Cap 08 - Muralha

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Heitor

Eu a estou beijando e Anitta tem um gosto incrível, melhor do que eu imaginava, e olha que minha imaginação era maravilhosa. Sinto o cheiro dela e a puxo pela cintura, deixando nossos corpos colados, ela resistiu no início, mas agora está entregue. Ela é minha. Minha mão sobe até sua nuca e afago seus cabelos, enquanto mordisco sua boca levemente, até que numa fração de segundos ela se solta e me olha irada.

-Anitta.

-Não fale!

-Mas...

-Isso nunca deveria ter acontecido. Nem voltará a acontecer.

Por alguns segundos, pareceu um bicho acuado com medo, mas logo ela limpou seus lábios, que estavam inchados e o batom borrado, aprumou sua coluna e respirou fundo. Seus olhos passaram de susto para frieza e aquilo me partiu por dentro, qual o problema dessa mulher?

-Você queria isso tanto quanto eu.  – Afirmei resoluto – Não finja!

-Eu não disse que não gostei.

Engoli seco, essa mulher é fria e direta.

-Sou mulher Heitor e se um homem me beija como você fez, como eu poderia dizer que não gostei?

Assinto, esperando as próximas palavras.

-Mas isso não pode, nem irá se repetir.

-Estou ultrapassando as barreiras não é?

Ela sabia bem o que eu queria dizer.

-Não valorize demais esse beijo. Homens não são tão emotivos assim.

-Nem você é tão fria quanto quer parecer.

Cheguei mais perto.

-Não! – Ela falou num tom mais alto – Eu já disse, chega Heitor. Agora você vai me levar embora.

Dei um sorriso irônico, forçando uma tranquilidade que eu não sentia.

-Não. Eu planejei um passeio, você precisa disso e como você mesma disse, foi só um beijo.

Ela pareceu notar que eu a desafiava a manter sua postura.

-Tudo bem.

-Agora vamos.

-Para onde?

-Só me segue, nós dois precisamos esfriar a cabeça.

Peguei a cesta e guardei o material das flechas. Pensei em estender a mão, mas Anitta já tinha restabelecido a muralha ao redor de si, como quando nos conhecemos. Não demoramos a chegar ao meu lugar favorito: uma lagoa maravilhosa.

Não digo nada, apenas vou até embaixo de uma árvore, onde tem um banco feito de tronco de árvore. Abro a cesta e começo a organizar um pequeno piquenique, Anitta continua fitando a água verde, parece encantada.

-Esse lugar é lindo.

-É meu lugar favorito. – Respondo ainda organizando nossa comida em cima da toalha verde – Pode nadar se quiser.

-Eu não trouxe biquíni.

Levanto e vou até a mochila, tiro uma sacola.

-Aqui.

Ela me olha surpresa.

-Isso é?

-Sabia que você ia querer tomar um banho, mas não quis estragar a surpresa te pedindo para trazer o seu.

Estamos nos olhando em silêncio. Parece que estremeci um pouco a muralha.

-Obrigada.

-Pode se trocar atrás das árvores ou na cabana. Eu a levo até lá.

Venenosa (DEGUSTAÇÃO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora