16. Boletim

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(Louis)

Já fiz uma breve reflexão no quanto o ser humano é um indivíduo propenso ao medo. Nascemos com medo de morrer. Crescemos com medo de viver.

Medo nas notícias, medo nos dias que passam, medo da morte que chega sem aviso, medo nos beijos arrastados pelo corpo e dos deixados na testa de quem amamos, nos corações partidos, nas canções que se perdem das folhas de papel. Medo de perder quem importa. Até quem não importa tanto. Medo de perder colo. Perder cheiro. Medo de perder de si mesmo. Medo de não ser ninguém na vida e perder o que nem tivemos a chance de construir direito.

O medo era realmente aquele sentimento dominante e pavoroso. Que te congela e te deixa sem oxigenação.

E, em específico, o maior medo que um estudante poderia sentir, era justamente na entrega dos boletins.

As primeiras avaliações do ano haviam iniciado no colégio. Era o primeiro ano que as crianças estavam sendo monitoradas e avaliadas de perto. Seu desempenho e comportamento defronte alguns exercícios e resposta de questões seria avisado aos pais e medido através de médias. A para os alunos que conquistaram excelente diligência, B e C para os que estavam na média, mas precisariam melhorar, e D para os que precisariam de uma orientação mais direta para entender o que estaria se passando com o aluno.

Quando Amélia chegou sorridente segurando o boletim, eu nem me preocupei muito, não havia motivo para o fazer. Minha menina chacoalhava animada, oferecendo um belo A em azul royal. Nas observações, anotado estava: "Aluna dedicada, gentil e atenta. Excelente comportamento e interesse nas matérias artísticas e humanitárias como Artes, Literatura, História, Botânica e Prática da Boa Cidadania. Sem muito interesse em Matemática e Geometria, mas bom desempenho. Continue assim :)"

Sorri e a segurei no colo, fazendo o aviãozinho que minha filha tanto gostava, ouvindo sua risadinha de porquinho espalhar-se e fazer com que a minha tomasse vida.

Aquela avaliação era ótima! Que minha filha era brilhante, eu já sabia. Mas era incrível ver quanto sua inteligência ampliava-se a medida que Amélia crescia. Sim, eu era um pai babão ao ponto de pregar seu boletim na porta da geladeira, pertinho de suas polaroids.

Quem poderia me julgar?

De qualquer forma, no fim de semana, como forma de comemoração, fiz lasanha à bolonhesa e convidei Sarah, Niall e Oliver para jantarem e comemorarmos. Entretanto, o que eu não esperava, era que Oliver houvesse tido um desempenho não tão positivo na média das notas, pegando um vermelho D. Niall não deu detalhes sobre a análise comportamental anotada, mas aparentemente o rendimento de Oliver havia caído na maioria das matérias. Era um pouco curioso, no mínimo. Desde o incidente no passeio, Oliver permanecia mais quieto, tímido, parecendo querer passar despercebido. Amélia não entendia, mas respeitou o espaço do amigo, permanecendo ao seu lado. Algumas noites, ela desabafava não entender o que havia de errado. Se Oliver estaria brigado e irritado com ela.

Por que raios seu melhor amigo estava tão distraído e não prestava atenção na maioria das aulas?

Aconselhei, então, Amélia o incentivar como podia nas aulas. O ajudar nas que ele havia dificuldade, e ela facilidade, e não dar as costas ou ficar com raiva. Sentimentos de crianças nessa idade eram difíceis de lidar. Talvez Oliver só estivesse em um momento ruim. Talvez crescer poderia ser a palavra certa. Era perfeitamente normal algumas crianças acabarem caindo com o rendimento em alguma época, ainda mais que eles estavam recebendo mais conteúdos. O que não poderia acontecer era permanecer sem uma mudança. Passos pequenos fariam a diferença. E Amélia não pareceu entender quando eu a ensinei sobre, mas estava disposta a tentar pelo carinho e afeto que possuía.

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