prologue.

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‘’Alô?" Eu atendi. ‘’Sim, uh.. estará pronto na data certa!’’

‘’Ótimo! Mais algum detalhe no bolo?’’

‘’Ok, a Padaria&Confeitaria Hemmings agradece’’

 Exatas 07h30min da noite, eu fecho o meu último pedido.  Não é fácil você herdar a única padaria da cidade. Meu pai simplesmente se aposentou e se mudou para a cidade grande com minha madrasta, deixando pra trás um bilhetinho dizendo que me ama e desejando boa sorte.

 Apanhei a minha jaqueta e segui meu caminho para casa. A noite estava muito fria, a rua estava vazia e meus passos ecoavam. Às vezes era ruim morar no interior já que depois das seis horas quase ninguém saia nas ruas, e elas acabavam por se tornar desertas. Era solitário.

 Eu ouvi o pio de uma coruja, e então avistei uma voando no céu. Isso me trouxe a sensação de que fosse realmente acontecer alguma coisa fora do normal essa noite. Afinal, não é todo dia que você vê uma coruja.

 Perto de casa havia um ninho de urubus e eles pareciam estar agitados demais bem nessa noite. Um deles piou mais alto que os outros e então levantou voo, passando por mim e voando em direção ao lago que eu costumava passar todas as manhãs.

 Que estranho!

 As luzes dos postes faziam uma sombra gigante em torno de mim e meus passos continuavam ecoando. Até eu ouvir miados fracos vindo do lago.

 Avistei um garoto desacordado na beira do lago. Ele estava branco, muito branco. Estava vestido de gatinho e tinha um cabelo estranho.

 O corpo dele estava tremendo de frio e estava coberto apenas por um blusão e uma boxer preta.

 Por que diabos ele estaria dormindo ali vestido daquele jeito?

 Eu senti pena do pequeno garoto, então botei meu casaco de lã sobre suas pernas e minha jaqueta de couro como travesseiro. Ele parecia ter uns dezenove anos, sua tez era muito branca e seu cabelo bagunçado.

 Seus fios estavam molhados assim como todo o seu corpo. Seu porte era pequeno e ele tinha orelhas de gato e uma cauda, o que estimei ser uma fantasia.

— Suas orelhas parecem tão reais... — examinei as mesmas ao que elas tremeram. Arregalei meus olhos e abri minha boca em formato de ‘’O’’.

 Não é uma fantasia. Ele é um híbrido.

 As pálpebras do gatinho se abriram lentamente e me permitiram a visão de seu par de esmeraldas. Seus olhos demoraram certo tempo para me focar e eu não conseguia parar de pensar quão perfeita era a combinação deles com sua boca rosada. E sem pensar muito, me inclinei sobre ele, lhe arrancando um suspiro surpreso e colei nossos lábios.

bipolar ➳ muke Onde histórias criam vida. Descubra agora