16. Reencontro

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20 de novembro.

Eu e Beera deixamos a clinica de reabilitação juntos. Foi com uma sensação de melancolia e alivio que me despedi de todos os profissionais que ajudaram, mesmo quando eu não queria.

Sentiria falta de ouvir o bom dia gentil e meio desatento de Dilan na biblioteca, das enfermeiras espiando para ver se eu estava comendo, e até da terapia em grupo.

Ao invés de pegar um taxi quando deixamos o barco, caminhamos lado a lado em direção ao Central Park, observamos e deixamos com que as pessoas nos observassem, mas devido o clima frio demais, não nos demoramos muito.

- Sua casa fica longe? – Beera indagou.

- Bem ali – apontei em direção a Manhaten– Quero que vá comigo, passe ao menos uma noite.

- Não é uma boa ideia – disse ele – Mas obrigada pelo convite.

- Ao menos me acompanhe então – segurei-lhe a mão e abri um sorriso triste.

Ele concordou.

Quanto chegamos no meu bairro, e avistei minha casa meu coração quase saiu pela boca. Bastava atravessar a rua e lá estavam eles: Tomaz de terno falando no celular massageando um dos ombros de Lúcia, esta que sorria de algo que Timotheé falava.
O meu amor havia voltado.

Estavam todos aguardando por mim.

- Aí estão eles – sussurrou meu amigo pálido e nervoso ao meu lado – Por que não quis que eles fossem buscá-la?

- Por que eu queria vir sozinha – disse – Com você.

- Pode ir na frente – ele me fitou.

Grata por sua sensibilidade, atravessei a rua, sem olhar para os lados.

Aquelas três pessoas que eu amava tanto, abriram sorrisos desajeitados e surpresos quando me viram, e quando fiquei cara a cara com eles, estanquei.

Lúcia correu para me abraçar e começou a dizer o quanto eu parecia melhor. Depois meu cunhado falou que havia reservado uma mesa em um restaurante para jantarmos, e finalmente Timotheé.

Mesmo com o vento gelado, uma luz iluminava seu rosto maravilhoso, e por mais que estivesse mais magro, seus cabelos mais curtos, e olheiras de horas de dedicação aos estudos, ele estava lindo. Quase desmaiei de tanta emoção.

Ele se aproximou lentamente segurou minhas mãos e me levou para perto de seu peito.

Seu perfume pareceu desintoxicar meus pulmões.

Ele sussurrou meu nome e minha pele se arrepiou. Eu poderia passar o resto da vida naquele abraço, naquele segundo. Mas havia alguém que nem uma estátua do outro lado da rua esperando que precisava de atenção.

- Quero que conheçam um amigo – disse a eles três e fiz sinal com a mão para que Beera se aproximasse – Beera Mlodinov.

- Da reabilitação? – Lúcia indagou, e concordei.

Praticamente precisei buscá-lo pela mão. Após os comprimentos, mais formais do que imaginei, meu amigo disse que precisava ir procurar um hotel.

Antes que eu intervirsse, Timotheé indicou o prédio do irmão dele.

- Tem um ótimo AP vazio no meu andar...

Que ótimo ideia meu bem, indicar o prédio de um cara que é traficante para um recém saído da reabilitação.

Beera procurou meu olhar em busca de aprovação, e como eu não abri a droga da boca, ele concordou.

- Que tal irem se trocar para irmos jantar todos juntos? – sugeriu Tomaz – Timotheé pode te dar uma carona Beera.

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