Capítulo 7

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Mastiguei o chiclete com paciência apoiando os braços sobre o balcão.

— Bilhete no boné — Eu disse ao garoto de no máximo 12 anos, deveria me pesar na consciência tirar o "bv" desse pessoal por dinheiro?

Assim que ele deixou o bilhete onde ele deve estar esfregou as mãos nervoso, fofo.

— E agora?— Ele perguntou, segurei seu rosto juntando nossos lábios por dois seguros — Uau, eu preciso de outro bilhete — Se afastou meio grogue.

Dei risada da situação até ver minha mãe de longe, puxei Sarah que estava encostada na parede "comandando" a barraca ou seja fingindo organizar a fila.

— Eu tenho namorado — Ela reclamou do meu ato, mas mudou a expressão quando viu minha mãe — Senhora Black — foi educada, mas ignorada.

— O que eu disse para você Olivia?— Disse ríspida com um sorriso falso no rosto para disfarçar.

— Sarah precisava de ajuda, estamos aqui por um bem maior — Eu tentei justificar — Não queria correr riscos de perder bilhetes.

Ela olhou para a fila que parecia nunca diminuir.

— Ajude na organização e nada mais que isso — Ordenou — Estou falando sério.

— Eu entendi, não vou fazer nada mais que isso — Falei antes que ela saísse comprimentando todo mundo de forma gentil.

— Bruxa — Sarah disse quando ela já tinha se distanciado.

— Deixa pra lá — Falei sem querer estressar a garota com os meus problemas.

Aproveitei para tomar um pouco de água enquanto a garota explicava que não iria beijar ninguém além do namorado, como se ninguém soubesse.

— Não me diga que eu pague 10 dólares pra beijar você — De costas pude reconhecer o dono da voz.

Senti aquele mesmo calor do outro dia, respirei fundo, ele também não estava ali por mim. Ele sequer sabe que eu estou "atendendo" aqui.

" você é tão quente"

Me lembrei de sua voz abafada pelo prazer contra a minha boca naquela van, me lembrei de seus olhos ligados nos meus e de como o meu corpo implorava para que ele continuasse.

— Claro que não, Liv é pra você — A garota se afastou enquanto eu fechava a garrafa d'água e trocava de chiclete.

— Já voltei — Eu disse como se não estivesse arrepiada dos pés a cabeça.

Apoiei meus braços sobre o balcão e encarei os olhos azuis que tem me assombrado.

— Bilhete no boné — Declarei desviando os olhos.

O garoto colocou o papel ali.

— Se eu soubesse que para beijar você novamente precisaria pagar teria aproveitado mais quando pude.

Meu coração se acelerou, meu estômago gelou e minha alma provavelmente se jogou sobre ele.

Mas eu me mantive intacta.

Ele sorriu.

— Já posso fazer esse bilhete valer?— Apenas balancei a cabeça.

Fechei os olhos sentindo sua mão passar por meus cabelos parando entre meu rosto e pescoço.

— Você está pagando, não precisa paquerar — Eu teria dado risada do comentário de Sarah se não estivesse tão desligada.

Senti os lábios de JJ roçarem nos meus, por impulso apoiei minha mão sobre o seu rosto e o senti sorrir antes de mover seus lábios sobre o meu lentamente. Quando sua língua entrou em contato com a minha senti o chão gelar e pensei que fosse desmaiar.

Mas eu perderia muito se isso acontecesse.

O calor a maciez de sua boca me inveram e sua mão nos meus cabelos me arrepiou.

— Procurem um motel quando o expediente acabar — Sarah super profissional apertou a campainha nos fazendo afastar.

Dei um sorriso sem jeito pela situação.

— Valeu, Sarah — JJ disse a ela que colocou dois dedos sobre a testa os afastando logo em seguida — Valeu também, Liv — Ele falou comigo.

— Aham — Eu disse ainda sentindo meu coração batendo forte.

Quando ele se afastou olhei para Sarah que sorria maliciosa.

— O que foi?— Perguntei.

— Nada — Ela disse desviando o olhar — Absolutamente nada — continuou a sorrir.

Observei JJ de longe mais uma vez, vendo ele se aproximando dos amigos que sorriam o esperando.

Como eu posso contar a ele que estou grávida e que tenho a intenção de levar isso adiante?

Eu sou totalmente a favor do aborto, da liberdade de escolha que cada mulher tem que ter sobre o seu corpo.

Apoiei a mão sobre a barriga respirando fundo.

Mesmo que o Maybank não queira ser pai ou que meus pais surtem de vez eu quero ter a chance de lutar por algo pela primeira vez.

Eu quero poder falar por mim e por essa criança se elu realmente existir.

Consequências - JJ MaybankOnde as histórias ganham vida. Descobre agora