Prólogo (Reescrito)

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Era manhã de sábado quando eu acordei assustada com estrondos vindos da porta do meu apartamento. Levantei meu tronco e olhei para a mesma que era quase derrubada pela pessoa impaciente do outro lado. Suspirei e me levantei lentamente do sofá, tirando o notebook do meu colo. Passei a noite em claro fazendo alguns trabalhos da faculdade e mesmo tomando xícaras e xícaras de café, não consegui suportar o cansaço e acabei dormindo no sofá desconfortável. Assim que levantei, foi como se eu tivesse acabado de voltar de uma guerra; meus ossos fizeram barulhos seguidos de estalos e eu senti as minhas costas doerem. Gemi baixo com aquela sensação horrível e caminhei até a porta.

- Já vai! – gritei impaciente para a pessoa que ainda socava freneticamente a porta de madeira branca.

Assim que alcancei a mesma, abri rapidamente em um solavanco e olhei séria para a pessoa a minha frente. Era o senhor Steve, o síndico do prédio onde eu morava. Eu já até imaginava o motivo de sua vinda ao meu apartamento: aluguel atrasado.

Suspirei e passei as mãos pelo cabelo, arrumando os fios soltos de meu coque.

- Acho que a senhorita já sabe o porquê de eu estar aqui à sua porta a essa hora da manhã. – ele começou e eu assenti cansada. – Bem, hoje eu vim para lhe dar o último aviso. Se a senhorita não pagar os três meses de aluguéis atrasados, infelizmente terei que despejá-la. Aqui no prédio, não aceitamos inquilinos que devem seus aluguéis.

- Eu sei disso, senhor Steve, e aceito totalmente. Mas o senhor também deve saber que eu não estou trabalhando. Infelizmente, fui demitida de meu emprego e não consigo achar outro. – comecei a explicar, gesticulando com as mãos. – Só peço mais um tempo para que eu possa encontrar algum emprego, e assim, poderei pagar todos os aluguéis atrasados e ainda quitar o deste mês.

- Desculpe-me, senhorita Wright, mas não posso fazer nada por você. O tempo está se esgotando e se, infelizmente, você não pagar os aluguéis, terei que despejá-la. – disse o homem de cabelos grisalhos e eu suspirei pesadamente. – Dou-lhe o prazo de uma semana para a senhorita se resolver.

- Mas, senhor, eu... – ele me interrompeu.

- Uma semana! – disse firme – Tenha um bom dia.

Dito isso, ele se afastou e andou pelo corredor até a área das escadas e elevador. Bufei nervosa e bati a porta com força, causando um estrondo no corredor vazio e silencioso. Tirei meus óculos e passei as mãos pelo cabelo de forma impaciente. Eu simplesmente não sabia o que fazer. Como eu ia achar emprego em uma semana?

Sentei-me novamente no sofá e coloquei o notebook em meu colo. Coloquei os óculos e voltei meu olhar para a tela do computador. Com meu trabalho já salvo, comecei a navegar na internet à procura de emprego nessa imensa cidade chamada Nova York. Tudo começou quando eu morava com meu pai em Charlotte na Carolina do Norte. Assim que terminei o ensino médio, fiz a prova para a Universidade de Nova York e acabei passando. No início, eu sinceramente não queria vir. Não queria deixar meu pai sozinho, porque sempre fomos somente nós dois. Minha mãe, infelizmente, faleceu de uma grave doença quando eu ainda tinha dez anos.

Então, desde aquela época, foi meu pai quem me criou. Ele sempre foi meu pai e minha mãe, mas, principalmente, o meu melhor amigo. Quando recebi a carta da Universidade de Nova York anunciando que eu tinha ganhado a bolsa, fiquei sem saber o que fazer. Eu não queria deixá-lo sozinho. Não era justo depois de tudo o que ele fez por mim. Mas então, ele acabou me convencendo a vir. Alegou que ele ficaria bem e que todo feriado ou data comemorativa, eu poderia passar com ele lá na minha cidade natal.

Todos os anos eu viajo para a Carolina do Norte para passar as festas de final de ano com ele e meus outros parentes. Admito que eu sinto muita saudade da minha família; daquele lugarzinho o qual a gente possa chamar de ''lar''; do aconchego dos braços do meu pai e dos beijos de boa noite que ele sempre me dava como se eu ainda fosse uma garotinha. Mas isso é verdade: eu sempre serei a sua garotinha. Mesmo estando hoje com vinte e um anos e sendo estudante de Psicologia da Universidade de Nova York.

O Hóspede (Reescrevendo)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora