3º Capítulo: Fora de quatro paredes.

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Voou o mais veloz que pôde em direção a luz. Parecia um talho na escuridão, uma fresta de esperança para ela. Estendeu as mãos, queria alcançar o mais rápido possível aquela rachadura nas trevas.

Assim que seus dedos alcançaram a luz, tudo se iluminou. Um branco ofuscante a envolveu, obrigando-a a fechar os olhos com força. Algo quente percorreu seu corpo e a mente desanuviou-se. Ainda estava no mais completo nada, porém de luz...

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- Katherine? – Ângelo sussurrava suavemente, tomando o cuidado de não assustar a garota que parecia presa num mundo de pesadelos.

A jovem abriu os olhos lentamente, se acostumando com a realidade diante deles. Estava em seu pequeno quarto no convento, deitada em sua cama dura, trajando sua camisola branca e leve. Esperou os olhos se ajustarem com a penumbra do lugar e encarou a pessoa sentada em sua cama, a qual mantinha uma das mãos presa na sua.

- Ângelo? – murmurou ainda sonolenta.

- Sou eu. – sorriu brevemente. – Está tudo bem, Katherine? Parecia que estava tendo um pesadelo horrível. – o olhar preocupado do forasteiro fez a garota se sentir encabulada com tanta atenção.

- Estou bem... Apenas, sonhei com algo desagradável, mas já passou. – estremeceu ao lembrar-se do pesadelo obtuso e apavorante.

- Quer que eu lhe sirva um pouco de água?

- Por favor...

Ângelo olhou ao redor do quarto e percebeu, sobre a singela mesinha de cabeceira, uma jarra de barro e uma cumbuca pequena, que parecia ser usada no lugar de um copo. Apontou para o que via e recebeu um aceno positivo da garota.

Enquanto enchia de água, Katherine, lentamente, se sentou em sua cama. O movimento lhe causara um pouco de vertigem, porém, sentia-se bem. Agarrou a cumbuca que Ângelo lhe oferecia e bebeu o conteúdo em um único gole. Estava sedenta.

- Quer mais? – perguntou surpreso.

- Não, obrigada. – suspirou e deixou seus dedos brincarem com o pequeno aparato de argila. – O que faz aqui, Ângelo?

- Precisava conversar com você. – voltou ao lado da garota. – E antes que brigue comigo por causa de meu ferimento... – levantou a mão, pedindo para que não se pronunciasse, assim que a percebeu abrir a boca para contestar algo, enquanto seus olhos observavam a atadura. Ela era tão transparente... – Eu já me sinto bem melhor.

- Certeza? – perguntou desconfiada.

- Certeza! – sorriu.

- Então, o que queria conversar? – colocou a cumbuca de lado. – Deve ser algo importante, já que não pôde esperar até amanhã cedo.

- Vamos fugir, Katherine! – respondeu de pronto e sem pestanejar.

Ângelo passara boa parte da noite e da madrugada meditando sobre o assunto. Sabia que a fuga poderia gerar muitos problemas para os dois, afinal, a garota era inocente demais para o mundo e ele estava numa busca perigosa. No entanto, sentia como se necessitasse leva-la consigo. Não podia mais abandoná-la ou deixa-la para trás.

- O quê? – controlou-se para não gritar, apesar de a surpresa quase escapar-lhe pela garganta.

- Eu sei que não nos conhecemos, mas não posso mais deixa-la viver aqui, sozinha! – agarrou as mãos frias e delicadas da garota. – Katherine, sei tão pouco sobre você, contudo, posso sentir que não foi feita para viver presa aqui! Você mesma me confessou que sente angustia, que quer conhecer o mundo. – beijou-lhe os dedos. – Venha comigo!

A Protegida e o PríncipeOnde as histórias ganham vida. Descobre agora