Capítulo 79: Inércia - Parte I

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Epígrafe:

"Dizem que antes da tempestade estourar, há calmaria. Eles nunca estiveram tão certos! Até porque mesmo, antes da explosão vêm: a Inércia!"

Angel
...

Angel

Meus olhos estão estáticos, fixados nos olhos de Alec que em poucos instantes transmitem uma grande gama de sentimentos e informações para os meus. Telepatia entre amigos... quem nunca viveu ou nunca ouviu falar?! Nesse instante eu não desejo tê-la mas, que posso eu fazer quando nos conhecemos desde a infância?

Seus olhos estão anunciando lágrimas a qual ele se segura para não soltar. Seus olhos mostram dor, aflição, pedidos de perdão e um pedido que conheço muito bem.

Cuida bem dela!

Não queria mais olhar para ele! Mas não conseguia tirar meus olhos dele, mover minha cabeça para desviar a visão, fechar os olhos ou qualquer outra coisa! Simplesmente não consigo fazer nada, só sentir essa inércia. Totalmente estática!

Como que alguns segundos pareciam ser inúmeros minutos? Tudo parecia lento demais, inerte demais. A única coisa que se ouvia era o absoluto silêncio. E nem sequer se ouvia barulho de respirações. Estávamos no meio de uma ilha, porém, nunca a achei tão silenciosa naquele momento.

Em um instante fechei meus olhos, quando achei que não podia mover-me mais. Senti gotas rolarem no meu rosto. Quando abri meus olhos novamente, velozmente me deparei com os olhos mordazes de Peitho.

Algo se acendeu em mim, como pólvora e fogo, e de repente, eu estava em chamas. Nunca havia visto um fogo tão intenso e impetuoso dentro de mim. De súbito, disparei como uma bala em direção ao alvo. E aquela quenga é o MEU ALVO!

O que estava lento para mim, rapidinho se acelerou e muito! Me via movendo em uma velocidade que nunca experimentei antes. Eu desviava com facilidade por entre espadas, lanças, escudos, arcos e tantas outras armas que vi. Eu passei rapidamente por entre os meios sangues do acampamento.

Tão rápido quanto um piscar de olhos, eu cheguei perto de Peito que tinha um olhar chocado em meu rosto. Para mim, aquilo era suave e doce como um licor e eu podia sentir o cheiro de vitória.

Eu previ um golpe direto da sua adaga, enquanto ela mantinha Alec firme em seu braço direito, envolvendo-o pelo peito. Eu me abaixei ligeira e me lancei em direção a cintura de Alec, o agarrando com os braços, enquanto que numa sincronia perfeita, Brad a golpeava pela esquerda e Ethan começava o ataque pela direita.

Ouvi um leve ranger de dentes vindo de Peito que não vendo escapatória soltou Alec que foi empurrado em direção ao chão pelo peso e velocidade do meu corpo. Antes de atingirmos o chão, eu girei meu corpo em direção a Peitho e os meninos, acabando por sair arrastando bunda no chão, coberto levemente por relva, com uma porta de quase dois metros em cima do meu colo. Eu caí bem a tempo de ver o que iria acontecer.

Eu era rápida o bastante para desviar de uma arma mas, desajeitada o bastante para cair de bunda no chão. Eu geralmente era mais elegante nas quedas mas, não me admirava com isso. Nunca havia alcançado essa velocidade antes! A força e a velocidade que eu joguei meu corpo em direção ao chão, fez com que eu parasse a um tiro de arco de distância deles. Nem queria ver o estado que se encontrava minha armadura. Se eu estivesse de calça, nesse momento, eu não a teria mais!

A Filha de PoseidonOnde as histórias ganham vida. Descobre agora