Minutos de silêncio se passaram, e toda vez que o olhar da médica se cruzava com o de Dahyun, ela via que a fisioterapeuta soltava alguma risada irônica ou despretensiosa, e isso a irritava cada vez mais.
- Você está se divertindo com tudo isso, não é? - ela perguntou, por fim.
- Me divertindo não, mas é no mínimo cômico ver você tão desesperada dessa forma apenas porque precisa passar algumas horas na minha companhia.
- Você poderia tentar ser um pouco mais madura em algumas situações, sabe? Não é tão difícil assim. - soltou sem controlar sua língua - Deve ser por isso não tem namorada, faz piada sobre tudo e não leva nada à sério. Não é possível suportar alguém assim.
Foi impossível para Kim não sorrir após a fala de Mina. Realmente a impressão que a médica tinha de si era uma das piores possíveis, mas não fazia também muita questão de mudá-la.
- O que te leva a crer que não tenho alguém na minha vida? - perguntou olhando rapidamente para a japonesa com os braços cruzados abaixo do busto - Sem contar que é muito melhor fazer piada de tudo do que ser uma amargurada como você. Acho que quem vai morrer sozinha aqui não sou eu, porque ninguém aguenta viver vinte quatro horas ao seu lado...eu não aguento, pelo menos.
- O que... - respirou fundo - Eu realmente prefiro estar sozinha, Dahyun. É uma opção.
Falar sobre o assunto lembrou do maldito encontro que tinha programado para hoje mais uma vez. Nem sinal no celular tinha para desmarcá-lo. Pensar nisso era muito estressante, mas no fundo poderia dizer que estava até aliviada por ter uma boa desculpa para não ir. Talvez namorar não fosse mesmo para ela.
A manhã havia começado agitada na enfermaria daquele hospital. Mina, Dahyun e suas companheiras de plantão mal tinham chegado e já estavam lotadas de casos para atendimento. Infelizmente - para Kim e Myoui - elas precisavam avaliar uma menininha juntas e, com toda a leveza que sempre trazia em si, a mulher de cabelos azuis caminhava com um sorriso frouxo pelos corredores.
Bronquiolite é uma doença viral que, algumas vezes no ano, lota o pronto socorro de bebezinhos cheios de catarro e, às vezes, com falta de ar e necessidade de receber inalação. A fisioterapia respiratória e o suporte desses profissionais no ajuste dos aparelhos de oxigênio dos casos mais graves é primordial, mas nem todos os hospitais oferecem tal serviço, então era muito satisfatório para a pediatra poder trabalhar com fisioterapeuta de plantão o dia inteiro. O único problema é que tinha que ser justamente aquela fisioterapeuta.
Um dos bebês que ela estava atendendo naquela manhã parecia estar com bastante desconforto respiratório e não a deixava nem medir a saturação em seu dedo, o que obrigou Myoui a pedir ajuda para sua colega de trabalho mais próxima para acelerar o processo.
- Dahyun...se não estiver ocupada ou de má vontade, pode me ajudar? Vamos ter que internar um bebê aqui, mas ele não me deixa nem colocar o oxímetro de tão agitado e eu preciso terminar os papéis o mais rápido possível.
- Claro, pode deixar que eu faço a mágica acontecer.
A profissional de cabelos azuis entrou no consultório num momento em que a criança estava mamando e já um pouco menos agitada do que antes. Assim que a mãe sinalizou que ela já estava pronta, Dahyun se agachou na frente dela e, automaticamente, as mãos do bebê foram direto para seu cabelo e começou a brincar com ele.
- Ele ama azul, me desculpe - a mãe comentou, se divertindo.
- Relaxa, enquanto ele estiver feliz está tudo certo - respondeu, apesar da dor que os puxões às vezes causavam.

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Entre Andares - MiHyun (parte 1)
FanfictionOnde as fofocas do hospital acontecem. Mina e Dahyun trabalham juntas num hospital pediátrico e brigam mais que seus pacientes de 5 anos, mas talvez o dia que o elevador empacou com as duas dentro tenha vindo para mudar isso. . . . Essa é a primeira...