São tantos anos fugindo das pessoas quando estou assim, principalmente da minha mãe ou do pirralho mas... Agora, o que eu quero é eles próximos, assim como eu quero o Jimin sendo o meu amigo novamente.

— Entra. — permito, tragando uma última vez antes de jogar o cigarro pela janela. Apesar da minha fome insaciável por fumar, eu odeio fazê-lo perto dos outros, estrago a minha saúde mas não a deles que não tem nada haver com os meus problemas.

Jimin entra, um pouco antes dele acender a luz eu consigo limpar o meu rosto que até agora estava banhado em lágrimas secas, espero ter conseguido disfarçar bem pois eu simplesmente odeio essa mania que ele tem de perguntar o que aconteceu e blá blá blá. Irrita.

— Amanhã você tem aula, o que fazia essas horas fora de casa? — sou direto, talvez intrometido como ele.

— Trabalho da faculdade em dupla, Yoongi consegue ser um irresponsável as vezes então a gente precisou refazer algumas pesquisas tudo em cima da hora. — ele revirá os olhos com certa impaciência.

— Hm. — não tenho muito o que dizer, ele que bateu na porta para vim.

— Acordado essas horas e fumando, está bem? — ele me pergunta todo atencioso enquanto senta-se em minha cama com toda intimidade do mundo.

— Tô, não posso mais fumar em paz? — já perco a paciência, com os olhos semicerrado e o maxilar travado. — Só sabe querer se meter na vida dos outros.

— Só me preocupo, pelo amor. Desde quando um "tudo bem?" é querer tomar conta da sua vida? — Jimin pergunta, horrorizado, e eu um pouco cego pelos sentimentos ruins que me carregam, explodo.

— Para um jornalista de quinta é fofoca na certa.

— Cara, eu só queria ajudar mas eu sinceramente não estou com cabeça para suas ignorâncias. Vou dormir que ganho mais.

O que? Não, vai desistir?

Porra, de novo eu faço alguém desistir de mim?

— Calma. — digo de imediato, sem me entender direito já que geralmente eu só deixo a pessoa ir embora e pronto, nunca tento arrumar a merda.

Acho que... Sei lá, Jimin ter me dado a força que faltava para eu me aproximar do meu filho é que faz eu não querer fazer tanta merda assim com ele, seria um puta de um mal agradecido.

— Eu descontei em você mas você não tem nada haver com isso, é só as memórias da prisão me atormentando. — eu confesso sincero, me sentando no colchão com certa brutalidade.

— Sua vida foi muito difícil lá, não é? — ele me pergunta com cuidado, se aproximando novamente e sentando-se ao meu lado.

— Foi pra caralho, eu nem deveria está vivo para você ter noção. Minha sorte foi um cara que me ensinou a lutar e me defender mas não era sempre que eu me safava de alguma encrenca, ainda bem que depois que aprendi a me defender o máximo que acontecia era eu apanhar pra porra. Eles punem pra caralho os que fazem crimes desumanos.

— E que crime foi esse que te torna tão desumano? Você só se defendeu, não foi? — confesso que odeio essa pergunta com toda a minha alma mas eu não quero tratar Jimin afastado, mesmo que a minha vontade seja expulsa-lo do meu quarto. Não deixarei esse sentimento negativo me comandar mais uma vez.

— Foi, mas para eles não foram só isso, quem sabe um dia eu te conto, né?

— Tudo bem, respeitarei o seu limite. — ele sorri meigo, fazendo meu coração amolecer um pouquinho e então deixo um sorriso genuíno em meus lábios.

Cicatrizes - Pjm + JjkDonde viven las historias. Descúbrelo ahora