— H-Hein? Ir com você? Pra onde?

          — Ué, eu não sei onde essa caverna fica.

          — Hm... Tá! — falei, ainda relutante. — Tá bom, eu vou.

          — Então se apressa.

          Em um pulo, o garoto passou pela janela — que ficava no primeiro andar — e saiu do dormitório direto para o jardim. Eu já havia decidido acompanhá-lo, então o segui o mais rápido que pude. Mas confesso que tinha alguma coisa em mim apitando que isso era um grande problema...

2

          Fiquei feliz de ter a Isa como colega de quarto este ano. Era difícil me comunicar com outras garotas, tanto pela timidez quanto por ser muda. Então ter alguém que sabe libras realmente me anima durante as conversas! Se não fosse por ela, talvez minha única companhia ainda fosse a Chris. Mas eu precisava deixá-la sozinha para cuidar de algo mais importante...

          Eu segui pelo corredor solitário da escola, onde poucos alunos caminhavam por conta do horário. Eu assobiava pelo caminho, conseguindo despistar um pouco do tédio enquanto não chegava à sala do clube. Porém, quando cheguei, até me surpreendi ao encontrar o João lá junto dos professores. Isso só facilitaria a minha explicação, se me permite dizer...

          — "Com licença" — gesticulei assim que eles olharam para mim.

          — Helly! — falou Thiago. — Ainda bem que veio, eu estava quase indo te procurar.

          — "Eu gostaria de falar com vocês sobre o caso do fantasma da floresta. A verdade é que ele-"

          — Não era fantasma, mas sim um robô. Não é, Helena? — comentou André.

          — "I-Isso. Nós encontramos uma caverna com alguns documentos, mas antes que pudéssemos pensar no que fazer com eles, esse robô nos atacou. Por sorte, o Mikael conseguiu derrotá-lo, mas ele se autodestruiu e colocou fogo na caverna. Infelizmente, não conseguimos pegar nada de lá..."

          — Entendo... Só de saber que vocês estão bem já me deixa aliviado.

          — Helly. — Dessa vez, o João que tomou a palavra. — Você conseguiu ver do que esses arquivos se tratavam?

          — "Não... O único que conseguiu entender alguma coisa foi o Mikael, mas ele se machucou muito e está na enfermaria, desmaiado."

          — Dependendo do que estivesse escrito lá, poderia nos explicar o porquê desses robôs estarem aqui no campus... Merda!

          — "C-Calma, João! Nós vamos resolver isso logo."

          — Infelizmente, sem mim... — falou Thiago, se aproximando da porta. — Preciso fazer uma coisa.

          — Tá tudo bem, querido?

          — Claro, é só que a natureza chama. Aquele sanduíche não caiu muito bem.

          — Argh, entendi. Se cuida, tá.

          — Pode deixar. Tchau, gente.

          Eu já os conhecia há um ano inteiro e ainda me impressionava em como os dois eram fofos juntos. Sinceramente, eu nem consigo imaginar eles tendo uma briga.

          — Voltando ao assunto... — André, mais fisgado do que nunca pelo que tínhamos a contar, encostou-se na mesa atrás dele. À primeira vista, o professor podia parecer sério, mas era um dos mais empolgados com as atividades do clube. — Vocês conseguiram mais alguma pista sobre isso?

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