#37 - Henry Win

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Eu dormi? Abro os olhos e, sim, eu dormi. Já é de dia e eu nem banho tomei.Tiro minha roupa rapidamente e vou para o banheiro. O tempo não espera e eu tenho que correr. Muitas pendências. Preciso passar na Vitória pra ver como ela está e... Claro! Tenho que aprofundar isso de o Henry ter morrido. Caralho, se o desgraçado foi mesmo pro inferno eu vou ficar muito feliz!

De qualquer maneira hoje é um dia feliz. Hoje acaba essa história de Mary Flana e eu volto a ser eu mesmo. Cara, como estou com fome! Esse hotel tem serviço de quarto? Deve ser por aplicativo. Ser amplôguede tem suas desvantagens. Acho que vou ter que colar rango da Vitória de novo. Merda.

Pelo menos lavaram minha roupa. Quer dizer. Ainda preciso de outro sobretudo, de outra cor, talvez vinho.

--- Merda!

Acabei de lembrar que o Toni ameaçou não parga o serviço também, eu tava contando com esse troco. Só arrumo caloteiro nessa bosta! Deve ser coisa de signo ou eu devia ir atrás de um numerólogo e mudar de nome.

Pronto, o quarto já está ok. Pego o elevador e paro na alfândega.

--- Checkout para Mary Flana.

--- Tudo bem, um momento. Efetuado. Volte sempre.

--- Obrigado. --- Que alegria. Agora vou descer e ir pro banheiro desfazer o disfarce, finalmente!

--- Mary?

Eu conheço essa voz... Caralho! Esqueci o Xequemate!

--- Pensei que ia me abandonar.

--- Foi mal, gato, não era a intenção. Vamos?

--- Vamos. Estava dormindo, é?

--- Estava muito cansado. --- Respondo, seguindo para o elevador que desce.

--- Te vejo lá embaixo então. --- Ele salta pro lado e some da minha vista.

Pensando bem, como é que ele conseguiu chegar aqui? Ele tinha ficado na recepção lá de baixo, já que não aceitam animais. É algo que terei que perguntar para ele depois.

Desço sozinho e vou em direção ao banheiro. Entro em uma cabine e troco de roupa. Esse vestido vai é pro lixo. A peruca eu descarto no caminho, fica na bolsa por enquanto.

--- Adeus, Mary. Vai pro inferno e não me espere lá tão cedo. --- Só depois que eu falo é que penso na possibilidade de alguém ter me ouvido. Depois acham a roupa e vira uma confusão. Quer saber? Foda-se! Estou livre!

Respiro fundo e vou até a pia lavar as mãos e me ver no espelho. "Tudo certo. O pai voltou." Agora, partir que estou com fome.

Na saída do hotel, o gato me olha e olha lá pra dentro. Eu sigo andando. Não demora muito e ele me acompanha.

--- Agora entendi! Você é Mary, não é?

--- Não.

--- Reconheço a voz. É, é você mesmo. Agora entendi porque você fala como se fosse homem. Você é homem, não é?

--- Sou.

--- E te chamo como agora?

--- Lestat. --- Nossa! Como é bom ter minha identidade de volta! --- E você, Xequemate, não tem pra onde ir, certo?

--- Até tenho, mas gostei de ficar com você. Posso continuar contigo ao menos por um tempo?

--- Tudo bem. --- De repente me dou conta de uma coisa óbvia. --- Você está conectado o tempo todo, não é?

--- Claro.

--- Então vai me ajudar.

--- Manda.

--- Procura notícias sobre Henry Win.

--- Tá... O que você quer saber?

--- Quero saber se ele morreu mesmo.

--- Claro que ele morreu.

--- Como foi isso? Eu errei o disparo!

O gato me vira as costas, dá uns passinhos com seus pés de gato e para. Eu paro também, mas não vou até ele. Só espero ele falar.

--- Eu percebi naquela hora o que você queria. Enquanto você tentava de novo eu quis brincar também.

--- Você... Você!?

--- Eu fui até aquele negócio que você jogou primeiro, parecia que tinha alguma coisa nele. Eu mordi e espetei o rosto do seu Henry com aquilo.

Caralho... Fiquei em choque com essa.

--- Então... Foi bom conhecer você. --- O gato começa a andar devagar, se afastando de mim.

--- Xequemate!? Vai pra onde?

--- Você... Você vai me deixar, eu matei uma pessoa.

--- Eu mandei você ir embora?

Eu caminho até ele e o ergo como um gato de verdade, olho praquela carinha de bicho. É muito bem feito, parece mesmo um animal.

--- Você foi o melhor pagamento que já recebi.

O Último Mototáxi de Arapiraca - COMPLETOOnde as histórias ganham vida. Descobre agora