Capítulo 12

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— Maia, maia, maia

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— Maia, maia, maia... Chimmi. E um, dois, três... E gira... Cabeça pra cima! Alonga a silhueta! E oito de trás pra frente e grego, grego, grego e centraliza,... E um, dois, três, gira e... Pose!

Giovana respirou fundo tentando manter o equilíbrio após o giro.

Girar pra direita? Moleza.

Girar pra esquerda? Não. Ela sempre se desequilibrava nisso e dessa vez não foi diferente.

— Mantenha a postura no lugar, Giovana!

— Eu sei, prof. – suspirou. — Vou beber um pouco de água.

Tirando Paula e Rosa, todas as outras cinco dançarinas, incluindo a professora, eram gordas, e Giovana gostava disso. Sim, ok, se ela fosse levar a um nível profissional de academia de dança, certamente teria que lidar com gordofobia pra caralho, mas, só se apresentava no CEU e em algumas casas de chá, tudo bem, tudo suave. Podia dançar com uma legue apertada e um top sem se comparar aos demais reflexos no espelho e sentia-se realmente linda ao observar seu corpo realizar aqueles movimentos lentos que fazia-a sentir seus músculos se esticarem num desenho delicado.

A dança definitivamente tinha sido um ponto de virada na relação que tinha com seu corpo.

"Oi."

"Oi, Paula." - sorriu gentilmente para a colega que também veio pegar água.

Paula tinha uma pele preta levemente mais clara que a de Giovana, talvez um ou dois tons só. Os cabelos crespos emolduravam o rosto e os olhos castanho-chocolate eram brilhantes. Pelo que sabia, Paula tinha surdez congênita severa, não usava aparelhos e tinha uma dificuldade enorme com Libras.

"Obrigada pela sugestão de restaurante. A comida lá era boa."

Paula hesitou um momento, como se estivesse pensando em quais sinais Giovana havia feito antes de falar.

"M-I-G-U-E-L disse que você e sua namorada foram lá, disse que te atendeu. Disse que você é S-I-M-P-A-T-I-C-A" - Paula sinalizava devagar, com uma incerteza em cada sinal que fazia.

Giovana se encostou contra a parede da cozinha e deu um gole em seu copo de água enquanto Paula enchia o seu próprio.

"É seu namorado?"

"Um."

Franziu a testa e Paula apenas deu de ombros, também se encostando na parede.

"É legal usar aparelho auditivo?"

Giovana deu de ombros, o coração voltando a bater num ritmo mais controlado e o suor escorrendo pelo pescoço. Se abanou um momento antes de responder.

"Sim. Por que você não usa?"

Paula virou o rosto, se focando em beber água. Giovana percebeu ter tocado num assunto delicado. Estava para se desculpar quando a garota colocou o copo vazio sobre o balcão e respondeu:

Nosso DeslumbreWhere stories live. Discover now