isso me excita de uma forma que nem eu mesma consigo entender. — Se quiser conversar, me procurá amanhã. Eu realmente preciso dormir, ok?
— Não quero conversar, não temos nada para conversar, mas ok. — Ele diz e sai do meu quarto, me levanto e vou atrás dele, ele estava calçando seu tênis.
— Fala sério! Você chega bêbado na minha casa, para falar sei lá o que, e agora me diz que não temos o que resolver? Temos sim, e para começar, temos que resolver essa situação aqui.
— Essa situação já está resolvida, faz de conta que foi tudo delírio. — Ele levanta do meu sofá, e me olha de baixo para cima. Não me olha assim, com esse olhar de quem quer, mas não pode, de quem pode, mas não quer. Ele tira os olhos de mim e vai até à porta.
— Você vai mesmo embora sem me dizer nada?
— Isso é especialidade sua! — Ele sai do apartamento batendo a porta.(...)
- Sexta-feira, 17h00 tarde -
Hoje eu tirei o dia para fazer os 200 trabalhos da minha faculdade, avisei ao meu pai que não iria hoje à empresa, e tirei o dia para estudar e fofocar com minha prima. Bianca iria viajar este final de semana com o Luan, então isso significa que irei ter a casa só para mim, o que é bom e ruim ao mesmo tempo. Vou ter paz e silêncio, mas não vou ter nada para fazer por 2 dias. Meu namorado vai viajar a trabalho, então irei ficar o fim de semana sozinha.
Agora eu estava terminar uma planilha para meu pai, enquanto ouvia Bianca e a Carol falar sobre a viagem maravilhosa.
— Esse biquíni ficou bom? - Bianca pergunta se olhando no espelho, ela estava usando um conjunto de biquíni triangular vermelho. Esse já era o décimo biquíni que ela experimentava.
— Está menos pior que os outros.- Carol brinca.
— Talvez seja a falta de peito. - Brinco também, e Bianca ataca um travesseiro em mim.
— Odeio vocês duas, eu preciso estar gostosa nessa viagem.
— Bianca, o Luan te acha gostosa até quando você acorda. - Comento. Termino a planilha e faço transferência para meu pai. A Bianca experimenta todos os biquínis novamente, e isso já está me irritando. Ultimamente estou me irritando com tudo, suponho que estou na TPM. Ela percebe minha cara de poucos amigos para ela, e me pergunta:— Lívia, você andou transando? Você tá muito chata ultimamente! Estou começando a pensar que isso é falta de sexo.
— Ou falta do Lucas - Carol complementa.
— Talvez seja a falta de sexo com o Lucas. - Respondo sem pensar, mas já era tarde demais. Sinto-me envergonhada por assumir que ainda pensava nele. A Bianca já sabia de tudo que aconteceu nessas últimas semanas, mas a Carol não.— Liv, Você namora. - Carol me lembra.
— Explica isso pro meu corpo. - Respondo mais uma vez sem pensar.Meu Deus, porque eu sou assim?
— Como consegue ser tão vadia assim? - Bianca pergunta brincando e rindo.
— Talvez seja porque ando com uma puta feito você. - Respondo Brincando.(...)
Bianca finalmente terminou a mala e se arrumou para a viagem, eles vão embarcaram hoje a noite. Estava na faculdade, terminei meu último trabalho e entreguei. A professora estava dando uma breve palestra sobre a história e teoria da arquitetura.
Já eram 20h56, e estava chovendo, para minha infelicidade de uma garota sem CNH. Enquanto a professora repassava algumas explicações da aula anterior, minha amiga Júlia, me ofereceu uma carona até meu prédio, pois era o caminho para casa de sua namorada, decidimos sair mais cedo, guardei minha mochila no armário para não molhar meus cadernos e peguei apenas meu celular e meu carregador.
.....
Júlia me deixou um pouco distando do meu prédio, por conta do trânsito, ela cortou caminho. Estava andando na chuva.
Provavelmente quando eu chegar em casa meu carregador nem vai estar funcionando
Começo a acelerar os passos para entrar no prédio, minha sorte é que o elevador já está funcionando, coloco no meu andar e procuro minha chave no bolso da minha calça, que por sinal, não está lá! Tento me lembrar do último lugar que deixei a chave.
— Na porra da mochila! - falo sozinha. Merda! A faculdade já deve está fechada.
Droga! Merda! Caralho!
Xingo em pensamento, não tenho chave reversa, a Bianca essas horas já está no avião. Lembro da chave reserva do apartamento do Luan e aperto no andar 13.
Ao chegar no andar, procuro a chave na planta e debaixo do tapete, mas não está lá.
Não acredito que vou ficar molhada até amanhã cedo.
Encosto-me na parede, tentando pensar em como vou entrar em meu apartamento.Lembro que o Lucas ficou a semana passada na casa do Luan, provavelmente está com ele a chave reserva do Luan.
Vou até à portaria, pegando chuva novamente, peço ao porteiro ligar no apartamento do Lucas, para pedir a chave, apenas sei que ele está morando no andar 7. O Porteiro me informa que o interfone dele está com problema, então terei que ir ao apartamento, ele me informa o número, e vou para o elevador novamente.
Sétimo andar, apartamento B26.
Aperto a campainha 2 vezes, estou quase fazendo uma oração para ele está em casa.
Em poucos segundos a porta é aberta por um homem, ele é alto, negro e aparenta ter uns 25 anos.— Oi?
— Oi, o Lucas está? - Pergunto ao homem.
— Sim, só um segundo vou chamar ele. - Ele encosta um pouco a porta e entra no ap. Segundos depois o Lucas aparece, e me olha surpreso.
— Tudo Bem? - Ele pergunta.
— Eu preciso da chave do apartamento do Luan. Esqueci a do meu ap na faculdade, e não achei a chave reserva do apartamento do Luan. Está com você?
— A chave sumiu no dia que você foi procurar seu notebook. - meu cérebro grita merda umas duzentas vezes. — Entra. - Ele fala abrindo mais a porta, e entro no apartamento. Percebo umas garrafas de ice e cerveja no chão ao lado de um sofá cinza, o cara que atendeu a porta, está sentado olhando para a tv, que estava passando um jogo, ele acena com a cabeça e bebe um gole da cerveja em sua mão.— Segue reto e entra na porta do lado direito. - Lucas sussurra em meu ouvido, sinto meu pelos arrepiar com o som grave de sua voz tão perto. Sigo o corredor como ele mandou, e entro em um quarto branco, que tinha apenas uma cama boxe de casal com lençóis bagunçados, uma tv na parede frente a cama, e havia algumas caixas de papelão espalhadas pelo quarto branco.
Olho para meus pés e percebo que molhei o chão todo. Sinto-me envergonhada pela situação horrível, e aparência horrorosa que provavelmente estou.
Lucas entra no quarto, ele me olha de cima a baixo, e provavelmente percebeu meu estado molhado, e seu chão encharcado. Ele coça a nuca, e olha para mim novamente.
— Eu não quero in... - Ele me interrompe.
— Toma. — Ele me entrega uma toalha branca e uma camiseta branca. — O banheiro é na porta da frente, toma um banho. - Ele diz e sai do quarto em seguida.Coloco meu celular e meu carregador (que provavelmente está queimado) em cima de sua cama e vou até o banheiro.
O banheiro é todo branco, como o resto da casa, e bem grande. Tiro minhas roupas encharcadas e entro no chuveiro.
