Capítulo 2

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Viver em Outer Banks não era nenhum sacrifício. Praia, amigos e um clima ensolarado 90% do tempo, quem não iria gostar? Minha opinião não é muito válida, eu nunca saí daqui, nunca vi nada além disso. Acho que esse é o outro grande motivo para que eu não queira sair da ilha, medo...ou apenas um apego carinhoso?

Tirando o fato de sempre ter um kook chato, fazendo piadinhas idiotas com algum pogue, minha vida era boa. Eu não era rica, mas graças ao trabalho duro da minha mãe, nunca me faltou nada.

Quando eu tinha 15 anos, acompanhei minha mãe em um dia de trabalho na loja. Durante o expediente, uma garota de uns 20 anos foi super mal-educada com uma das trabalhadoras da loja, eu a ignorei. Não era da minha conta, e as atendentes já deveriam ser acostumadas com kooks mimadas. O problema foi quando essa mesma garota, usou as palavras "pogue nojenta" para chamar minha mãe. Foi minha primeira e única briga.

Depois de ouvir um longo sermão, entendi que essas pessoas não merecem nossa atenção. Elas se escondem atrás do seu dinheiro, para ninguém ver o quão horrível elas são. Não estou generalizando, é apenas a verdade.

O sermão valeu a pena, aquela kook nunca mais vai falar assim com alguém, principalmente se for a minha mãe. Eu sei que só "ganhei" a briga, porque era uma garota que tinha o salto maior que o cérebro. Não tenho uma estatura muito boa para brigar, por isso foi minha única briga.

Após o trabalho, Pope fez questão de me levar para casa e passei o resto da tarde sem fazer nada. John B iria me buscar na hora da festa com o resto do pessoal, então eu não poderia passar o meu começo de noite no sofá, comendo biscoitos.

Eu já estava ciente que a festa era na praia, igual 99% das festas. Então, não seria necessário me arrumar de verdade, apenas coloquei uma calça jeans e minha camiseta do Scooby-doo.

A buzina da Kombi fez eu errar o passo da minha dança aleatória, que eu inventava naquele mesmo momento. Resmunguei um "merda" e saí de casa rápido.

— Eu dava pra essa aniversariante! — Kiara gritou, abrindo a porta da Kombi. Escutei um assobio de JJ ao entrar. Não tive nem tempo de falar nada, Kie me abraçou e todos falaram "parabéns" juntos.

— Obrigada, gente, sei que vocês me amam. — agradeci com a mão no peito, de forma convencida.
 
A Kombi deu partida e as conversas aleatórias começaram. Esse era meu grupo, eram meio idiotas na maior parte do tempo, mas o coração não escolhe. Se escolhesse, acha mesmo que eu iria estar no meio desses doidos?
 
— Scooby-doo? Achei adulto. — John B ironizou, enquanto passava a marcha.

— Inveja, querida? Esse seu recalque barato não me atinge. — Joguei meu cabelo por cima do ombro, de forma exagerada. Será que já estou tipo a Sharpay Evans?

— Quem vai voltar dirigindo? Não quero morrer em um acidente de carro, graças a um motorista bêbado. — Pope perguntou.

— Você! — Falamos todos juntos, e logo depois caímos na gargalhada. Não estava planejando beber muito, caso acontecesse algo, eu estaria bem o suficiente para dirigir.

Chegamos na praia e acabamos nos separando. JJ e John B foram para um lado e saíram da minha visão, Pope estava flertando — ou tentando — com uma garota na areia, e eu fiquei com a Kie.

Kiara já estava no seu terceiro copo de cerveja, enquanto eu não tinha bebido nem metade do primeiro copo. Kie não ficava bêbada facilmente, então conversava normalmente com um grupo de pessoas que sentou ao nosso lado. Não prestei muita atenção no assunto, era alguma coisa sobre golfinhos ou garfinhos...isso não faz muito sentido.

— Que tal a gente fazer assim, vocês vazam da nossa festa e eu não vou ter que meter a porrada em nenhum de vocês, perfeito, né? — eu reconheci de quem era a voz no mesmo segundo, e pelo jeito a Kiara também, pois ela levantou junto comigo.

— O JJ não consegue ficar longe de confusão por 30 minutos? — resmunguei caminhando até o amontoado de pessoas no meio da praia.

— Topper, vamos pra casa! Eu não tô no clima de festa, vem. — Ao chegar na roda, me deparei com a Sarah puxando o braço de seu namorado, Topper Thornton.

Sarah Cameron não era insuportável igual os outros kooks. Conversei com ela durante uma entrega no Figure 8. Ela era educada e simpática.

Fui tirada de meus pensamentos, com Topper empurrando a namorada. Sarah se desequilibrou, mas graças ao meu querido amigo John B, ela não caiu.

— Qual é o seu problema? Poderia ter machucado ela, seu idiota. — JB falou, se aproximando de Topper e JJ.

— Cuida da porra da sua vida, pogue. — Topper esbravejou.

Levei meu olhar para JJ, que apertava o punho com força. Com o tempo, eu percebi que ele sempre fazia isso, acho que é um jeito de tentar manter o controle.

— Tem como vocês pararem com esse showzinho? Ninguém veio aqui para ver briga. — falei alto e fui totalmente ignorado. Topper e John B continuavam se olhando com um olhar mortal.

Com um piscar de olhos, Topper estava no chão. Por que eles têm que resolver tudo desse jeito? Homens são idiotas.

Topper puxou John B para o chão e socos começaram a ser distribuídos de ambas as partes. JJ tentou se aproximar para ajudar, mas Kelce o segurou. Ao ver o Topper arrastar meu amigo para a água, arregalei os olhos.

Ok, isso tá passando dos limites.

Olhei para o lado e vi que dois garotos estavam segurando a Kiara, essa galera leva a regra de não se meter na briga muito a sério. E o Pope... cadê o Pope?

Quando eu comecei a caminhar na direção de Topper e John B, senti alguém me segurar.

— Era só o que me faltava! — gritei ao sentir os braços na minha cintura. — Me larga, caralh... — deixei a frase morrer ao perceber de quem eram os braços musculosos que me seguravam.

— Acho que é melhor você ficar aqui, Katherine. — Rafe Cameron falou sério, sem me soltar. Pera, ele sabe meu nome?

— Ai, meu Deus! Eu vou pro céu por aguentar isso. — resmunguei, tentando me concentrar. — É melhor você me largar, ou a próxima pessoa naquela água — apontei com a cabeça. — Será você.

Ele me ignorou e levou seu olhar para os rapazes na água. Tentar me soltar não era uma opção. Rafe deveria ter quase 1,90, eu não iria nem fazer cócegas.

Os gritos ficaram mais altos, e voltei meu olhar para Topper, que estava AFOGANDO John B. Sarah gritava sem parar, tentando parar o namorado, o que foi uma tentativa falha.

— Ele vai matar ele! — empurrei o peito de Rafe, tentando chamar sua atenção. Mordi minha bochecha para controlar o choro que estava por vir.

— Rafe! — O rapaz finalmente me olhou. — Faz alguma coisa...por favor.

Ele me olhou por pouquíssimos segundos, e então, me puxou para trás delicadamente e correu até à água. Rafe puxou Topper rapidamente, o que fez com que John B voltasse pra superfície.

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𝙎𝙐𝙉𝙉𝙔 - 𝙍𝙖𝙛𝙚 𝘾𝙖𝙢𝙚𝙧𝙤𝙣 Onde as histórias ganham vida. Descobre agora